Na véspera, ao anunciar a instalação do colegiado, o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL) fez referência direta a casos envolvendo a magistratura
Por Redação, com Conexão Jornalismo – de Brasília e Rio de Janeiro
A comissão criada para analisar casos de salários acima do teto constitucional começa a funcionar na próxima segunda-feira. O ato foi publicado na edição desta sexta-feira do Diário Oficial do Senado. Na véspera, ao anunciar a instalação do colegiado, o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL) fez referência direta a casos envolvendo a magistratura.
— É um absurdo! É um acinte que o Brasil continue a conviver com isso. Enquanto estamos fazendo a reforma da Previdência, reestruturando o gasto público. Ainda temos pessoas que ganham mais de R$ 100 mil, como vimos no caso de juízes do Rio de Janeiro — afirmou.
A medida teve apoio de vários senadores. É vista, nos bastidores, como mais uma ofensiva do Congresso contra magistrados e membros do Ministério Público. Assemelha-se à Lei de Abuso de Autoridade, alvo de críticas de entidades das classes.
Barraca de pipoca
Para o jornalista Fábio Lau, editor do site de notícias Conexão Jornalismo, em artigo intitulado Renan dá início a uma vingança que interessa a todos nós, “Renan já armou a cilada”
Leia, adiante, o artigo de Fábio Lau:
A vendeta, quando fria e silenciosa, é digna de aplausos. Que Renan Calheiros dá corda ao processo de investigação dos salários majestosos do Judiciário (executivo e legislativo) por pura picuinha. Não há quem duvide. Mas que ela é indispensável para que se recupere um mínimo de dignidade no Brasil também não cabe discordância. Ou a lei é para todos ou a ilegitimidade que hoje reside no Planalto vai se estender até a barraca de pipoca da praça.
O presidente do Senado é o alvo do Judiciário por conta das suas implicações em operações como a Lava-Jato e outras mais. Ele deverá ser excluído da linha sucessória por decisão do STF. Uma humilhação para alguém vaidoso como ele. Cacique político das Alagoas, manda chuva em um Estado onde a elite política manda mais do que qualquer lei ou autoridade, Renan já armou a cilada. E nela pretende instalar gente boa da magistratura de todo o país que recebe muito mais do que determina como teto a Constituição Federal.
Supersalários
São os beneficiários daquela blasfêmia chamada “direito adquirido”. Juntando um pinguinho daqui e uma vantagem dali, alguns homens de terno e símbolo da Justiça na lapela auferem R$ 50, 100 e até 200 mil reais de maneira legal – igualmente imoral.
Mas, como de bobo o senador não tem nada, ele afirmou que a ideia é investigar supersalários nos três Poderes. Para cair na malha fina de Renan basta que o servidor público receba mais do que R$ 33.763 – o teto constitucional.
Na reta estabelecida por Renan há um magistrado acima de qualquer suspeita que virou até personagem de cinema. Dizem que tal juiz chegou a receber até o dobro do que seria legal. Seu nome tem sido mantido no mais absoluto sigilo. E com isso fica difícil as pessoas deduzirem, né? Pois é. Mas pode ser boato também ou maledicência desse povo!
A relatora da comissão é uma senadora que não costuma brincar em serviço: Kátia Abreu (PMDB-TO).
O post Renan “arma arapuca” para juízes, de olho na Lava Jato apareceu primeiro em Jornal Correio do Brasil.