O crescimento nas maiores economias da Europa deve acelerar no quarto trimestre após uma desaceleração no período entre julho e setembro, disse o ministério alemão. Em nota, acrescenta que um mercado de trabalho robusto continua a sustentar o consumo privado
Por Redação, com agências internacionais – de Berlim e Londres
A decisão britânica de sair da União Europeia, a política imprevisível dos Estados Unidos com o presidente eleito Donald Trump e a incerteza política na Itália são os principais riscos que economias como a alemã enfrentam, afirmou o Ministério da Economia do país, nesta segunda-feira.

Ministro de uma das economias mais fortes do mundo, o alemão Sigmar Gabriel prevê um cenário menos volátil
Ele acrescentou que, apesar desses riscos, o ambiente econômico global parece estar melhorando gradualmente. Especialmente porque mercados emergentes como o Brasil e a Rússia, acredita, devem sair da recessão, o que beneficiará as exportações alemãs.
— As incertezas permanecem elevadas, sobretudo por causa do Brexit, da imprevisibilidade da política futura dos EUA e da situação política na Itália — disse o ministro Sigmar Gabriel.
O crescimento em uma das maiores economias da Europa deve acelerar no quarto trimestre após uma desaceleração no período entre julho e setembro, disse o ministério. Em nota, acrescenta que um mercado de trabalho robusto continua a sustentar o consumo privado. E que vem ajudando a economia conforme as exportações diminuem.
Sem deflação
Outro fantasma que assombra a Alemanha e demais países europeus, a ameaça de deflação na zona do euro desapareceu em grande parte. Mas o bloco ainda precisa de estímulo para elevar a inflação. Levá-la de volta para a meta do Banco Central Europeu (BCE) de cerca de 2%, disse o membro do Conselho Executivo do BCE Benoit Coeure nesta segunda-feira.
Respondendo a perguntas no Twitter, Coeure citou também o “dinheiro de helicóptero”. Trata-se de um conceito que normalmente se refere à distribuição de dinheiro do BCE diretamente aos cidadãos. A atuação pode desfocar a linha entre a política monetária do Banco e a política fiscal dos governos, em suas economias.
Brexit
A Grã-Bretanha, por sua vez, vive aos sobressaltos com as declarações incendiárias do conservador Boris Johnson sobre o Brexit. Enquanto isso, a primeira-ministra, Theresa May partilha com os jornalistas suas impressões sobre as economias mundiais:
— Só sou primeira-ministra porque sou deputada e só sou deputada porque o eleitorado de Maidenhead me elegeu. Nunca devemos esquecer as nossas raízes.
Para May, a proximidade aos eleitores ajuda a explicar porque o sistema britânico seria mais democraticamente responsável do que o da União Europeia. Sobre o futuro, diz:
— Penso que há genuinamente uma oportunidade para nós. Deveríamos andar pelo mundo a promover a mensagem do comércio livre. Para ver o que podemos fazer fora da União Europeia.
Economias conturbadas
No diário londrino Daily Telegraph, Fraser Nelson escreve: “Se Jeremy Corbyn queria saber algo sobre o Brexit de Theresa May, só tinha de perguntar. Quando o Labour pediu no Parlamento que ela revelasse o seu plano, a ideia era embaraçá-la durante uns dias. Ela concordou. Os seus pedidos eram simples: fim da livre circulação de pessoas, o que provavelmente implica fim do mercado comum. E não ao Tribunal Europeu de Justiça e as suas variadas imposições.
“Ela vai tentar ter tantas tarifas livres para o comércio com a Europa, mas ninguém sabe se terá sucesso. E é isto: a estratégia do Brexit revelada. Não há mais mistérios”. Por sua vez, no polêmico diário britânico Independent, Simon Jenkins avança: “A alegria de uma Constituição não escrita é que todos podem reclamar ser os seus guardiães. E isso inclui jornalistas, professores, soldados e, acima de tudo, juízes. (…) Em 2015, o Parlamento pediu especificamente ao eleitorado um ‘sim’ ou ‘não’ à Europa. Ninguém na altura sugeriu que o Brexit poderia não ser o Brexit. Ficou claro que ‘não’ significava saída”.
Agora, parece que ninguém tem alguma certeza.
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