Durante o discurso improvisado para alguns seguidores, Bolsonaro repetiu a palavra “liberdade” para criticar medidas de contenção ao SarsCov-2 e aproveitou para sair em defesa daqueles médicos que ainda prescrevem medicamentos sem eficácia comprovada contra o quadro infeccioso.
Por Redação, com agências de notícias – de Chapecó – PR
Com a máquina de moer vidas à velocidade de 4 mil corpos por dia, pela covid-19, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pisa no acelerador ao elogiar o tratamento precoce contra o coronavírus implantado pelo prefeito local, João Rodrigues (PSD), que inclui medicamentos banidos pelas instituições médicas brasileiras. O mandatário neofascista voltou a criticar, nesta quarta-feira, as medidas de isolamento social e a defender tratamentos comprovadamente ineficazes contra a pandemia.
Bolsonaro falou a seguidores, na parada estratégica em Chapecó, interior do Paraná— Desde o início (da crise sanitária) eu digo: temos um problema, o vírus e o desemprego. E as medidas ora anunciadas (…) não podem ter efeito colateral mais danoso que o próprio vírus. Eu acho que sou o único líder mundial que apanha isoladamente. O mais fácil é ficar do lado da massa, da grande maioria, se evita problemas, não é acusado de genocida, não sofre ataques por parte de gente que pensa diferente de mim. O nosso inimigo é o vírus, não o presidente, a governadora ou o prefeito — desconversou.
Durante o discurso improvisado para alguns seguidores, Bolsonaro repetiu a palavra “liberdade” para criticar medidas de contenção ao SarsCov-2 e aproveitou para sair em defesa daqueles médicos que ainda prescrevem medicamentos sem eficácia comprovada contra o quadro infeccioso.
— Quem abre mão de um milímetro de liberdade para ter segurança corre o risco no futuro de não ter segurança, nem liberdade — repisou.
Confinamento
Mais uma vez, Bolsonaro distorceu os fatos ao afirmar que a cidade está com os números da pandemia em queda e volume de internações pela covid-19 “próximo de zero”. Ele atribuiu a redução à prática de medidas como o citado “tratamento precoce” contra a doença, entre outras. Na realidade, o prefeito local impôs um severo confinamento, por duas semanas, entre os dias 22 de fevereiro e 8 de março, após o qual os números da doença começaram a ceder. Este fato, Bolsonaro omitiu.
Logo que assumiu o mandato, em janeiro deste ano, Rodrigues montou em Chapecó um ambulatório especializado no chamado “tratamento precoce”, com indicação de remédios como hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina aos pacientes com a covid-19. As substâncias não têm eficácia contra a enfermidade, segundo os próprios fabricantes. Na ocasião, passou a autorizar aniversários, batizados, casamentos e outras formas de aglomeração; além de ampliar o horário de funcionamento de bares e apresentações musicais, na cidade.
A explosão de casos de contágio e mortes pela doença que ocorreu em seguida levou a prefeitura a retroceder. Rodrigues restringiu comércio e serviços no município, que permaneceu durante semanas sem leitos de UTIs e teve que transferir pacientes para outros Estados. Ato seguinte, impôs o confinamento mais severo e a pandemia voltou aos estágios anteriores, o que levou o administrador a elogiar, novamente, a suposta ação do ‘tratamento precoce’, em lugar do distanciamento social.