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Quando Dilma puxou o tapete de Lula

21 de Janeiro de 2019, 16:48 , por Correio do Brasil - | No one following this article yet.
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Em 2014, não havia nenhuma dúvida quanto à eleição de Lula para a presidência. Sondagens lhe davam mais de 60% dos votos. Todos esperavam a confirmação da candidatura, quando o PT anunciou Dilma candidata à reeleição. Ninguém entendeu. Lula estaria mais velho para retomar o poder só em 2018.  Além disso, quem garantia a popularidade de Lula em 2018, já que a direita fazia de tudo para impedir a continuação do PT no poder. O mistério do “por que Lula não foi candidato em 2014” pode ter sido desvendado com a delação de antigo ministro Antonio Palocci. Indomável, incontrolável e cabeça dura, Dilma teria batido os pés e exigido ser ela a candidata. Em síntese, puxou o tapete de Lula, achando ser ela a líder, e deu no que deu, implodiu o PT, foi deposta depois de ensaiar governar com a direita traindo também seus eleitores, Lula acabou preso e até o Cesare Battisti terminou pagando o pato da ambiciosa Dilma. Um ponto para Lula, apesar de tudo – ele digeriu o desgosto e não disse nada, até hoje, contra sua usurpadora. Vale a pena ler a coluna de Celso Lungaretti, logo abaixo. Nota do Editor.

Por Celso Lungaretti, de São Paulo:
O poste caiu em cima de Lula e o destruiu

Nunca dei total crédito ao que o Antonio Palocci dizia e, na sua condição atual de faço-tudo-para-não-ficar-em-cana, a credibilidade que ele nunca teve diminuiu ainda mais.

No entanto, os trechos que a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, divulgou da delação premiada do Palocci são peças que se encaixam perfeitamente no quebra-cabeças que eu já vinha montando das relações entre Dilma Rousseff e Lula, ponto de partida das terríveis desgraças que se abateram sobre o PT nos últimos anos, com fortes repercussões no restante da esquerda.

Nunca dei total crédito ao que o Antonio Palocci dizia e, na sua condição atual de faço-tudo-para-não-ficar-em-cana, a credibilidade que ele nunca teve diminuiu ainda mais.

No entanto, os trechos que a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, divulgou da delação premiada do Palocci são peças que se encaixam perfeitamente no quebra-cabeças que eu já vinha montando das relações entre Dilma Rousseff e Lula, ponto de partida das terríveis desgraças que se abateram sobre o PT nos últimos anos, com fortes repercussões no restante da esquerda.

Então, mesmo com muitas ressalvas, vale a pena trazer tal informação para o blog, permitindo que cada leitor tire suas conclusões.

Eis o que há de mais significativo no relato da Mônica Bergamo:

O diabo riu por último…

Segundo Palocci, havia uma ruptura entre Lula e Dilma e dois grupos distintos tinham sido formados dentro do PT. Ele diz que a briga entre os dois começou com a indicação de Graça Foster para a presidência da Petrobras.

A nomeação de Graça (…) representava ‘meios de Dilma inviabilizar o financiamento eleitoral dos projetos de Lula retornar à Presidência’.

…naquele momento, Dilma tentava se afastar do controle de Lula.  ​[o ex-presidente da estatal Sérgio] Gabrielli era íntimo de Lula, ao passo que Graça era íntima de Dilma. Não havia qualquer intimidade entre Lula e Graça e a relação entre Dilma e Gabrielli comportava permanentes atritos’.

…O ex-ministro diz que chegou a perguntar ao ex-presidente: ‘Por que você não pega o dinheiro de uma palestra e paga o seu tríplex?’. E que Lula teria respondido que um apartamento na praia não caberia em sua biografia.

Resumo da ópera: se tudo isto for verdade, a responsabilidade da Dilma nos nossos infortúnios atuais terá sido imensa.
Diretamente, por sua teimosia em retirar do baú de velharias, no primeiro mandato, o nacional-desenvolvimentismo  da década de 1950, acreditando que, por meio de receitas de mais de meio século atrás faria o carro da economia pegar no tranco. O que conseguiu foi incubar uma formidável recessão, que abriu caminho para seu impeachment e para a volta da extrema-direita à Presidência da República.

E indiretamente, porque sua disparatada pretensão de equiparar-se a Lula, descumprindo o combinado entre ambos quando ele a carregou nas costas para o Palácio do Planalto, teve consequências nefastas ao extremo:.

— a Presidência ficou praticamente acéfala durante o decisivo ano de 2015, ao fim do qual o grande capital desistiu de vez da Dilma e passou a apoiar sua deposição; e

.— o abalo que tal situação de impotência deve ter provocado em Lula, o qual, a partir daí, começou a cometer erro após erro, até o mais amargo fim.
Celso Lungaretti, jornalista e escritor, foi resistente à ditadura militar ainda secundarista e participou da Vanguarda Popular Revolucionária. Preso e processado, escreveu o livro Náufrago da Utopia (Geração Editorial). Tem um ativo blog com esse mesmo título.

Direto da Redação é um fórum de debates editado pelo jornalista Rui Martins.


Fonte: https://www.correiodobrasil.com.br/quando-dilma-puxou-o-tapete-de-lula/

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