A partir desta quarta-feira Três récitas, na Zona Oeste, Centro e Zona Norte do Rio, confirmam importância do projeto de iniciação à ópera e ao universo da música lírica para formação de plateia: participam estudantes da rede pública e também público em geral que assiste a passagens dos clássicos ‘As Bodas de Fígaro’ e ‘O barbeiro de Sevilha’.
Por Redação – do Rio de Janeiro
Na vida e na arte, o maestro Rafael Rocha e o soprano Danielle Sardinha se unem em prol da ópera com o objetivo de divulgar, aproximar e, até quem sabe, atrair novos artistas para o gênero. São 20 anos assim, desde que, estudantes no ensino médio, passaram a olhar o mundo pelo filtro da música erudita. Moradores da Zona Oeste do Rio, eles são os criadores do projeto Cidadania Sinfônica Opera Studio – Cortina Lírica, que realizará três récitas entre Campo Grande, Centro do Rio e Quintino.
Estudantes, motivo de existir do projeto Cidadania Sinfônica Opera Studio, celebram com artistas no final da apresentaçãoA partir desta quarta-feira, no Teatro Arthur Azevedo, em Campo Grande, iniciam-se apresentações com ingressos a R$ 5. Na sequência, a programação segue em 11 de dezembro para o Salão Assyrius, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Dia 19 de dezembro, é a vez do Teatro Abdias do Nascimento, na Faetec de Quintino, Zona Norte, receber esse presente antecipado de Natal, com artistas renomados unidos a iniciantes sempre em prol da multiplicação e do poder da arte para transformar as pessoas. Em Quintino, a entrada é franca. O patrocínio é do Banco Santander e da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro.
O programa Cidadania Sinfônica Opera Studio ocorre com o formato Cortina Lírica, que é a demonstração de trechos encenados das óperas As Bodas de Figaro e O barbeiro de Sevilha, baseadas nas histórias do dramaturgo Pierre-Augustin Caron de Beaumarchais, tudo impecável, figurinos, maquiagem, libreto, 100% de capricho para entregar à plateia. Para que o público entre mais ainda na história, o autor é transformado no “personagem” Beaumarchais, interpretado pelo ator Mário Faini que, de forma leve e divertida, vai mostrando aspectos da ópera para quem assiste à sessão.
Cidadania Sinfônica reúne na ficha técnica mestres e iniciantes. Esta produção conta com Eliara Puggina, que é pianista co-repetidora na UniRio e tem várias participações em produções operísticas com realização do Theatro Municipal do RJ (TMRJ), bem como com o barítono Pedro Olivero, integrante do Coro do TMRJ, na direção musical. O ator e diretor cênico Mário Faini, que possui uma vasta experiência atuando em TV, cinema e teatro, também faz a direção cênica do espetáculo. O soprano Danielle Sardinha solta a voz, assume a direção de produção, já a direção artística é do maestro Rafael Rocha. Dentro e fora do palco, todo mundo se une para a iniciativa alcançar cada vez mais espectadores.
Além do objetivo de divulgar o gênero, o programa Cidadania Sinfônica também dá oportunidade para artistas recém-formados na graduação e na pós-graduação das universidades de música. É um celeiro de jovens talentos. “O Opera Studio é também oportunidade de ter contato com profissionais. Os cantores ou saíram recentemente da universidade, ou ainda estão estudando. Nos interessa fazer a ponte constante entre o mundo acadêmico e o universo do mercado de trabalho”, explica Danielle Sardinha.
Condicionamento de atleta
Quem vê o artista no palco não vê o “corre” que cada um dedica para a formação. “É necessário um condicionamento de atleta”, afirma a soprano Danielle Sardinha. Além do trabalho técnico peculiar a cada instrumento, incluindo a voz, e do condicionamento físico, no caso do cantor lírico há ainda todo um estudo aprofundado sobre a obra para chegar às escolhas artísticas na construção do personagem. “Uma coisa bacana na ópera é que quando a gente tem composições como as de Mozart e Rossini por exemplo, muito bem escritas, o temperamento do personagem já vem definido”, explica Danielle.
