Na noite passada, o judiciário paulista condenou Ricardo Salles (Novo), ex-secretário estadual de São Paulo e futuro ministro do Meio Ambiente por improbidade administrativa.
Por Redação – de Brasília e Rio de Janeiro
Na contramão das promessas de campanha, o governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), ainda não começou e já coleciona políticos emaranhados em casos de corrupção com inquéritos ou condenações no Judiciário. A sequência de fatos tem causado o incômodo de oficiais graduados das três Forças Armadas, principais apoiadores da candidatura de extrema direita. O primeiro a cobrar explicações tem sido o vice-presidente, general Hamilton Mourão (PRTB).
Mourão foi impedido de falar em nome de Bolsonaro, após declarações polêmicasNa noite passada, o judiciário paulista condenou Ricardo Salles (Novo), ex-secretário estadual de São Paulo e futuro ministro do Meio Ambiente por improbidade administrativa.
A decisão é da 3ª Vara da Fazenda Pública da Capital, que determinou a suspensão dos direitos políticos de Salles por três anos. Salles, que pode recorrer da decisão, é acusado pelo Ministério Público de fraudar processo do Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Várzea do Rio Tietê, em 2016.
“Além da violação de normas legais e regulamentares com a plena consciência de que tolhia a participação de outros setores que compunham o sistema ambiental e de que atendia a interesses econômicos de um grupo restrito em detrimento da defesa do meio ambiente escopo de sua pasta no Poder Executivo, o então secretário violou os princípios constitucionais administrativos da legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade”, diz o texto da decisão.
Novo depoimento
O futuro ministro também está condenado ao pagamento de multa civil em valor equivalente a dez vezes a remuneração mensal recebida no cargo de secretário. Os valores serão apurados no processo, segundo decisão judicial.
Ainda na lista dos envolvidos em situações não inteiramente explicadas à Justiça consta o militar da reserva Fabrício Queiroz, ex-motorista do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro. Ele não compareceu ao depoimento no Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro (MP-RJ), onde era aguardado na tarde desta quarta-feira, para esclarecer sobre movimentações suspeitas em sua conta bancária.
O movimento foi identificado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), da ordem de cerca de R$ 1,2 milhão, no período de janeiro de 2016 a janeiro de 2017. O novo depoimento do ex-assessor do filho mais velho do presidente eleito, Jair Bolsonaro, foi remarcado pela Procuradoria-Geral de Justiça para esta sexta-feira, também a partir das 14h.
Bom salário
Os advogados de Fabrício Queiroz alegaram que “não tiveram tempo hábil para analisar os autos da investigação” para justificar a ausência do seu cliente. Eles também alegaram que o suspeito sofreu “inesperada crise de saúde”, segundo informou o MP-RJ.
O nome de Queiroz aparece no relatório do Coaf que integrou a investigação da Operação Furna da Onça, um desdobramento da Operação Lava Jato no Rio. Segundo as informações do documento, nos 13 meses em que movimentou R$ 1,2 milhão em uma única conta bancária ele recebia salário de R$ 23 mil por mês.
Ainda segundo o relatório, ele repassou R$ 24 mil para Michelle Bolsonaro, futura primeira-dama. Sobre este pagamento, Jair Bolsonaro afirmou que era referente à quitação de um empréstimo de R$ 40 mil feito por ele a Queiroz. Flávio Bolsonaro – que não é investigado – afirma que não fez “nada de errado” e que espera “que o caso seja esclarecido”.
Sumiço
A ausência do ex-motorista ao depoimento aumenta as suspeitas sobre o esquema por traz das movimentações financeiras. Segundo levantamento feito pela GloboNews em cartórios da cidade, Queiroz tem um patrimônio modesto para quem movimentou valores tão altos.
Além disso, o relatório do Coaf indica que funcionários nomeados para o gabinete de Flavio não cumpriam jornada regular na Assembleia Legislativa do Rio, quando o senador eleito foi deputado estadual, e que alguns deles chegaram a repassar até 99% dos seus salários a Queiroz.
Jair Bolsonaro, por sua vez, também se afastou ao máximo dos jornalistas.