O jantar de Renan com aliados, segundo parlamentares que participaram do encontro, casa da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), em Brasília, contou com a presença da maioria da bancada do PMDB na Casa

Por Redação – de Brasília

Líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) disparou um novo petardo contra o presidente de facto, Michel Temer. Na noite passada, Renan afirmou que a situação de Temer no governo está cada vez mais difícil.

— Diziam que a (presidenta cassada) Dilma (Rousseff) não tinha para onde ir, e o Temer não tem para onde ir — disse Renan.

Renan Calheiros abre uma divisão importante na base aliada ao presidente de facto, Michel Temer

O jantar com aliados, segundo parlamentares que participaram do encontro, casa da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), em Brasília, contou com a presença da maioria da bancada do PMDB na Casa, com 22 parlamentares. Entre os convivas, alguns senadores reclamaram da pressão feita pelo Palácio do Planalto pela aprovação da reforma da Previdência.

Suicídio político

A avaliação é de que a cúpula do governo, o presidente Michel Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral) não entendem a situação dos congressistas porque não dependem do voto popular.

— Nenhum deles é candidato a nada e nas últimas eleições que disputaram perderam. Agora querem cobrar dos parlamentares. Estão pedindo o que não vão ganhar — afirmou a jornalistas um dos parlamentares que participou do jantar, sem se identificar.

O senador Roberto Requião (PMDB-PR) completou:

— O povo não quer (as reformas) e os congressistas vivem de voto. Estão propondo suicídio político.

Calheiros, nas últimas semanas, elevou o tom contra o chefe do governo. No jantar, ele amplificou as críticas.

— Se continuar como está, o governo vai cair para um lado e o PMDB para o outro — ameaçou.

Fritada

O jantar, que começou por volta da meia noite, terminou por volta das 3h da madrugada. Os integrantes do governo Temer Dyogo Oliveira (Planejamento) e Helder Barbalho (Integração Nacional) também participaram do encontro mas, segundo outros parlamentares presentes, evitaram a polêmica.

O ex-presidente José Sarney e sua filha, Roseana Sarney, estiveram no encontro e, nas conversas, Sarney teria reforçado o discurso de Renan. O governo tem que “dialogar mais”, disse o chefe do clã maranhense.

Entre os presentes, além de Renan, Kátia e Requião, compareceram o líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR), Jader Barbalho (PA), Rose de Freitas (ES), Valdir Raupp (RO), Marta Suplicy (SP), Elmano Férrer (PI), Hélio José (DF), Dário Berger (SC) e Garibaldi Alves (RN). O presidente do Senado, Eunício de Oliveira (CE), preferiu não comparecer ao jantar.

O evento, segundo parlamentares, foi realizado pela vontade da bancada de se reunir para comer um dos pratos típicos do Tocantins, a fritada de aratu. O prato é considerado especialidade de Kátia Abreu.

— Na fritada de aratu, Temer também foi fritado — constatou um dos presentes.

Renan e Lula

Ainda durante o jantar, Calheiros disse que há “uma convergência” entre o seu discurso e o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele referia-se às políticas do governo Temer que retiram direitos dos trabalhadores.

Calheiros, em conversa com jornalistas durante o encontro, ouviu que seu discurso parecia estar sintonizado com o de Lula e distante de Temer.

— Será que o Michel acha isso? Será que ele acha que meu discurso não está sintonizado com o dele? Ele nunca me falou — desconversou.

O senador acrescentou que o PMDB precisa ‘cumprir seu papel’ de ‘qualificar o governo’ e não simplesmente avalizar todas as suas medidas. Segundo Renan, o governo está tentando combater a inflação com o agravamento da recessão”.

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