Os talebãs reivindicaram a ofensiva contra o complexo aeroportuário, localizado em área residencial civil e onde há uma base da Otan e das tropas afegãs
Por Redação, com agências internacionais – de Cabul:
O Ministério da Defesa do Afeganistão elevou nesta quinta-feira para 50 o número de mortos no ataque dos talebãs ao aeroporto de Kandahar, a grande cidade do Sul do país.
– Cinquenta dos nossos compatriotas inocentes, incluindo 10 soldados, dois policiais e 38 civis, foram martirizados no ataque – informou o ministério em comunicado, acrescentando que 37 pessoas ficaram feridas.
Os talebãs reivindicaram a ofensiva lançada na noite da última terça-feira contra o complexo aeroportuário, localizado em área residencial civil e onde há uma base conjunta da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e das tropas afegãs.
O ataque a uma das maiores bases aéreas do Afeganistão coincidiu com uma conferência regional de paz no Paquistão, onde o presidente afegão, Ashraf Ghani, pediu ao Paquistão para ajudar a recomeçar conversas de paz com o Talebã, que foram interrompidas neste ano.
O ministério disse que operações contra os agressores, que tomaram posições em uma parte do complexo usada para acomodação, foram lentas para limitar o número de mortes entre civis.
Não houve relatos de mortes entre os milhares de militares internacionais e funcionários terceirizados que ocupam o local fortificado.
O movimento terrorista Talebã, que anteriormente tinha conquistado grandes territórios nas áreas rurais do país, agora iniciou uma ofensiva contra as grandes cidades. No fim de setembro os talebãs conquistaram a cidade de Kunduz, que nos tempos de paz tinha uma população de mais de 300 mil habitantes, e agora realiza ataques contra a cidade de Ghazni, centro administrativo da província homônima, situada no sudoeste da capital do país, Cabul.
Afeganistão
Nos últimos dias, apareceram notícias segundo as quais os militantes do Estado Islâmico teriam ocupado alguns territórios no leste do Afeganistão.
O especialista Petr Goncharov comentou a situação. “Os EUA e a OTAN perderam o jogo no Afeganistão e agora fingem que alegadamente sabem do aparecimento dos militantes do Estado Islâmico no Afeganistão. Mas surge uma pergunta: se sabem porque não fazem nada?” Na opinião do especialista, o Pentágono diz que os militantes agem com crueldade, praticando torturas e execuções, mas permanece somente observador.
O Estado-Maior da Rússia está preocupado com o facto de que o Daesh no Afeganistão usa a mesma tática que usou no Iraque e na Síria: penetram na região de forma clandestina e declaram o controle dos territórios. Segundo o Estado-Maior russo, o número de extremistas no Afeganistão atinge 3,5 mil, o que é muito.
O EI no Afeganistão é integrado por talebãs principalmente de origem paquistanesa, bem como por militantes chechenos e uzbeques. É interessante saber a opinião dos próprios afegãos. O líder do Movimento da Solidariedade Nacional, Seyed Eshaq Gailani, disse em entrevista à agência russa de notícias Sputnik que o EI é um novo fenómeno no Afeganistão.
– Avisámos a comunidade internacional que hoje há talebãs e amanhã aparecerá mais alguém que será pior que os talebãs – afirmou o político afegão.
Na opinião do político, é necessário resolver todos os problemas com os talebãs para enfrentar este novo fenómeno do Estado Islâmico.
– É preciso de salvar a nação porque é pouco provável que nós consigamos por nós próprios enfrentar o EI e os talebãs ao mesmo tempo – afirmou.
As posições do Estado Islâmico no Afeganistão são cada vez mais fortes. Há quem diga, pelo contrário, que o Daesh levará 4-5 anos a fortalecer as suas posições no Afeganistão até o nível que há no Iraque e na Síria. Mas quem o afirma engana-se porque o EI tem um forte financiamento.
