Por Redação, com Sputnik Brasil – de Moscou:
As nações árabes que inicialmente participaram dos ataques aéreos contra o Estado Islâmico liderados pelos EUA agora começaram a ter preocupações sobre os esquemas de Washington no Oriente Médio e desviaram os seus esforços para lidar com as ameaças que eles consideram sérias, disse à agência russa de notícias Sputnik especialista militar Vladimir Prohvatilov.
– Muitos sabem perfeitamente que os EUA não têm realmente interesse em derrubar o Estado Islâmico. O objetivo real de Washington é criar uma zona de caos controlado no Oriente Médio para resolver os seus assuntos geopolíticos e geoeconômicos. A tarefa dos EUA é provocar um conflito sangrento e arrastar outros para ele – opina o analista.
Os planos de Washington para o Oriente Médio, segundo Prohvatilov, motivaram o novo recém-eleito primeiro-ministro do Canadá de abandonar a campanha anti-EI dos Estados Unidos. Parece que Justin Trudeau não vê a participação do seu país na coalizão liderada pelos EUA como benéfica para o Canadá.
Esta postura não domina só em Ottawa, frisa o especialista. Muitos países árabes que nominalmente tomam parte da operação aérea estadunidense partilham este ponto de vista.
– As pessoas (na Arábia Saudita, Jordânia e Qatar) acostumaram-se com altos padrões de vida e não querem participar de uma guerra. O exército saudita é essencialmente completado por mercenários paquistaneses. Os cidadãos sauditas não têm vontade de combater – disse.
Os aliados árabes de Washington mudaram a sua atenção para o Iêmen e veem a luta contra os houthis como prioridade.
– Riad vê os houthis como ameaça desde que eles foram capazes de mobilizar até 200 mil combatentes experientes. O mesmo é justo para a Jordânia e o Qatar. Eles consideram o Iêmen como uma ameaça real enquanto o Estado islâmico é um jogo sutil criado pelos EUA – manifestou Prohvatilov.
A postura dos EUA em relação aos esforços de Moscou contra o terrorismo na Síria também faz parte deste jogo.
– Os estadunidenses querem que os russos cessem a campanha (para que Washington possa acusar Moscou de derrota militar ou covardia) ou que a expandam para que a Rússia sinta todos os custos de um engajamento militar maior – acrescentou.
O grupo terrorista Estado Islâmico, anteriormente designado por Estado Islâmico do Iraque e do Levante, foi criado e, inicialmente, operava principalmente na Síria, onde seus militantes lutaram contra as forças do governo. Posteriormente, aproveitando o descontentamento dos sunitas iraquianos com as políticas de Bagdá, o Estado Islâmico lançou um ataque maciço em províncias do norte e noroeste do Iraque e ocupou um vasto território. No final de junho de 2014, o grupo anunciou a criação de um “califado islâmico” nos territórios sob seu controle no Iraque e na Síria.
Cerco do Estado Islâmico
Fontes militares informaram à agência FARS que as forças aéreas da Rússia e da Síria iniciaram uma grande ofensiva contra os últimos focos de resistência do Estado Islâmico junto à base aérea de Kuweires, no sudeste da província de Aleppo, que há mais de dois anos está cercada pelo grupo jihadista.
O Exército sírio, os combatentes do Hezbollah e a Força de Defesa Nacional (guarda organizada para a guerra com serviço voluntário) estão aguardando apenas o sinal verde do comando das operações para iniciar as incursões por terra. Unidades com morteiros também estão atacando os terroristas como forma de enfraquecer as linhas de defesa jihadistas.
Dezenas de militantes do Estado Islâmico já teriam morrido na operação com o grupo extremista precisando recuar suas linhas para menos de um quilômetro da base de Kuweires. Diariamente, as forças sírias com o apoio russo avançam para livra a estratégica instalação do cerco terrorista.