E complementa: “Tem bastante coisa pra se falar a partir disso. São aspectos como esse que nos motivaram a criar o Opera Studio. Um aspecto é que a música já é escrita de forma a deixar claro se o personagem é mais frágil, heróico ou fanfarrão, em suas melodias, ritmo e harmonia. Por outro lado, isso também vem definido pelo tipo vocal. Normalmente, uma bruxa ou uma mulher bastante sedutora costumam ser interpretadas por mezzo-sopranos. Uma boa referência é a da personagem da ópera ‘Carmen’, de Bizet. Já uma jovem inocente e doce, o compositor provavelmente indicará um soprano. O mocinho ou o herói, geralmente são interpretados por tenores. Barítonos e baixos são escolhidos para interpretar pais e avôs ou vilões”, afirma.
Como explica o maestro Rafael Rocha, o programa Cidadania Sinfônica tem por objetivo criar e desenvolver projetos com bases sólidas: “O Cidadania Sinfônica Opera Studio, é um destes projetos. A proposta é funcionar como uma escola de ópera. Trazer profissionais do mais alto gabarito para estarem juntos com cantores em início de carreira é fundamental. E junto a essa gama de possibilidades que este projeto traz, nós temos como objetivo fomentar produções de recitais, cortinas líricas e óperas pelos palcos de salas de concerto e teatros do Brasil e do mundo”.
“Uma realidade que nem todo mundo conhece é que a nossa formação como músico, seja instrumentista, como maestro ou cantor, nos exige grande dedicação para desenvolver habilidades que demandam tempo e muita prática. No caso dos cantores, para inserção no mercado de trabalho, essa prática precisa estar em seu currículo. A maioria das produções quando contrata um cantor lírico em início de carreira ou que ainda não é agenciado, para uma ópera, quer saber se ele já cantou determinado papel. Por isso, faz toda diferença a experiência que o Cidadania Sinfônica Opera Studio proporciona.”
Artistas que compõem o programa Cidadania Sinfônica Opera Studio posam nas escadarias do Theatro Municipal do Rio de JaneiroAssim, vários componentes estão entrelaçados no Cidadania Sinfônica. Que vem crescendo e aparecendo. No momento, através de parcerias, o programa mantém dois polos em Nova Iguaçu, dois na Tijuca e um em Campo Grande. “Criamos o projeto em 2004 quando ainda éramos estudantes de nível básico em música. Nesse início, o Rafael e eu reunimos alguns amigos com muita vontade de tocar e formamos uma banda sinfônica. Na época, eu tocava flauta transversa e ele dava seus primeiros passos como regente. A gente se reunia para ensaiar em locais alternativos como o porão de uma igreja, ou no quintal da casa de um colega, quando dava. Durante algum tempo, realizamos uma residência artística no Teatro Arthur Azevedo. Foi quando entendemos que precisávamos de uma estrutura e nos organizamos como pessoa jurídica.”, complementa Danielle Sardinha.
Cidadania Sinfônica busca alcançar pessoas que têm acesso restrito ou nenhum ao conhecimento da música de concerto. “Cada vez mais vamos ampliando nossa atuação. A próxima etapa é fazer workshops em escolas de Ensino Médio, contextualizando as óperas e a preparação dos artistas durante os ensaios, através de algumas demonstrações com parte do elenco caracterizado. Uma ex-aluna nossa, que integra o coral Madrigal Tijucano, está vindo integrar nossa equipe na produção. A expansão é constante”, finaliza.
Sobre Danielle Sardinha
Soprano, mestranda na área de Práticas Interpretativas em Música, especialização em ópera, pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e Bacharel em canto lírico pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Durante a sua formação se dedicou à Produção Musical e Gerência de Projetos, destacando-se a aprovação no edital Municipal em Cena, da Fundação Theatro Municipal do Rio de Janeiro para realização em 2022, junto ao Programa Cidadania Sinfônica/Orquestra Sinfônica Jovem de Campo Grande-RJ. Passou ainda por cursos de capacitação em Gestão Cultural pelo GIFE e pelo Programa Gestores 2021(Sala Cecília Meireles). Como cantora, participou de produções junto ao Coro Sinfônico do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Orquestra Sinfônica da UFRJ e da Associação de Canto e Coral (ACC) em espaços como HSBC Arena, Cidade das Artes entre outros. Também estudou na Escola de Música Villa-Lobos (EMVL) onde adquiriu conhecimentos de regência coral. Em sua carreira como docente atuou como professora em cursos profissionalizantes na Fundação de apoio à Escola Técnica, Governo do Estado do Rio de Janeiro (FAETEC).
