A operação investiga um esquema de corrupção que envolvia pagamento de propinas e lavagem de dinheiro e aponta Cabral como chefe da organização
Por Redação, com ABr – do Rio de Janeiro:
O ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, deixou o Complexo Penitenciário de Gericinó pouco depois das 10h deste sábado para ser transferido pela Polícia Federal, informou a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária.
Cabral estava preso em Bangu 8, onde cumpre prisão preventiva pedida pelo Ministério Público Federal no âmbito da Operação Calicute. A operação investiga um esquema de corrupção que envolvia pagamento de propinas e lavagem de dinheiro e aponta Cabral como chefe da organização.
MPF aponta fatos
O Ministério Público Federal (MPF) detalhou no dia 7 deste mês informações sobre a denúncia apresentada contra o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral. Investigados, que se tornaram réus após decisão judicial que abriu a ação penal. O MPF enumerou 21 fatos que levaram a uma série de atos relacionados aos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

O ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral
Os procuradores da República, em entrevista coletiva à imprensa, explicaram que as investigações continuam e que novas denúncias poderão ser oferecidas.
O MPF e a Polícia Federal apuram um possível vazamento de informações sobre a operação. E a infiltração de pessoas ligadas à quadrilha na estrutura do estado do Rio de Janeiro.
O MPF afirma na denúncia que a Construtora Andrade Guttierrez devia R$ 25 milhões de propina a Cabral e R$ 5 milhões ao seu ex-secretário de Obras, Hudson Braga. Ao ex-governador, foram pagos efetivamente R$ 7,5 milhões.
Os procuradores afirmam que R$ 2 milhões contabilizados como propina pela construtora foram doados. Dentro das regras eleitorais, ao diretório nacional do PMDB. Para a campanha de 2010, e que Hudson Braga também recebeu perto de R$ 2 milhões.
Compras
Compras de joias, barcos e obras de arte e a construção de imóveis estão entre as estratégias usadas para ocultar o dinheiro recebido de propina da Andrade Gutierrez. Empresas que de fato existiam e falsos trabalhos de consultria também foram usados para que o dinheiro ilícito se misturasse ao lícito, o que dificultava o rastreamento.
O procurador Lauro Coelho evitou estimar quantos anos de prisão a denúncia pode provocar. Mas disse que a intenção do MPF é que todos os crimes sejam somados. Os procuradores afirmaram não ter indício de participação no esquema do atual governador Luiz Fernando Pezão, que foi vice-governador e secretário de obras de Sérgio Cabral.
Planilha
As informações sobre propinas pagas pela Andrade Gutierrez constam em uma planilha que peritos atestaram ter sido preenchida até 2012. O que, segundo o MPF, afasta a possibilidade dela ter sido produzida e alterada para a delação.
Dados fornecidos por colaboração premiada também deram subsídios para a as investigações sobre pagamento de propina. A Polícia Federal e o MPF acrescentaram provas e caracterizaram também a lavagem de dinheiro.
Com base na colaboração premiada dos executivos da Andrade Gutierrez. O Ministério Público suspeita que os valores de propina envolvidos nas obras do Maracanã e do PAC Favelas. Podem chegar a R$ 224 milhões. A estimativa é feita com base no cálculo de 5% do valor das obras. Que foi cobrado no esquema. Pode ter sido replicado na relação com as demais construtoras envolvidas.
Para o procurador Leonardo de Freitas, a crise no governo do Rio mostra que é urgente o combate à corrupção. “O Estado foi assolado por organização que praticou extensos atos de corrupção. E esse mesmo Estado vive uma crise aguda que, sem dúvida, seria em alguma medida menor se toda essa corrupção. Desgoverno não tivesse sido praticada no nosso passado recente”, disse.
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