Pressionado por protestos também contra os péssimos resultados na economia, Temer já tenta se desvencilhar de sua missão principal. Mas corre o risco de ser derrubado pelos mesmos parlamentares que o apoiaram
Por Redação – de Brasília
Ainda atordoado pelas manifestações deste domingo, realizadas pelas mesmas pessoas que exigiram a saída da presidenta eleita Dilma Rousseff, o presidente de facto, Michel Temer, vê-se obrigado a vetar os artigos no pacote anticorrupção por seus aliados, no Congresso. Se o fizer, trai seu objetivo primário, que é o de “estancar essa sangria” da Lava Jato, como definiu seu líder no Congresso, Romero Jucá (PMDB-RR).
Pressionado por protestos também contra os péssimos resultados na economia, Temer já tenta se desvencilhar de sua missão principal. Mas corre o risco de ser derrubado pelos mesmos parlamentares que o apoiaram. “Se não sancionar, cai”, disse um deputado que não quis se identificar à reportagem do Correio do Brasil. Ele se referia às chamadas “10 medidas contra a corrupção”.
Verde e amarelo
Michel Temer já frustrou os agentes econômicos pró-impeachment, ao aprofundar a recessão. Agora, tem o condão de atrair a ira dos parlamentares que integram sua base de sustentação.
Nas manifestações deste domingo, as pessoas foram de verde e amarelo e levantaram cartazes em apoio à Lava Jato e ao juiz Sérgio Moro e pediram Fora Renan e Rodrigo Maia:
Jucá deixou claro que era preciso afastar Dilma Rousseff, eleita com 54 milhões de votos. Pensava que Temer pudesse salvar os mais de 200 políticos que serão afetados pelas delações da Lava Jato.
Na semana passada, esse trabalhou para “estancar a sangria” avançou com a ação do Congresso para conter o ímpeto da Lava Jato. No entanto, as manifestações de ontem emparedaram Temer, que disse a jornalistas que não ter nada a ver com esse esforço..
Impeachment
Não bastasse o resultado catastrófico das manifestações, os partidos da oposição e movimentos sociais vão protocolar, nesta terça-feira, um pedido de impeachment contra Michel Temer. O documento tem poucas chances de seguir adiante, mas se transforma em mais um instrumento de pressão contra Temer.
O pedido será assinado por PT, PCdoB, PDT e PSOL, além da União Nacional dos Estudantes (UNE), a Central Única dos Trabalhadores (CUT). O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), entre outros, também são signatários.
Este é o segundo pedido de impeachment contra Temer após o escândalo que culminou na demissão de Geddel Vieira Lima. Os fatos demonstram que não só o ex-ministro, mas também o presidente pressionaram o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero. Geddel queria liberar uma obra que estava embargada em Salvador, onde Geddel possui um imóvel.
O pedido reforça o argumento já protocolado pelo PSOL, de que Temer praticou crime de responsabilidade.
— Há consenso de que há crime de responsabilidade e de que o pedido de impeachment é a peça concreta que cabe neste momento — comentou a líder da oposição na Câmara, Jandira Feghali (PCdoB-RJ).
O post Temer anda na corda bamba entre trair aliados e desapontar a ultradireita apareceu primeiro em Jornal Correio do Brasil.