Sobre Rafael Rocha:
Rafael Rocha é graduado em Regência Orquestral pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, sob orientação do Prof. Dr. André Cardoso. Iniciou seus estudos em música na Fundação de Apoio a Escola Técnica/RJ e na Escola de Música Villa-Lobos. Responsável por iniciativas culturais como Programa Cidadania Sinfônica e Orquestra Sinfônica de Campo Grande – RJ recebeu por essas realizações moções de honra ao mérito concedida pela Academia Brasileira de Medalhística Militar (ABRAMIL) de Congratulação e louvor da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, Prêmio de responsabilidade Social pela Associação de Imprensa da Barra da Tijuca, Prêmio Expressão Cultural da Coordenadoria Regional de Cultura da Zona Oeste do Rio de Janeiro, Placa de homenagem da Secretaria de Estado de Cultura e Fundação Anita Mantuano de Artes do Estado do Rio de Janeiro. Possui o Título de Comendador da Sociedade Brasileira de Artes, Cultura e Ensino. Medalha: Ordem do Mérito Cultural Carlos Gomes (São Paulo – SP).
Ficha técnica:
Direção Artística – Rafael Rocha | Direção Musical – Pedro Olivero
Direção Cênica – Mário Faini | Diretora de produção – Danielle Sardinha | Pianista – Eliara Puggina | Figurino e cenário – Carlinda Novaes, Charles Moura, Aline Moura | Maquiagem – Equipe Thais Belone
Elenco: Beaumarchais – Mário Faini (ator)
Barbeiro de Sevilha
Rosina (Soprano) – Dani Sardinha
Conde de Almaviva (Tenor) – Marcus Vinícius Lima
Basílio (Baixo) – Pedro Olivero
As Bodas de Fígaro
Fígaro (Barítono) – João Marcos Charpinel
Conde de Almaviva (Barítono) – Flávio Mello
Condessa (Soprano) – Dani Sardinha
Susanna (Soprano) – Letícia Moraes
Cherubino (Mezzo-soprano) – Daniela Moreira
Marcellina (Soprano) – Kassia Lima
Don Bartolo (Baixo) – Pedro Olivero
Basílio (Tenor) – Marcus Vinícius Lima
Serviço:
Cidadania Sinfônica Ópera Studio – Cortina Lírica
Espetáculo: Bodas de Figaro e O barbeiro de Sevilha, de Beaumarchais
Direção Artística – Rafael Rocha; Direção Musical – Pedro Olivero; Direção Cênica – Mário Faini. Pianista – Eliara Puggina
Elenco: Mário Faini, João Marcos Charpinel, Flávio Mello, Dani Sardinha, Letícia Moraes, Daniela Moreira, Marcus Vinicius Lima, Pedro Olivero, Kassia Lima.
Sinopse: oito cantores, um ator e uma pianista interpretam trechos das óperas O barbeiro de Sevilha e As bodas de Fígaro com a participação do personagem Pierre-Augustin Beaumarchais (dramaturgo autor dos textos que originaram as óperas)
Serviço:
Primeira apresentação:
Teatro Artur Azevedo – Rua Vítor Alves, 454. Campo Grande
Dia 29 de novembro, às 17h
Ingressos: R$ 5
Duração: 90 minutos
Segunda apresentação:
Theatro Municipal do Rio de Janeiro – Praça Floriano, s/nº
Dia 11 de dezembro, às 17h
Ingressos: R$ 5
Duração: 90 minutos
Terceira apresentação:
Teatro Abdias Nascimento (na Faetec de Quintino)
Endereço: Rua Clarimundo de Melo, 847 – Quintino Bocaiuva, Rio de Janeiro – RJ
Data 19 de dezembro, às 15h
Ingressos: Entrada franca
Duração: 90 minutos
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