O principal requisito de uma política industrial séria é ser permanente e ultrapassar o tempo de um mandato presidencial. Expressando um compromisso de Estado e não apenas de governo
Por Val Carvalho – do Rio de Janeiro
“País avançado sem manufatura desenvolvida só existe na ficção”, diz o oportuno artigo de Carlos Drummond sobre a falta de política industrial no Brasil, na revista Carta Capital da semana passada. Ele mostra como esse debate é interditado no Brasil, sobre o qual paira um pesado silêncio no governo, na academia e entre os empresários.
Um dos pouquíssimos polos a levantar a questão é o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial – Iedi. O principal requisito de uma política industrial séria é ser permanente e ultrapassar o tempo de um mandato presidencial. Expressando um compromisso de Estado e não apenas de governo.
No governo neoliberal de FHC o ministro da Fazenda Malan dizia que a “melhor política industrial e não ter política industrial”. Aos empresários que reclamavam da abertura irrestrita do mercado nacional para a indústria de outros países, o presidente do Banco Central, Gustavo Franco, “sugeria mudar de país”.
Política industrial
Nos governos de Lula e Dilma, houve vários ensaios de política industrial e também medidas isoladas de defesa da indústria brasileira. A mais importante foi a exigência de conteúdo nacional adotada pela Petrobras. Revogada em seguida pelo atual governo golpista, neoliberal radical.
O problema do governo petista é que, enquanto o ministro da Fazenda Mantega pisava o acelerador neodesenvolvimentista, o Banco Central acionava o freio neoliberal. Resultado: a política industrial era esvaziada enquanto a desindustrialização não deixava de avançar.
Triste é vermos a experiência positiva das relações Estado-economia privada desenvolvida no Brasil dos anos 70 ser copiada pela China. E transformá-la em potência mundial enquanto nosso país regredia e se desindustrializava, como aponta Luiz Gonzaga Belluzo.
Plano elaborado
Um ponto importante é que não haverá política industrial sustentável se a relação entre o público e o privado for capturada pela corrupção. “Se a Lava Jato se prestasse somente para combater a corrupção teríamos de aplaudir de pé. Infelizmente, é mais uma manobra para destruir as empresas nacionais. A começar pela Petrobras, a maior delas”, afirmou o presidente da Federação Única dos Petroleiros, José Maria Rangel.
Logo depois da crise internacional de 2008, vários países criaram novas políticas industriais. Entre eles, os Estados Unidos, a Inglaterra, a França, a Índia e a China. Nenhuma dessas políticas é feita sem a parceria entre o poder público e o setor privado. No Brasil a experiência histórica mostrou que a participação do Estado foi decisiva para o desenvolvimento industrial e tecnológico.
Por isso o Plano de Emergência da Frente Brasil Popular que vem sendo elaborado, tem a responsabilidade de formular esse ponto. Fundamental para a retomada do desenvolvimento econômico estratégico e soberano do Brasil.
Val Carvalho é articulista do Correio do Brasil.
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