Por maioria simples de votos, com a presença da maioria absoluta dos senadores (41), o Senado elege nesta quarta-feira o seu novo presidente. Os preparativos para a eleição ocorre em reunião na tarde desta terça-feira
Por Redação – de Brasília
Cotado até semana passada como favorito para ocupar o lugar do senador Renan Calheiros (PMDB/AL) na Presidência do Senado, o peemedebista Eunício Oliveira (CE) agora vê esta oportunidade lhe fugir entre os dedos. Bombardeado por seu conterrâneo Ciro Gomes (PDT), presidenciável para 2018, Oliveira perdeu também o apoio do Partido dos Trabalhadores (PT). Sem o apoio da esquerda, o político citado nas delações da Operação Lava Jato agora poderá enfrentar o correligionário Roberto Requião (PR).
Por maioria simples de votos, com a presença da maioria absoluta dos senadores (41), o Senado elege nesta quarta-feira o seu novo presidente. Os preparativos para a eleição ocorre em reunião na tarde desta terça-feira, no Plenário da Casa e será comandada pelo atual presidente.
Roteiro da eleição

Senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) é um dos candidatos à eleição no Senado, mas o perdeu apoio da esquerda
Os candidatos ao cargo de presidente podem se apresentar previamente ou apenas no momento da sessão. As candidaturas podem ser formalizadas por ofício encaminhado à Mesa antes da sessão, manifestação oral antes da votação, indicação de bancada ou de forma avulsa, por um senador independente.
Em caso de candidatura única, a votação, secreta, se dá no painel eletrônico do Senado. Para disputas com mais de um candidato há duas opções: utilizar a urna eletrônica, como ocorre nas comissões da Casa. Ou cédulas de papel, com os nomes de todos os postulantes à vaga.
Neste caso, cada senador recebe uma cédula de votação, devidamente rubricada pelo presidente, marca seu escolhido e deposita a cédula na urna de votações.
Para dar início à eleição é necessária a presença de 41 senadores em Plenário. Ao longo do processo de votação não há possibilidade de discursos ou apartes, a não ser para intervenções relacionadas ao assunto ou para que os próprios candidatos defendam suas candidaturas.
‘Vergonha’
Para o ex-governador cearense Ciro Gomes (PDT-CE), a eleição no Senado reflete uma crise sem precedentes. Trata-se de uma “vergonha”, afirma Ciro Gomes, que os senadores venham a eleger Eunício Oliveira (PMDB-CE) para Presidência da Casa. Ciro refere-se à fortuna do senador, em sua página em uma rede social.
“Vergonha a maioria dos senadores elegerem uma figura destas para a presidência. Prova de que há uma maioria de corruptos dominando nosso país”, escreveu.
Eunício Oliveira conta com o apoio do Palácio do Planalto. Trata-se do segundo senador mais rico no exercício do cargo, com um patrimônio declarado de R$ 99 milhões em 2014. Parte da fortuna de Eunício Oliveira foi ampliada por meio de negócios com o governo federal, enquanto exercia funções públicas. As duas principais empresas do peemedebista têm contratos de R$ 703 milhões com bancos controlados pela União.
Faturamento
As empresas Confederal e Corpvs, controladas pela holding Remmo Participações, na qual o senador tem 99% de controle, têm contrato com o Banco do Brasil, no valor de R$ 542,8 milhões. O faturamento é obtido por serviços contratados em dez Estados e no DF, entre 2015 e 2019.
A Caixa, que tem parte da cúpula loteada pelo PMDB, vai desembolsar outros R$ 147 milhões entre 2011 e 2019. O Banco Central fechou outro contrato, de R$ 14 milhões, entre 2014 e 2017. Somam-se a essas cifras os valores pactuados com diversos outros órgãos da administração direta. Constam entre eles o Ministério da Saúde e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que significaram o faturamento de R$ 70 milhões à Confederal, nos últimos dois anos.
Entre 2010 e 2014, o patrimônio declarado por Eunício quase triplicou. Em 2010, quando concorreu ao Senado, ele reportou à Justiça eleitoral ter bens de R$ 36,7 milhões. O valor saltou para os R$ 99 milhões informados quatro anos depois, época da campanha derrotada ao governo do Ceará.
Chapa divergente
Nesta manhã, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) procurou integrantes das bancadas de esquerda na tentativa de viabilizar uma candidatura alternativa à Presidência do Senado. As sondagens do peemedebista ocorrem no momento em que os senadores do PT desembarcaram da candidatura do atual líder do PMDB na Casa. Oliveira, principal nome do PMDB, ainda conta com apoio da cúpula do partido, mas ainda não registrou sua candidatura.
O senador paranaense, por sua vez, tem defendido a divulgação do conteúdo das delações dos 77 executivos e ex-executivos da Odebrecht antes da eleição das Mesas da Câmara e do Senado. Para Requião, seria um “constrangimento” eleger alguém que futuramente fosse questionado.
A divulgação das delações, se ocorresse, poderia beneficiá-lo, uma vez que Eunício poderia ser enredado na colaboração da Odebrecht – embora citado, não é alvo de inquérito formal no Supremo Tribunal Federal (STF).
Maior bancada
Tradicionalmente, o partido com a maior bancada fica com a presidência da Casa, mas são comuns candidaturas alternativas. Nas últimas quatro eleições, por exemplo, o indicado do PMDB, que contava e ainda conta com o maior número de senadores, saiu vencedor.
Em 2015, Renan Calheiros (PMDB-AL) venceu a disputa contra o ex-senador Luiz Henrique, também do PMDB. Seu colega de partido se lançou na disputa com apoio do DEM, do PSDB e de outras legendas.
Dois anos antes, Renan foi eleito ao derrotar o então senador Pedro Taques (PDT-MT).
Em 2011, José Sarney (PMDB-AP) saiu vencedor no pleito contra Randolfe Rodrigues (REDE-AP), então no PSOL. Sarney era o presidente em exercício da Casa e vinha de uma vitória em 2009 contra Tião Viana, do PT.
O post Requião articula chapa alternativa e eleição no Senado fica indefinida apareceu primeiro em Jornal Correio do Brasil.