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Na contramão da insensatez, para mudar o PT

January 27, 2017 19:11 , von Jornal Correio do Brasil - | No one following this article yet.
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Segue – para de tod@s – um brilhante e importante artigo do Camarada Jeferson Miola, sobre a política adotada e anunciada pela direção do Partido dos Trabalhadores (PT), para o atual momento – “A Marcha da Insensatez”, e que nos foi enviado pelo Camarada Arthur Poerner.

Por Alípio Freire e Jeferson Miola, de São Paulo e Rio de Janeiro:

O PT em plena crise

O PT em plena crise

Sim, Camaradas e Amig@s, um artigo brilhante, importante, instigante e, mais que necessário, indispensável para a atual conjuntura, quando as  posições assumidas pela maioria da Direção Nacional do PT, longe de iluminar caminhos para a resistência aos golpistas, apenas tem agido (juntamente com alguns movimentos e organizações de trabalhadores e do povo), para ampliar (sem limites) a perplexidade e falta de rumos para os setores que se opõem aos golpistas.

Faço apenas um comentário – que em nada desmerece o texto “A Marcha da Insensatez” – e que talvez até sirva para percebermos melhor sua grandeza, sua dimensão. É necessário (fundamental) termos em conta, que o excelente texto do Jeferson, ao invocar o trabalho da Barbara Tuchman, ele o transforma numa metáfora, para tratar com elegância um terma delicado que, se não abordado com muito cuidado, corre sempre o risco de  açular o ódio e desespero dos petistas sectários e, em especial, a fisiologia e o arrivismo dos lulistas históricos e também daqueles de última hora e de ocasião.

De todo modo, ao ler o artigo do Jeferson, me lembrei de uma reflexão de um homem de espírito, segundo a qual, sacrificar nossos objetivos estratégicos, em troca de pequenas vitórias imediatas, sempre foi e sempre será oportunismo. E o oportunismo inconsciente é o pior dos oportunismos. (Citação de memória)

O mais grave – hipótese na qual nem é bom pensar – é não acreditarmos na ingenuidade dos dirigentes majoritários do Partido dos Trabalhadores, e concluirmos que, de repente (ainda que não tão de repente), os que detêm a hegemonia da sigla, estariam dispostos a deixar apodrecer a classe trabalhadora e o povo brasileiros, para salvar seu líder – o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que significaria supor que este (o ex-presidente) seria responsável de fato pelos crimes que lhe imputa a canalha do Judiciário, e que somente um  “fórum privilegiado” poderia salvá-lo de uma condenação. Ora, acreditar nisto – ainda que apenas como hipótese, seria entendermos que estamos jogados num set de filmagem de Luís Buñuel, como personagens, mas desprovidos de qualquer script ou, pelo menos, da descrição do papel de cada um.

Finalizando, gostaria de me juntar ao artigo do Jeferson, lembrando de um texto que publiquei no jornal “Brasil de Fato” há um par de anos (2014) com o título de “Com que roupa, eu vou?”, e que pode ser acessado através do link
https://www.brasildefato.com.br/node/30719/

Putabraço e boa leitura e reflexão, Alipio Freire.
https://www.facebook.com/jefmiola/posts/243176249425690

“O pensamento racional claramente aconselhava os troianos a suspeitarem de um ardil quando acordaram verificando que todo o exército grego desaparecera, deixando apenas estranho e monstruoso prodígio à frente das muralhas da cidade. O procedimento racional deveria ter sido, ao menos, examinar o cavalo em busca de inimigos, tal como foram veementemente aconselhados por Cápis o Velho, Laocoonte e Cassandra. Essa alternativa esteve presente e bem viável, mas foi posta de lado em favor da autodestruição”. (Barbara Tuchman, A marcha da insensatez)

Em A marcha da insensatez, a historiadora norte-americana Bárbara Tuchman estuda o paradoxo que leva governos, políticos e dirigentes a produzirem políticas contraproducentes, que contrariam seus próprios interesses e objetivos estratégicos.

Num percurso que cobre o período da história de 850 a.C. aos anos 1970 do século 20, Tuchman analisa quatro acontecimentos históricos para corroborar sua tese – guerra de Tróia, cisão da Igreja Católica na Idade Média, independência dos EUA e guerra do Vietnã.

