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Paralimpíada: nadadora brasileira diz que quinto lugar foi prêmio

September 16, 2016 12:48 , by Jornal Correio do Brasil - | No one following this article yet.
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Para a nadadora, quem não tem recurso financeiro, chegar em uma paralimpíada, em casa, é privilégio para poucos. Contou que na sua rotina de treinamentos

Por Redação, com ABr – do Rio de Janeiro:

Patrícia Pereira dos Santos ficou tetraplégica após levar um tiro, no dia 25 de janeiro de 2002, durante assalto à lotérica em que trabalhava. Era o segundo assalto em menos de uma semana e, dessa vez, com uma consequência que mudou a sua vida. Antes do acidente praticava esportes e jogava futebol, mas ao ter que se locomover em cadeira de rodas precisou fazer reabilitação e conheceu o basquete. Foi o bastante para mudar de modalidade. Diante de tantos convites, acabou aceitando os apelos. Hoje é nadadora e, pela primeira vez, participa de uma paralimpíada.

Patrícia Pereira dos Santos ficou tetraplégica após levar um tiro, no dia 25 de janeiro de 2002, durante assalto à lotérica em que trabalhava

Patrícia Pereira dos Santos ficou tetraplégica após levar um tiro, no dia 25 de janeiro de 2002, durante assalto à lotérica em que trabalhava

– Como é a primeira convocação, tudo para mim é maravilhoso, ainda mais sendo em casa. Então, não há como ter outro sentimento do que você achar que está sendo bom, porque você está focada e tudo está fluindo bem. Saber que nosso país tem muitos atletas e muito para evoluir. Eles estão mostrando os resultados da forma como ninguém poderia esperar – disse.

O quinto lugar que alcançou na final dos 50 metros estilo peito na classe SB3 para nadadores com limitações físico motoras, na quarta-feira foi como se tivesse ganhado um prêmio. “Obter o resultado de quinto melhor do mundo para mim está sendo maravilhoso. Uma bela estreia, posso considerar”, afirmou.

– Tudo que um ser humano pode esperar depois de um acidente. Você acreditar, não abaixar a cabeça e mostrar que somos brasileiros. Brasileiro não desiste nunca e eu sou uma dessas.

Desafio

O começo na natação não foi fácil. Patrícia não sabia nadar e, por isso, encarou a modalidade como uma barreira a ultrapassar. “O que a natação é para mim hoje? Nada mais do que um desafio. Eu não sabia nadar, recebia convite, mas não aceitava porque não sabia nadar. Um dia falei que ia perder o medo e comecei a acreditar”, disse, acrescentando que o começo foi em 2009.

De acordo com a nadadora, o esporte foi fundamental para o tratamento e uma troca de valores com a família. “Eu tenho dois filhos e sempre fui o pilar da minha casa. Foi uma forma de mostrar que estava ali ativa. Quando a minha família abraçou a causa de me proporcionar o esporte com toda a liberdade, eu fui”.

Entre os filhos, de 23 e 19 anos, somente o menor se interessou em também praticar natação, mas teve que parar. Por causa das dificuldades financeiras, resolveu que o melhor era trabalhar e estudar. “De quatro meses para cá, ele não sabe o que é ver o pagamento dele. Um rapaz adolescente de 19 anos, o pagamento dele veio para mim, para eu vir para cá. Então, é uma forma de agradecer ao meu filho mais novo. Se já tenho orgulho dele, espero que eu seja um orgulho para ele também”, afirmou.

Para a nadadora, quem não tem recurso financeiro, chegar em uma paralimpíada, em casa, é privilégio para poucos. Contou que na sua rotina de treinamentos chega a pegar de 12 a 15 ônibus por dia, porque todas as atividades que precisa fazer, como treinamentos, alimentação, academia e fisioterapia, são em locais diferentes. Além disso, tem a falta de manutenção dos ônibus adaptados para receber cadeirantes. “Lá na nossa cidade (Vitória) há bastante carro adaptado, porém a manutenção e a forma como utilizam são erradas, o que faz ter bastante carro danificado. É triste, mas é a nossa realidade”.

Bem humorada, ela brinca com as dificuldades do dia a dia. “Eu venho de uma realidade em que você vende o almoço, o café da manhã e a janta para comer daqui a três dias. Então, chuta alguém que está muito feliz, da melhor forma possível. Sou eu. Em casa, só com a cara e a coragem e cheguei à Paralimpíada. Significa que não é para desistir. Problemas financeiros fazem com que não acompanhe o ritmo em que os demais estão, em termos de preparação. Eu vim ter um funcional em menos de dois meses. É uma realidade que eu não conhecia”.

Ajuda

Patrícia contou ainda com apoio de algumas pessoas que contribuíram financeiramente para que pudesse se preparar e viajar para o Rio. Sorridente, inventou uma palavra para a forma como conseguiu os recursos. “Alguém conhece o pedômetro (sistema para pedir dinheiro)? Chapeuzinho, passei o chapéu. Faziam rifas. Não posso reclamar da clínica que me acolheu para fazer o tratamento, ao ponto de pagar passagem, bancar a hospedagem”.

Segundo ela, esse movimento a fez chegar à cidade não apenas com a energia positiva, mas que pudesse acreditar em si mesma. “Vim para cá com a responsabilidade de simplesmente me divertir, de chegar a mostrar o potencial e a capacidade que nós brasileiros temos de encarar, independentemente de qual seja a dificuldade. E isso nós conseguimos fazer de sobra”, afirmou.

– Independente do que seja a circunstância de uma dificuldade da vida, é voce levantar a cabeça e acreditar que pode ser diferente. Você fazer diferente. Não porque as pessoas querem que seja, mas sim você. Foi o que fiz – concluiu.

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Source: http://www.correiodobrasil.com.br/paralimpiada-nadadora-brasileira-diz-que-quinto-lugar-foi-premio/

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