A queda de um helicóptero da PM, que causou a morte de quatro policiais, e a morte de sete pessoas suspeitas de tráfico durante confrontos
Por Redação, com ABr – do Rio de Janeiro:
As últimas cenas de violência na Cidade de Deus são decorrentes de um desgaste do projeto da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), implantado na comunidade em 2009, sendo a segunda inaugurada no Rio.

A avaliação é de moradores e de lideranças comunitárias locais, que, ainda estavam assustados com os confrontos dos últimos dias
A queda de um helicóptero da PM, que causou a morte de quatro policiais, e a morte de sete pessoas suspeitas de tráfico durante confrontos, no último sábado, tornaram visível uma situação que vinha piorando há anos na comunidade.
A avaliação é de moradores e de lideranças comunitárias locais, que, ainda estavam assustados com os confrontos dos últimos dias entre traficantes, PM e milicianos da vizinha Gardênia Azul.
– A UPP funcionou só até a página 3. Dentro do que está no papel, é uma coisa. A prática foi outra. O grande erro do Estado foi não querer dialogar com as bases cultural e social da comunidade. Acharam que o bom era o que vinha de fora.
Projeto
– O projeto não é ruim. Ruim foi a execução do projeto. Precisa agora desenvolver uma ação social com aqueles que têm a vivência da comunidade, para podermos trabalhar o cidadão de amanhã – disse Sérgio Leal, conhecido como DJ TR, que desenvolve um projeto de boxe e de hip-hop.
Para o produtor cultural Bruno Rafael, a UPP não trouxe o diálogo. “A realidade hoje é difícil. Essa guerra que não é nossa atinge pessoas comuns. É muito triste ver isso acontecendo. A gente fica no meio.
Eles acham que vão pacificar, mas na verdade não está pacificando nada. Não procurou outras lideranças para dialogar e ver de que forma eles poderiam se inserir na cultura local. Estavam proibindo festas nas praças.
Tem que refazer o projeto. A ideia foi boa, mas para melhorar tem que ter diálogo e saber qual o tipo de projeto que se insere aqui. Cidade de Deus tem um modelo, Complexo [do Alemão] tem outro, Babilônia tem outro e Rocinha tem outro”, disse.
O medo está fazendo com que alguns moradores queiram deixar a Cidade de Deus. “Eu moro há três anos na comunidade e pretendo sair daqui. Fiquei traumatizada com o que aconteceu neste final de semana, estou há três dias sem dormir, com medo. Para mim, a Cidade de Deus vai de mal a pior.
Não acredito em UPP e nada que eles dizem que vão fazer em benefício da comunidade. Não deu certo, não dão assistência a ninguém nem respeito aos moradores”, disse uma moradora do Karatê, que pediu para não ser identificada. Ela trabalha como auxiliar de serviços gerais, mas atualmente está desempregada.
A assessoria de imprensa das UPPs foi procurada para se manifestar sobre a alegação de falta de diálogo com lideranças e com a própria comunidade, mas até a publicação desta matéria ainda não havia se pronunciado.
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