A insensatez – ou loucura política, como ela define – é um fenômeno que não somente leva a resultados contrários aos desejados pelos líderes, mas conduz a erros e derrotas estrondosas.

A autora qualifica insensatez como a incapacidade [1] de se entender corretamente a realidade no momento concreto em que se vive ela [e não retroativamente, como fazem os profetas de eventos passados], e [2] de se encontrar, no tempo real dos acontecimentos, as alternativas viáveis à realidade adversa.

À luz do critério de Tuchman, a resolução do diretório nacional do PT que autoriza a aliança com os golpistas na eleição das presidências da Câmara e do Senado para assegurar espaço institucional [que já é garantido pela Constituição!], é sintoma da insensatez – da loucura política – que domina a direção do Partido.

Esta escolha da maioria dirigente do PT não reflete a política necessária nesta etapa da luta de classes aberta com o golpe de Estado; e, além disso, fica em frontal dissintonia com o sentimento de mudança reclamado pelos filiados, militantes e simpatizantes partidários.

É uma posição ingênua e nada inteligente. Independentemente do espaço que o PT ocupe no Congresso, a mesma maioria golpista que perpetrou o golpe com a fraude do impeachment da Presidente Dilma dará continuidade à agenda legislativa do ajuste ultra-neoliberal, dos retrocessos sociais e da alienação da soberania nacional.

Mesmo ocupando a vice-presidência e a quarta secretaria do Senado, por exemplo, o PT não conseguiu impedir a tramitação e aprovação do impeachment fraudulento e das inúmeras medidas anti-populares e anti-nacionais propostas pelo governo golpista.

As reformas trabalhista e previdenciária, que revogam conquistas civilizatórias e fazem o Brasil retroagir ao período da escravidão nas relações de trabalho, serão votadas com o PT ocupando – ou não – espaços no Congresso. Somente a ampla pressão popular será capaz de deter este e outros ataques contra a classe trabalhadora e a maioria do povo brasileiro.

As bancadas de deputados e senadores do PT não podem seguir a insensatez da maioria dirigente. Isso abriria uma fissura profunda na relação com a base social, com a militância partidária e com a resistência democrática e popular que está nas ruas, nas praças, nas escolas e nos botecos; resistência essa que não transige e não aceita a conciliação com golpistas fascistas.

O processo do golpe, a dinâmica da luta de classes e o massacre criminoso do condomínio jurídico-midiático-policial evidenciaram a falência e os limites da direção do PT, que esteve aquém das complexas exigências do período.

É enorme a expectativa de que o PT mude, se renove e atualize suas políticas e estratégias para continuar sendo uma esperança transformadora e de emancipação do povo subalterno. Para mudar, porém, o PT tem de andar na contramarcha da insensatez e não reprisar os mesmos erros que o levaram a este que é o pior momento da sua existência – “a política fundada em erros multiplica-se, jamais regride” [Tuchman].

Na visão da autora da Marcha da insensatez, “a paralisação mental ou estagnação – a manutenção intacta pelos governantes e estrategistas políticos das idéias com que começaram – é terreno fértil para a insensatez. Montezuma se constitui em exemplo fatal e trágico”. Vale lembrar: Montezuma, imperador asteca, cometeu a insensatez de confiar ingenuamente no colonizador-dominador espanhol Hernán Cortés; ingenuidade que deu início ao fim do impressionante império asteca.

Por Jeferson Miola, integrante do Instituto de Debates, Estudos e Alternativas de Porto Alegre (Idea), foi coordenador-executivo do 5º Fórum Social Mundial, com Alípio Freire, jornalista, poeta, escritor, artista plástico, roteirista e cineasta. Membro do Conselho Editorial do Brasil de Fato. Militou na Ala Vermelha (1967-1983), foi torturado e preso cinco anos por resistir à ditadura militar. Colabora com a imprensa popular, sindical e de esquerda, por suas iniciativas mantém viva a memória dos anos de chumbo, dirigiu e editou diversas publicações. Autor de livros, entre eles os de poesia “Estação Paraíso” e “Rapsódia de Ordem Política e Social”. Dirigiu o documentario “1964 um Golpe Contra o Brasil”.

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