O coro de cores, que na visão do poeta Carlos Drummond de Andrade “ressoa de suas gravuras”, pode ser experimentado, em todos os sentidos, no Museu da Chácara do Céu, nesta quinta-feira
Por Redação – do Rio de Janeiro:
A exposição Cores de Fayga reuniu 50 obras da artista polonesa, naturalizada brasileira, Fayga Ostrower. A mostra retoma uma história de mais de 70 anos ao reunir os acervos de Raymundo Castro Maya, colecionador e criador do museu, e do Instituto Fayga Ostrower.

Mostra reúne 50 obras do acervo do acervo Castro Maya e do Instituto Fayga Ostrower
A exposição faz parte do projeto Encontro de Colecionadores. Para a diretora dos Museus Castro Maya, Vera de Alencar, estes encontros “celebram a diversidade do acervo Castro Maya. Convidando para sua casa outras coleções apresentadas. Formando interessantes interseções ao nosso conjunto”.
Noni Ostrower, filha de Fayga e diretora do instituto, lembra a relação da artista e da família com o local que hoje abriga o museu.
– Meus pais apreciavam a Chácara do Céu. Sua arquitetura e o lindo jardim. Temos fotografias nos jardins da Chácara. Em 2013, comecei a participar das reuniões da Santa Rede, onde nasceu o desejo de fazer uma exposição.
A curadora Anna Paolla Batista ressalta a relação de Castro Maya com as obras de Fayga, que resultaram na reunião das obras e na formação do acervo apresentado.
– Na exposição, a gravura de Fayga Ostrower é apresentada na forma de um pequeno. Porém compreensivo panorama da obra da artista entre 1940 e 1960. Esse marco cronológico foi escolhido, pois coincide com a época na qual Raymundo de Castro Maya estava formando sua coleção de arte moderna.
Sua identificação com o universo lírico e o virtuosismo gráfico de Fayga. Resultou numa expressiva acumulação de trabalhos, mostrados lado a lado com obras que pertencem ao Instituto Fayga Ostrower.
A historiadora da arte Vera Beatriz Siqueira, que assina o texto do catálogo. Destaca que a exposição “explora a centralidade da cor na experiência gráfica da artista”.
– Apesar de sua aparente despretensão. A exposição permite, justamente por eleger como tema central a cor, entrever os rumos traçados por Fayga em seu experimento técnico e poético. Compreender como se processou a sua entrada no universo da arte abstrata. Entender o compromisso da artista com a forma. Comparar meios e suportes na apreensão da qualidade do trabalho técnico da gravadora. Além de propiciar a experiência direta do seu “coro de cores”.
A história de Fayga
Fayga Ostrower nasceu na cidade de Lodz, na Polônia, em 1920. Junto com a família, fugiu para a Bélgica em 1933. Com medo das condições dos judeus na Alemanha nazista, onde moraram até conseguirem visto para o Brasil.
Gravadora, pintora, desenhista, ilustradora e professora. A artista chegou ao Rio em 1934. Naturalizada brasileira, assim como o marido, o historiador Heinz Ostrower, matriculou-se em 1946 no curso de Artes Gráficas, na Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Fayga realizou exposições no Brasil e no exterior. Recebeu diversos prêmios, entre eles. O Grande Prêmio Nacional de Gravura da Bienal de São Paulo (1957) e o Grande Prêmio Internacional da Bienal de Veneza (1958).
A artista também desenvolveu atividades acadêmicas no Brasil e no exterior. Dando aula na disciplina de Composição e Análise Crítica no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
Com seu trabalho exposto nos principais museus brasileiros, da Europa e das Américas. Fayga Ostrower tinha uma maneira muito peculiar para definir o papel do artista, de uma obra de arte e de seus expectadores:
– A obra de arte, uma vez criada. Passa a viver uma vida autônoma, Desligando-se do artista como uma criança que caminha para seu destino próprio, particular. E nós, seres vivos, ao encontrá-la, participamos deste seu destino, ou melhor, o moldamos e impulsionamos.
– O ato de contemplar não significa receptividade passiva, é antes altamente dinâmico. Para cada espectador que a recria para si mesmo em inúmeros e renovados instantes. A obra de arte se revela numa constante reencarnação, em vida que indefinidamente renasce.
Serviço:
Encontro de Colecionadores – Cores de Fayga
Museu Castro Maya – Chácara do Céu: Rua Murtinho Nobre, 93, Santa Tereza
Abertura: 1 de dezembro, 17h30
Visitações: Diariamente, exceto às terças-feiras, das 12 às 17h
Contato: (21) 3970-1093 / www.museuscastromaya.com.br
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