A pesquisa sobre o prestígio de Temer, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), apontou ainda uma queda no percentual de indecisos
Por Redação – de Brasília
A reprovação ao governo do presidente de facto, Michel Temer, subiu para 46% em dezembro ante 39% em setembro. E o percentual de pessoas que desaprovam a sua maneira de governar saltou para 64% contra 55%, de acordo com pesquisa CNI/Ibope divulgada nesta sexta-feira.

Eduardo Cunha tem sido apontado como cúmplice de Temer em um esquema de propina com recursos desviados da Petrobras
A aprovação ao governo ficou em 13%, ante 14% em setembro, com variação dentro da margem de erro de 2 pontos percentuais do levantamento. Para 35% o governo Temer é regular, ante 34% no levantamento passado.
Polêmica
A pesquisa, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), apontou ainda uma queda no percentual de indecisos. O número passou para 6% os que não souberam ou não quiseram avaliar o governo neste mês, contra 12% em setembro.
“A redução da indecisão vem acompanhada da insatisfação com o governo”, disse a CNI em nota sobre o levantamento.
Além das turbulências no cenário político enfrentadas pelo governo, a recessão econômica aprofundou-se no terceiro trimestre deste ano. O Produto Interno Bruto (PIB) ficou em 0,8%, marcando o sétimo trimestre seguido de contração.
A pesquisa foi realizada entre 1º e 4 de dezembro, dias após a demissão do ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima. O peemedebista baiano foi demitido após uma polêmica envolvendo o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero. Temer foi citado como envolvido mas, até agora, não recebeu qualquer punição.
Ruim e péssimo
O levantamento também ocorreu depois de a empreiteira Odebrecht firmar acordo de delação premiada no âmbito da operação Lava Jato. Mas é anterior aos vazamentos de delações em que Temer e assessores próximos foram citados.
De acordo com a pesquisa, a queda de popularidade do governo é maior justamente entre a população com educação superior e renda familiar elevada. Era o segmento da sociedade brasileira que foi às ruas, vestido de verde e amarelo, pedir o impedimento da presidenta deposta Dilma Rousseff (PT).
“Entre as pessoas com renda familiar superior a cinco salários mínimos, o percentual dos que avaliam o governo como ruim ou péssimo cresceu. Chega a 16 pontos percentuais entre setembro e dezembro. Passou de 33% para 49%”, disse a CNI. A nota acrescenta que a avaliação positiva do governo também caiu entre os que têm educação superior, com recuo para 13% ante 18% em setembro.
Segundo a CNI, o levantamento ouviu 2.002 pessoas em 141 municípios.
Lava Jato
Algumas horas após a divulgação da pesquisa CNI/Ibope, um novo dado negativo soma-se à queda vertiginosa de Temer, junto à opinião pública. Um ex-executivo da Odebrecht disse em delação à força-tarefa da Operação Lava Jato que Michel Temer teria participado de um encontro para tratar de doações da empreiteira para campanha do PMDB em 2010. Em troca, Temer facilitaria a atuação da empresas em projetos da Petrobras. Os dados foram publicados na edição desta sexta-feira do diário conservador paulistano Folha de S. Paulo.
Segundo o jornal, o delator Márcio Faria, ex-presidente da Odebrecht Engenharia Industrial, disse à Lava Jato que o encontro aconteceu no escritório de Temer. A reunião, em São Paulo, teria contado com a presença do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está atualmente preso. Procurado pela reportagem, Temer confirmou, por meio de sua assessoria, que Cunha o apresentou a um empresário a seu escritório em 2010, que poderia ser Faria.
Os repórteres apuraram com três pessoas relacionadas à investigação que a contrapartida para as doações eleitorais ao PMDB, em 2010, “estaria ligada a benefícios para a Odebrecht em obras do chamado Projeto PAC SMS”. O Plano de Ação de Certificação em Segurança, Meio Ambiente e Saúde foi estruturado pela Petrobras.
Preso em Curitiba
“Ligado ao PMDB, João Henriques já afirmou que um contrato de quase US$ 1 bilhão foi fechado às vésperas do segundo turno das eleições de 2010 entre a área internacional da Petrobras, sobre a qual ele tinha influência, e a Odebrecht. Segundo o acordo, a empreiteira cuidaria, no âmbito do PAC SMS, da segurança ambiental da estatal em dez países”, acrescenta o texto.
Ainda segundo o diário, ”a Odebrecht Engenharia Industrial, presidida à época por Faria, era responsável pelos contratos de prestação de serviço do projeto para a área de negócios internacionais da Petrobras. Pessoas ligadas às investigações afirmaram ainda que Cunha mencionou a reunião em São Paulo quando elaborou 41 perguntas a Temer no mês passado, ao arrolar o presidente como sua testemunha de defesa na Lava Jato”.
“Preso em Curitiba sob acusação de envolvimento no esquema da Petrobras, o ex-presidente da Câmara questionou, na pergunta de número 34, se Temer tinha conhecimento de ‘alguma reunião sua (dele) com fornecedores da área internacional da Petrobras com vistas à doação de campanha para as eleições de 2010, no seu escritório político, juntamente com o sr. João Augusto Henriques”.
Temer admite
Procurado pela reportagem, Temer confirmou, por meio de sua assessoria, que participou de reunião em 2010 com a presença de Eduardo Cunha e de um empresário que, segundo ele, “pode ser” Márcio Faria, ex-executivo da Odebrecht, em seu escritório em São Paulo. Temer afirma ainda que o encontro, segundo ele organizado por Cunha, serviria para que o então deputado apresentasse um empresário “disposto a contribuir para campanhas do PMDB”.
Segundo ele, no encontro não se falou de valores e obras ou projetos nos quais a Odebrecht poderia atuar.
“Em 2010, o então deputado Eduardo Cunha levou um empresário ao escritório do presidente, que não se recorda do nome ou da empresa que este representava. Cunha alegou que o empresário estaria disposto a contribuir para campanhas do PMDB e que gostaria de conhecer o então candidato a vice-presidente. O presidente o recebeu por breve tempo”, diz a nota.
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