Ir para o conteúdo

Correio do Brasil

Voltar a CdB
Tela cheia Sugerir um artigo

PSOL e PCdoB se desentendem no Rio, às vésperas das eleições

25 de Setembro de 2016, 16:31 , por Jornal Correio do Brasil - | No one following this article yet.
Visualizado 73 vezes

A discórdia está no ar. Até o horário dos comícios às vésperas das eleições, é motivo de reclamações, de lado a lado. Militantes psolistas se queixam de que os comunistas marcaram, de propósito, o evento de Jandira para o mesmo dia e horário anunciado por Freixo

 

Por Redação – do Rio de Janeiro

A disputa pela prefeitura do Rio de Janeiro coloca, em lados opostos, dois ícones da esquerda brasileira. Jandira Feghali (PCdoB) e Marcelo Freixo (PSOL) convocaram seus pesos-pesados para o último grande comício da campanha, nesta segunda-feira. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi chamado ao palanque de Jandira, em Bangu. Nos mesmos dia e horário, o compositor e escritor Chico Buarque prestigiará o comício de Freixo, na Lapa, Centro da Cidade.

Jandira, Freixo e Molon reuniram a imprensa, há três meses, para anunciar a 'união das esquerdas'

Jandira, Freixo e Molon reuniram a imprensa, há três meses, para anunciar a ‘união das esquerdas’ antes das eleições

A discórdia está no ar. Até o horário dos comícios é motivo de reclamações, de lado a lado. Militantes psolistas se queixam de que os comunistas marcaram, de propósito, o evento de Jandira para o mesmo dia e horário anunciado por Freixo. Mas isso é pouco, diante do veneno que circula nas redes sociais, destilado na linha do tempo do deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ). Para o cientista político Theo Rodrigues, “Jean Wyllys prega o fim da unidade da esquerda no Rio de Janeiro”. Este é o título do artigo que publicou, neste domingo, no site O Cafezinho, do qual é colunista.

Leia a íntegra do texto, adiante:

“A esquerda só se une na prisão”. Eis aí uma frase que a sabedoria política conhece há algum tempo. E que os partidos políticos da esquerda teimam em reafirmar com seus atos, cotidianamente.

Em 3 de junho último, quatro principais partidos da esquerda carioca – PT, PcdoB, PSOL e REDE – reuniram-se em torno de um pacto. Até então, inédito na história da cidade.

A partir da avaliação consensual de que as três candidaturas postas para a disputa da prefeitura em 2016 – Jandira Feghali, Marcelo Freixo e Alessandro Molon – eram legítimas, os partidos ali reunidos decidiram por um pacto de não agressão no primeiro turno. Uma aliança em torno do candidato que fosse ao segundo turno e a construção permanente de um programa unificado para a cidade.

Infelizmente, o pacto parece não ter durado muito mais do que três meses.

Hoje, em sua conta no Facebook, o deputado federal do PSOL Jean Wyllys, rompeu o acordo firmado entre as forças políticas e sociais da esquerda carioca.

Claro, sinais de que o rompimento poderia ocorrer já podiam ser observados em algumas brigas de militantes do movimento estudantil.

Contudo, um ataque partindo de um dirigente nacional do partido como Jean Wyllys não era esperado.

Às vésperas das eleições

Descompromissado com a aliança da esquerda no Rio, o texto de Wyllys agride a líder comunista quando diz o seguinte:

“A verdade é que a candidatura da Jandira tem como única finalidade disputar parte do eleitorado de esquerda que vota no PSOL. E ajudar Pedro Paulo, candidato do PMDB, a passar para o segundo turno”.

Ora, mas de onde Jean Wyllys tirou essa acusação?

Quem tem acompanhado a agenda de Jandira verá que a maior parte das suas atividades de campanha tem acontecido na Zona Oeste e na Zona Norte da cidade.

Aliás, o principal comício de sua campanha, que contará com a presença do presidente Lula, acontecerá na próxima segunda-feira, em Bangu.

Ou seja, Jandira não está disputando o eleitorado de Freixo na zona sul da cidade, como Wyllys acusa.

Ao contrário do que Wyllys diz, Jandira tem sido a principal adversária da campanha do PMDB, nas regiões populares do Rio. Após o grave retrocesso democrático imposto pelo impeachment de Dilma Rousseff, o segundo turno para a eleição do Rio poderia significar um exemplo para o Brasil.

Um segundo turno onde movimentos sociais e partidos políticos de esquerda poderão se encontrar – seja com Jandira, Freixo ou Molon. E mostrar ao resto do Brasil que a unidade é possível.

Só nos cabe esperar que Jean Wyllys não tenha estragado tudo isso.

A provocação

Em sua página, em uma rede social, Wyllys acentuou as cores da desavença, sob o título ‘Por que Freixo e não Jandira?”. Isso tudo a uma semana das eleições.

