O projeto inclui a compreensão de quais são as necessidades dos doentes e como eles podem contribuir positivamente para a cidade
Por Redação, com Ansa – de Roma:
Chegou à cidade italiana de Abbiategrasso, nas proximidades de Milão, o projeto Dementia Friendly Community (Comunidade Amigável para Demência), que tenta mudar a percepção sobre as doenças mentais e inserir as pessoas afetadas por essas patologias na sociedade.

A ação, que deve chegar a outras cidades italianas em breve, é uma iniciativa da Alzheimer’s Society, realizada em parceria com o governo britânico
O projeto inclui a compreensão de quais são as necessidades dos doentes e como eles podem contribuir positivamente para a cidade. Além disso, tem o objetivo de quebrar estigmas e preconceitos, incentivar o mercado de trabalho a contratá-los, adequar o transporte público e promover a inclusão em programas culturais. De forma geral, a meta é conscientizar desde o “comerciante da esquina” até os motoristas de ônibus a viverem de forma amigável com pessoas que sofram algum tipo de problema mental.
A ação, que deve chegar a outras cidades italianas em breve, é uma iniciativa da Alzheimer’s Society, realizada em parceria com o governo britânico.
A ideia surgiu após uma pesquisa realizada em 2013, quando foi constatado que no Reino Unido existe meio milhão de pessoas com problemas mentais e um terço delas estão vivendo por conta própria. Isso é preocupante, pois doenças mentais, como Alzheimer, autismo e outras síndromes, podem se agravar quando o paciente se isola.
O programa ainda conta com vários cursos informativos e a expectativa é de que, aos poucos, seja criada uma sociedade sensível à doença e uma rede de cidadãos que saibam conviver com as doenças mentais.
Pesquisa
Os doentes de Alzheimer podem não ter perdido suas memórias, mas apenas ter dificuldade em acessá-las, o que abre a porta a possíveis tratamentos para recupera-las. É o que revela um estudo publicado na revista científica Nature.
O estudo, realizado em ratos pelo cientista japonês Susumu Tonegawa, Nobel da Medicina em 1987, mostrou que ao estimular áreas específicas do cérebro com luz azul os cientistas conseguiam que os ratos recuperassem memórias que antes eram inacessíveis.
Os resultados, dão a primeira prova de que a doença de Alzheimer não destrói as memórias, apenas as torna inacessíveis. “Como os humanos e os ratos tendem a ter um princípio comum em termos de memória, as nossas conclusões sugerem que os pacientes com doença de Alzheimer podem, pelo menos nos primeiros tempos, manter as memórias no cérebro, o que significa que existe uma possibilidade de cura”, disse Tonegawa.
Há anos, cientistas questionam se a amnésia provocada por traumatismo craniano, stress ou doenças como Alzheimer resulta de danos em células cerebrais específicas, o que tornaria impossível recuperar as memórias, ou se o problema é o acesso a essas memórias.
Experimento
Para tentar comprovar a segunda hipótese, Tonegawa e colegas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos EUA, usaram ratos que tinham sido geneticamente modificados para exibir sintomas semelhantes aos dos doentes de Alzheimer, uma doença degenerativa do cérebro que afeta milhões de adultos em todo o mundo.
Os animais foram colocados em uma caixa que tinha uma corrente elétrica baixa no chão, provocando uma sensação desagradável, mas não perigosa, de choque elétrico nos pés.
Um rato não afetado que seja colocado novamente na mesma caixa 24 horas depois fica paralisado de medo, antecipando a mesma sensação desagradável, mas os ratos com Alzheimer não mostraram qualquer reação, sugerindo que não têm memória da experiência.
Quando os cientistas estimularam zonas específicas do cérebro dos animais, as “células de engramas” associadas à memória, usando uma luz azul, os ratos aparentemente relembraram-se do choque.
Além disso, ao examinar a estrutura física dos cérebros dos ratos, os investigadores constataram que os doentes tinham menos sinapses (ligações entre neurônios). Através da estimulação luminosa repetida, os cientistas conseguiram aumentar o número de sinapses até níveis comparáveis aos dos ratos saudáveis.
Em certo ponto, deixou de ser necessário estimulá-los artificialmente para provocar a reação de medo diante da caixa. “As memórias dos ratos foram recuperadas através de um meio natural”, disse Tonegawa. Isto significa “que os sintomas da doença de Alzheimer desapareceram”, acrescentou o neurocientista.
Resultado
– É uma boa notícia para os pacientes – disse o Nobel da Medicina que, no entanto, se mostrou prudente: “No futuro, a doença poderá ser tratada, se estiver em um estágio precoce, e desde que se desenvolva uma nova tecnologia que cumpra os requisitos éticos e de segurança”.
Os investigadores estimam que a técnica só funcione durante alguns meses nos ratos, ou durante dois ou três anos nos humanos, até a doença avançar de tal maneira que elimine os ganhos.
A Organização Mundial de Saúde estima em 47,5 milhões o número de pessoas no mundo afetadas por demências, 60% a 70% das quais pela doença de Alzheimer, que por enquanto não tem cura.
O post Projeto cria cidades amigáveis para pessoas com Alzheimer na Itália apareceu primeiro em Jornal Correio do Brasil.