A declaração da Venezuela, em situações normais, praticamente romperia as relações entre os dois países. Sequer o embaixador brasileiro em Caracas foi chamado a Brasília, imediatamente
Por Redação – de Brasília
O senador José Serra (PSDB-SP), levado à chefia do Ministério das Relações Exteriores do Brasil após o golpe de Estado, em Maio do ano passado, foi chamado de ‘chanceler de facto’ e corrupto pela representante da Venezuela, a ministra Delcy Rodrigues. E não houve qualquer reação. Até o fechamento dessa matéria, o Itamaraty não havia respondido ao pronunciamento da autoridade venezuelana para a representação internacional.
A declaração de Rodrigues, em situações normais, praticamente romperia as relações entre os dois países. Sequer o embaixador brasileiro em Caracas foi chamado a Brasília, imediatamente.
Venezuela reage
A chanceler venezuelana, por sua vez, reagiu de pronto à reunião de Serra, em Brasília, com o presidente da Assembleia Nacional venezuelana, Julio Borges. É público que Borges pretende levar adiante um golpe parlamentar contra o governo eleito de Nicolás Maduro, nos moldes deste, em curso, no Brasil.
— O chanceler de facto é acusado de graves delitos de corrupção e se intromete em assuntos internos da Venezuela. Golpistas não poderão com nosso povo! — disse a ministra Delcy Rodriguez. Ela avalia que Michel Temer, o argentino Mauricio Macri e o paraguaio Horacio Cartes formam a “tríplice aliança golpista”, que afastou a Venezuela do comando do Mercosul.
Serra, de fato, foi citado nas delações de executivos da empreiteira Norberto Odebrecht. Teria recebido R$ 23 milhões por meio de uma conta na Suíça, em nome do tesoureiro Ronaldo Cezar Coelho. A pedido da procuradoria-geral da República, a conta foi bloqueada e Serra deve ser alvo de inquérito assim que for levantado o sigilo das delações.
Golpista
Em uma rede social, Rodríguez referiu-se ao deputado Borges como “usurpador de funções” por considerar que só o governo tem o direito de representar o país no exterior.
“O senhor Julio Borges, envolvido em delitos contra a ordem constitucional da Venezuela, ostenta amizades corruptas”, disse.
Segundo Rodríguez, a oposição venezuelana representa uma quadrilha formada com governos adversários da democracia:
“A direita corrupta, golpista e criminosa se carteliza internacionalmente contra os povos de nossa América e favorece poderes imperiais”.
Julio Borges foi recebido por Serra na quarta-feira, depois de o venezuelano ter se reunido no Congresso com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDBCE). O governo venezuelano não reconhece o presidente Michel Temer, por considerar que o impeachment de Dilma Rousseff foi um golpe de Estado.
Suspensão
Serra atuou, ativamente, pela suspensão da Venezuela do Mercosul. Ele disse que o país tinha sido advertido quanto a essa possibilidade.
— Já tinha sido anunciado (que a Venezuela seria suspensa do bloco econômico) se não cumprisse certos requisitos. E foi — tripudiou o senador tucano.
O post Serra, chamado de ‘corrupto’ pela Venezuela, não reage apareceu primeiro em Jornal Correio do Brasil.