“Nas últimas semanas, muita gente do Rio tem me perguntado, tanto pessoalmente quanto aqui, nas redes, por que Freixo e Jandira não estão juntos nessa eleição. E por que as pessoas de esquerda deveriam votar nele e não nela. Eu sei que muitas pessoas de esquerda, que foram contra o golpe e defendem a democracia e os direitos humanos, acham que o campo progressista deveria ter uma única candidatura, para derrotar os golpistas”, afirma Wyllys.

Leia, adiante, a íntegra da mensagem:

Até agora, eu adiei a minha resposta, por considerar que a conjuntura nacional de resistência ao governo ilegítimo de Temer nos exigia evitar ataques entre nós. Mas, faltando uma semana para as eleições, as perguntas de muitos cidadãos e cidadãs sobre esse ponto se intensificaram. E eu tenho uma responsabilidade com vocês.

Por isso, quero esclarecer por que não foi possível essa unidade que muitos pediam. E por que eu acredito que votar no Freixo não é a mesma coisa que votar na Jandira, mas é bem diferente. Quero falar pra vocês com absoluta sinceridade, como eu sempre faço.

Nas últimas décadas (sim, décadas), inclusive desde muito antes de ser deputado, Marcelo Freixo esteve firme na oposição aos governos da direita no Rio de Janeiro. Tanto no Estado quanto na cidade, enquanto Jandira era aliada deles. Não se trata apenas de uma escolha pessoal: Jandira e o PCdoB seguiram a lógica política de conciliação de classes. E das negociação com os partidos da ordem que Lula impôs ao PT, à base governista. No Rio, o partido de Jandira foi aliado de Garotinho, de Cabral, de Pezão e de Paes. Fez campanha ao lado de Crivella, de Cunha, de Pedro Paulo, de Índio da Costa, de Osório, de todos eles.

Ela foi, inclusive, secretária do governo Paes. No debate da RedeTV, Jandira disse que apoiar os governos estadual e municipal do PMDB foi o “pedágio” que tiveram que pagar para garantir a governabilidade do Lula e da Dilma. Mas esse pedágio custou muito caro à população do Rio de Janeiro.

Voto de esquerda

Durante todos esses anos, Freixo estava na oposição, denunciando as milícias, as remoções, a repressão contra os professores com gás lacrimogêneo. A desaparição de Amarildo, as chacinas nas favelas, o aumento da passagem de ônibus, o caos no transporte. As obras superfaturadas, os negócios com as empreiteiras, as alianças com o fundamentalismo religioso. A privatização da saúde, o abandono da educação, etc. Freixo enfrentou os governos do PMDB, enquanto Jandira fazia campanha por eles

Se o PMDB do Rio não tivesse apoiado o impeachment, Jandira não seria candidata e estaria hoje na campanha de Pedro Paulo, como sempre. E isso significa, também, que essa candidatura não representa um projeto diferente para a cidade. Mas apenas uma necessidade eleitoral de última hora. Diferentemente, Freixo (que também foi contra o golpe) está se preparando há muitos anos para ser prefeito. E construiu um programa de governo para 2016 com a participação de mais de 5 mil pessoas de todos os bairros, categorias e movimentos sociais da cidade.

Eu tenho uma ótima relação com Jandira Feghali e defendemos juntos muitas pautas na Câmara dos Deputados. Não tenho nada pessoal contra ela, que é uma aliada na luta contra o golpe no Congresso. Mas também não posso mentir a vocês sobre a situação do Rio, que é muito grave.

‘Não deu certo’

A verdade é que a candidatura da Jandira tem como única finalidade disputar parte do eleitorado de esquerda. Aquela que vota no PSOL. E ajudar Pedro Paulo, candidato do PMDB, a passar para o segundo turno. Para fazer isso, inclusive, eles recorreram à difamação contra o PSOL, usando a bandeira do feminismo radical para atacar o Freixo, cuja vice é uma ativista feminista e cujo programa defende todos os direitos das mulheres. Dessa forma, tentando dividir o voto de esquerda, eles continuam ajudando o PMDB de Temer e Cunha!

Por enquanto, felizmente, não deu certo: Freixo continua em segundo lugar em todas as pesquisas. Como esteve em segundo lugar em 2012, com 28% dos votos, quando Jandira, Crivella e Paes eram aliados; mas não podemos arriscar. Se a esquerda votar dividida, a direita vai vencer. A unidade da esquerda, então, é votar em Marcelo Freixo (50).

Você já imaginou um segundo turno entre dois golpistas? Você já imaginou ter de escolher entre o candidato de Eduardo Cunha e o candidato da Igreja Universal? Tem uma única forma de impedir isso: é o Freixo!!

E ele vai ser um excelente prefeito!! Confiem em mim!!

O post PSOL e PCdoB se desentendem no Rio, às vésperas das eleições apareceu primeiro em Jornal Correio do Brasil.


Fonte: http://www.correiodobrasil.com.br/psol-pcdob-desentendem-vesperas-eleicoes/

Rede Correio do Brasil

Mais Notícias