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Publicitário das grandes campanhas eleitorais, Santana prega chapa Ciro e Lula

27 de Outubro de 2020, 13:26 , por Correio do Brasil - | No one following this article yet.
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O marketeiro e a mulher, Mônica Moura, foram condenados a 7 anos e 6 meses de prisão por lavagem de dinheiro. O casal teve suas penas reduzidas após acordo de delação premiada, em que confirmaram ter recebido caixa 2 eleitoral.

Por Redação – de São Paulo

Em sua primeira entrevista depois de preso, em 2016, o publicitário baiano João Santana não perdeu o senso de oportunidade ao prever que uma chapa em que o representante da centro-direita Ciro Gomes (PDT) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pela centro-esquerda, “seria imbatível”. Ainda numa análise do cenário, constata que ninguém mais aguenta o estilo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de se promover.

O publicitário mais bem pago por políticos defende uma chapa de união entre dois nomes conhecidos no cenário eleitoral, para 2022O publicitário mais bem pago por políticos defende uma chapa de união entre dois nomes conhecidos no cenário eleitoral, para 2022

Santana revelou ainda, na entrevista ao Cultura, canal estatal de TV mantido pelo governo tucano de João Doria, que até jornalistas se beneficiavam do caixa 2 que regava as campanhas eleitorais, ao mesmo tempo que negou, em sua delação premiada e na noite passada, publicamente, qualquer envolvimento dos os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff em esquemas de corrupção.

O marketeiro e a mulher, Mônica Moura, foram condenados a 7 anos e 6 meses de prisão por lavagem de dinheiro. O casal teve suas penas reduzidas após acordo de delação premiada, em que confirmaram ter recebido recursos oriundos de esquema de Caixa 2 eleitoral.

— Quando você vive um sistema de ruína moral, todo mundo é cúmplice e todo mundo é vitima. A imprensa sabia do caixa 2. Era costume de jornalistas tirarem licença de 2, 3 meses para trabalhar em campanha e ganhar o que não ganhavam o ano todo, em caixa 2 — denunciou.

Redes de ódio

Santana, em seguida, classificou a Operação Lava Jato de Curitiba como “o melhor esquema político de marketing já montado no Brasil”.

— Se tivesse um prêmio de marketing político eleitoral, a Lava Jato teria levado o tricampeonato: 2015, 2016 e 2017 — sugeriu.

De forma direta, o baiano também criticou a seletividade da operação, que não investigou igualmente todos os envolvidos no esquema. Santana sugeriu que as investigações sobre Caixa 2 deveriam ter sido enviadas à procuradoria-geral da República e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Segundo afirmou, deveria ter havido uma correção de rumo nas práticas que impregnavam as disputas eleitorais no país.

— Pelo próprio escopo da Lava Jato, o Brasil perdeu uma oportunidade de eliminar isso profundamente — lamenta.

Segundo afirmou, contudo, o ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro e os procuradores de Curitiba utilizaram “vertentes perigosíssimas da comunicação política”. Eles foram responsáveis por estimular as “redes de ódio” que vicejam hoje na política nacional, acrescentou.

— A Lava Jato, querendo ou não, alimentou a rede de ódios — constata.

Ex-juiz Moro

Apesar de contar com a simpatia da imprensa tradicional, João Santana disse no Roda Viva que não aposta na viabilidade eleitoral de Moro. Para ele, a eleição presidencial de 2022 vai ser “disputada, imprevisível”.

— Ele não é do ramo. O Bolsonaro deu rasteiras em cima de rasteiras nele, que não faria com outros se fossem do ramo. Me parece que o Sergio Moro seria melhor como pré-candidato do que como candidato — prevê.

‘Pão e circo’

Para o publicitário, o presidente Jair Bolsonaro também não é favorito na disputa de 2022.

— Ao contrário do que se diz hoje, é muito mais provável que Bolsonaro perca as eleições do que ganhe — adicionou.

Segundo o especialista em marketing político, o melhor e o pior da comunicação de Bolsonaro é ele próprio.

— Aquele quebra-queixo no Alvorada é uma das coisas mais inteligentes e mais burras que já foram feitas. Aquilo ali é teatro vivo. É uma coisa mambembe, é um octógono de MMA, e é evangélico — comparou.

Mas o problema, segundo ele, é o “exagero”.

— Qual o problema do Bolsonaro do ponto de vista de comunicação? É que um personagem como ele só pode viver de exageros e, por viver de exageros, se exaure. Numa mão, o grotesto. Na outra mão, a benesse. E não tem repertório, não tem estoque para isso. O grotesco não fascina e nem agride mais. E a benesse se exaure. É um caso patológico de pão e circo. Ninguém consegue suportar isso — disparou.

Ciro e Lula

De acordo com o raciocínio do expert mais bem pago do país, no campo político, o ex-governador Ciro Gomes seria “extremamente viável”, se as esquerdas se unissem em torno dele. Com o Lula como vice, tal chapa seria “imbatível”, desenhou. Seria a repetição da fórmula aplicada, com sucesso, pela ex-presidenta argentina Cristina Kirchner, atual vice do presidente Alberto Fernández.

Entretanto, para o marqueteiro, Lula é um candidato que “não pode nem perder nem ganhar a eleição”. E deveria “tirar da cabeça” que precisa de um “banho de urna” para preservar sua imagem.

— Não, ele não precisa disso. Ele não pode perder, porque se perder afunda mais, ele e o PT. E não pode ganhar, nesse sentido metafórico, porque vai estressar ainda mais o ambiente político. Assumiria o governo sangrando. O melhor seria sabe o que? Lula seria o melhor perfil de vice-presidente que poderia ter. Impossível ser isso (vice do Ciro), mas essa chapa seria imbatível — previu.

Dilma x Marina

Na outra ponta, João Santana também rebateu no Roda Viva a alegação da ex-ministra Marina Silva de ter inventado as fake news, nas eleições de 2014. Ele classificou como “exagero retórico” inerente a qualquer discussão política a peça publicitária que acusava a adversária de querer entregar o Brasil ao banqueiros, ao fazer a defesa da autonomia do Banco Central. 

Ademais, apesar de acusar o golpe, Marina se negou a responder os ataques contra ela.

— Por que na época Marina não respondeu? Um erro tático? Não, acho que tinha pudor sintomático de que se ela fosse defender ideias tão ardentes liberais não ficava bem para uma candidata de esquerda. Eu faria de novo. Não é fake news. É debate de ideias. É jogo metafórico, exagero de retórica. Mas plenamente justificável numa contenda política. Campanha política é isso — concluiu.


Fonte: https://www.correiodobrasil.com.br/publicitario-das-grandes-campanhas-eleitorais-santana-prega-chapa-ciro-e-lula/

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