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Presidenciáveis tucanos tentam abafar depoimentos à Lava Jato

4 de Janeiro de 2017, 14:14 , por Jornal Correio do Brasil - | No one following this article yet.
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Defendidos por advogados de renome internacional, com experiência em ações movidas no âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF) e demais cortes superiores, os três tucanos precisarão, no entanto, exercer o direito de defesa

 

Por Redação – de Curitiba e Brasília

 

Os presidenciáveis do PSDB Aécio Neves, Geraldo Alckmin e José Serra, citados nas delações premiadas da empreiteira Norberto Odebrecht à Operação Lava Jato, correm contra o tempo para evitar novos desgastes às imagens públicas de que dependem no caso de uma eventual candidatura ao Palácio do Planalto. De acordo com os ritos legais, no entanto, começa a chegar o momento em que serão ouvidos, em juízo, sobre as acusações de corrupção, lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito que pesam contra eles.

Serra, ao lado dos tucanos Alckmin e Neves, responde a processos no âmbito da Operação Lava Jato

Serra, ao lado dos tucanos Alckmin e Neves, responde a processos no âmbito da Operação Lava Jato

Defendidos por advogados de renome internacional, com experiência em ações movidas no âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF) e demais cortes superiores, os três tucanos precisarão, no entanto, exercer o direito de defesa e, para tanto, devem comparecer perante a Polícia Federal, a exemplo do que faz o senador Aécio Neves (MG).

Tucanos emplumados

Discretamente, na terça-feira da semana passada, o ex-governador de Minas Gerais compareceu à sede da PF, em Brasília. Foi chamado a prestar depoimento no inquérito que investiga se o tucano atuou para “maquiar” dados da CPI dos Correios, em 2005. Neste caso, valeu a simpatia mútua que cultivam o senador mineiro e o juiz paranaense. Não houve estardalhaço na mídia ou condução coercitiva.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) suspeita que a CPI tenha sido usada para esconder relação entre o Banco Rural e o chamado mensalão mineiro. Mas este é o menor dos problemas que Neves encara na Justiça. No âmbito da Lava Jato, o nome de Aécio Neves foi mencionado pelo ex-deputado federal Pedro Corrêa.

Serra afirmou que o candidato derrotado em 2014 pela presidenta Dilma Rousseff (PT) foi um dos responsáveis pela indicação do diretor de Serviços da Petrobras, Irani Varella. A contratação ocorreu na fase final governo de Fernando Henrique Cardoso, em 2001.

Delações em série

Na época, Neves era deputado federal. Segundo o delator, Varella foi destacado para conseguir “propinas com empresários para distribuir com seus padrinhos políticos”. Na época em que a delação de Corrêa foi divulgada, o senador mineiro disse que Corrêa é “desprovido de qualquer credibilidade” e que sua afirmação é “falsa e absurda”. Mais adiante, no curso das investigações, no entanto, o presidenciável tucano será, novamente, chamado a depor.

Algumas semanas depois, o presidente do PSDB também foi citado pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Segundo o delator, ele participou da captação de recursos ilícitos para sustentar a eleição de Neves à Presidência da Câmara dos Deputados em 2001. Foram arrecadados cerca de R$ 7 milhões, segundo Machado.

Novamente, referindo-se ao depoimento de Machado, o tucano diz que “são acusações covardes e falsas de quem, no afã de apagar seus crimes e conquistar benefícios de uma delação premiada, não hesita em mentir e caluniar”.

Ex-petista

Já o ex-petista e senador cassado Delcídio Amaral afirmou, em deleção no âmbito da Lava Jato, que Neves recebeu propina de Furnas, empresa de economia mista subsidiária da Eletrobras. Ainda sobre o tucano, Delcídio relatou um caso na CPI dos Correios, que investigou o mensalão, no qual Aécio teria atrasado o envio de dados do Banco Rural para fazer uma “maquiagem” nas informações. Sobre isso, Neves falou na última terça-feira, ao escrivão na sede da PF. O processo, agora, segue para uma nova fase de instrução antes de se juntar aos demais, na mesa do juiz Sérgio Moro.

