O movimento ocorre enquanto a cúpula da PT tece críticas às escolhas do partido na eleição e até ironiza a aliança com Guilherme Boulos (PSOL), em São Paulo, que tenta superar o adversário do MDB, Ricardo Nunes.
Por Redação – de Brasília
Na reta final do segundo turno das eleições municipais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem apoiado candidatos fora da legenda petista, mesmo antes da campanha eleitoral e buscado a aproximação a setores identificados com a direita, como o dos evangélicos.
A maioria dos evangélicos tornou-se radicalizada com o discurso da ultradireitaO movimento ocorre enquanto a cúpula da PT tece críticas às escolhas do partido na eleição e até ironiza a aliança com Guilherme Boulos (PSOL), em São Paulo, que tenta superar o adversário do MDB, Ricardo Nunes. O partido sofreu derrotas no primeiro turno, chegando ao comando de apenas 248 prefeituras até agora, e aguarda o resultado final para uma reflexão mais detalhada do cenário.
Lula, por sua vez, atua de forma mais pragmática, o que tem sido ecoado por aliados e se confirma em sua agenda. O presidente tem dito a interlocutores, desde o início do ano, que a prioridade na eleição municipal era não implodir pontes com aliados e manter a chamada “frente ampla” unida.
Campanhas
Esta foi uma das justificativas dadas, inclusive, para ele ter participado timidamente em campanhas no primeiro turno. Neste segundo turno, o presidente viajou para cidades para apoiar aliados, petistas ou não, contra o bolsonarismo. Também recebeu no Palácio do Planalto evangélicos, segmento que representa dificuldades para o governo, além de prefeitos de outras legendas.
Lula foi a Fortaleza (CE), onde apoia Evandro Leitão (PT); a Camaçari (BA), com Luiz Caetano (PT); a Belém (PA), com Igor Normando (MDB); e a São Paulo (SP), cidade considerada chave para o Planalto.
Já no Palácio do Planalto, Lula comandou cerimônias de sanções de leis nesta semana que o aproximou de antigos e novos aliados. Uma delas foi a que inclui o político pernambucano Eduardo Campos, morto em um acidente aéreo em 2014, no livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.
Aliada
O ato contou com a presença do prefeito reeleito do Recife, João Campos (PSB), filho de Eduardo. Os dois conversaram rapidamente ainda a sós. Campos, reeleito com quase 80% dos votos, é tido como um importante aliado e foi escalado pelo PT para ajudar em capitais onde há segundo turno.
Campos foi a Fortaleza (CE), na terça-feira (15), fazer campanha para Leitão. Vai ainda na próxima semana a Belém reforçar apoio a Normando e também a Natal, na quinta (24), em prol da petista Natália Bonavides.
No mesmo evento, estava a deputada Tabata Amaral (PSB-SP). Considerada aliada do Planalto, ela esteve do outro lado na disputa da capital paulista no primeiro turno, contra Boulos, e terminou em quatro lugar, com 10% dos votos. Na avaliação do entorno político de Lula, a deputada saiu maior do que entrou na disputa e que fez uma campanha forte. Tabata recebeu cumprimentos de ao menos quatro ministros de governo.
Cerimônia
No Rio de Janeiro, com a reeleição do prefeito Eduardo Paes (PSD), o gesto de Lula ao setor do evangélico ficou mais visível. Na cerimônia de sanção da lei que cria o Dia Nacional da Música Gospel, Otoni de Paula (MDB-RJ) fez diversos elogios a Lula. Importante líder da região e bolsonarista declarado, Otoni fez uma oração com outros fieis a Lula, que rendeu ao presidente a mais forte imagem ao lado do evangélicos desde o início de sua gestão.
Paes também esteve com Lula e disse ver meios de reaproximar o líder da centro-esquerda ao eleitorado evangélico e líderes religiosos. A reeleição do prefeito repercutiu entre fieis e pastores, com o apoio de Otoni.