À PF, o tucano repetiu que as acusações eram “falsas” e “mentirosas”. “Delcídio repete o que vem sendo amplamente disseminado há anos pelo PT que tenta criar falsas acusações envolvendo nomes da oposição. É curioso observar a contradição na fala do delator já que ao mesmo tempo em que ele diz que a lista de Furnas é falsa, ele afirma que houve recursos destinados a políticos”, disse.

Apesar do processo em curso contra ele, Neves e o juiz Moro foram flagrados, rindo e se divertindo, em um recente evento público na capital paulista. Fotografados e expostos nos meios de comunicação, ambos tentaram desconversar, mas o fato foi questionado junto ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), no qual Moro já responde a outras ações.

Picolé de chuchu

A posição do governador paulista Geraldo Alckmin não é menos incômoda. Em delação, a Odebrecht informou que fez doação ilegal, em dinheiro vivo, para as campanhas de Alckmin em 2010 e 2014, ambas para o governo de São Paulo. Executivos da empreiteira mencionam duas pessoas próximas ao governador como intermediárias dos repasses.

Segundo a delação, os R$ 2 milhões em espécie foram repassados ao empresário Adhemar Ribeiro, irmão da primeira-dama, Lu Alckmin. A entrega do recurso, de acordo com os termos da delação, ocorreu no escritório de Ribeiro, na capital paulista. De lá, chegou aos destinos determinados pelo ‘Picolé de Chuchu’, como Alckmin é chamado por humoristas.

Alckmin afirmou na época, por meio de sua assessoria de imprensa, que “é prematura qualquer conclusão com base em informações vazadas de delações não homologadas”. “Apenas os tesoureiros das campanhas, todos oficiais, foram autorizados pelo governador a arrecadar fundos dentro do que determina a legislação eleitoral”.

‘Santo’

Mas não foi a primeira vez que o nome do governador aparece nas investigações. O personagem tratado pelo codinome “santo” em planilhas da Odebrecht que listam pagamento de propina foi identificado como sendo o de Alckmin. Três diferentes fontes que participam do acordo de delação da empreiteira, considerado o mais explosivo da Lava Jato, confirmaram a citação do nome de Alckmin.

O apelido “santo” aparecia associado a uma obra do governo Alckmin de 2002, a duplicação da rodovia Mogi-Dutra. Mais uma vez, a assessoria de Alckmin disse que a obra foi feita por outra empreiteira, a Queiroz Galvão, e que os delatores isentam o governador.

No exercício da Chancelaria brasileira, o senador paulista José Serra está em situação ainda pior do que seus colegas de partido. O tucano responde a processos por ligação a um esquema de caixa 2, na campanha presidencial no ano de 2010.

José Serra

Executivos da Odebrecht disseram aos investigadores da Lava Jato que a campanha do agora chanceler recebeu R$ 23 milhões em doações ilícitas. Os executivos disseram que parte do dinheiro foi entregue no Brasil e parte foi paga por meio de depósitos bancários realizados em contas no exterior. Oficialmente, a construtora doou apenas R$ 2,4 milhões para a campanha de Serra.

Segundo os depoimentos de executivos da Odebrecht, a negociação para o repasse à campanha de Serra se deu com a direção nacional do PSDB à época, que, depois, teria distribuído parte do dinheiro entre outras candidaturas. A empresa afirmou ainda que parte do dinheiro foi transferida por meio de uma conta na Suíça.

Sobre a acusação dos executivos, Serra disse, na época em que o fato foi divulgado, que a campanha dele durante a disputa a Presidência da República em 2010 foi conduzida em acordo com a legislação eleitoral em vigor. O tucano afirmou também que as finanças de sua disputa pelo Palácio do Planalto eram de responsabilidade do partido, o PSDB, e que ninguém foi autorizado a falar em seu nome.

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Fonte: http://www.correiodobrasil.com.br/presidenciaveis-tucanos-tentam-abafar-depoimentos-lava-jato/

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