Pressionado por seus marqueteiros, finalmente, Temer resolveu falar sobre o assunto. E classificou o massacre como “aquele acidente pavoroso”
Por Redação – de Brasília
Presidente de facto e avesso a polêmica, o peemedebista Michel Temer levou três dias para digerir a tragédia que se abateu sobre o país, uma vez exposta a fratura no sistema prisional brasileiro com a morte de 56 detentos e a fuga de outros 150 de cadeias no Amazonas. Pressionado por marqueteiros, finalmente, Temer resolveu falar sobre o assunto. E classificou o massacre como “aquele acidente pavoroso”.

Na reunião com seus auxiliares, Temer diz que presta ‘solidariedade governamental’ às famílias das vítimas de massacre
À sua maneira, o substituto da presidenta deposta Dilma Rousseff prestou solidariedade às famílias das vítimas.
— É uma solidariedade governamental e tenho certeza de que apadrinhada por aqueles que aqui se acham — disparou. Temer estava reunido com alguns dos integrantes de postos-chave na sua administração.
Temer também culpou o governo do Amazonas pela tragédia. Segundo afirmou, o presídio de Manaus é privatizado. Por isso, diz ele, a responsabilidade do governo estadual ainda não está muito “clara” e “objetiva”.
— Vocês sabem que lá em Manaus o presídio era terceirizado, era privatizado. E, portanto, não houve, por assim dizer, uma responsabilidade muito objetiva, muito clara, muito definida dos agentes estatais — disse o presidente.
Participam da reunião desta quinta-feira os ocupantes das pastas das Relações Exteriores, José Serra, e Justiça, Alexandre de Moraes. Também estavam presentes, Raul Jungmann, da Defesa, Sérgio Etchegoyen,Segurança Institucional, e Eliseu Padilha, da Casa Civil.
Presídios
Segundo o ocupante do Palácio do Planalto, a União precisa assumir sua parcela de culpa nas condições do sistema prisional brasileiro.
— A preocupação gerada nos últimos tempos faz com que todos nós tenhamos ciência e consciência de que se trata de um problema nacional. A União há de ingressar, fortemente, nessa matéria. Porque, volto a dizer, hoje a questão da segurança pública, embora cabível aos Estados, na verdade ultrapassou os limites dos Estados e gera uma preocupação nacional — disse ele, na abertura da reunião.
Segundo Temer, serão construídos nos próximos anos mais cinco presídios federais para lideranças de grupos criminosos de alta periculosidade. E o governo quer investir R$ 150 milhões para a instalações de bloqueadores de celulares em pelo menos 30% das prisões de todo o país.
— Na verdade, a ideia é que haja pelo menos 200 a 250 vagas em cada presídio — disse.
E falou, também, sobre o custo da iniciativa de construção desses cinco presídios.
— Isso vai custar mais ou menos, pelas projeções feitas, de 40 a 45 milhões por unidade — prevê.
Repasse
Na semana passada, o governo já havia anunciado o repasse de R$ 1,2 bilhão aos Estados por meio do Fundo Penitenciário Nacional. A maior parte será destinada à construção de presídios e melhoria da infraestrutura e serviços do sistema.
Temer disse, ainda, que desses R$ 1,2 bilhão já anunciados, cerca de R$ 800 milhões serão destinados à construção um presídio por Estado. Ele também aproveitou para afirmar que há uma nova determinação, já transmitida ao responsável pela pasta da Justiça. As novas penitenciárias deverão separar fisicamente os presos que praticaram delitos leves daqueles que cometeram delitos graves.
Rebelião mais violenta no país em quase 25 anos, o motim dentro do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), teve início na noite de domingo. Terminou na segunda-feira, deixando 56 mortos como resultado de uma briga entre facções rivais.
Na quarta-feira, o ocupante do Ministério da Justiça afirmou que o governo do Amazonas tinha informações com antecedência sobre um plano de fuga do presídio em Manaus. Mas alega não ter sido informado, nem recebido pedido de ajuda para enfrentar a questão.
O post Temer classifica o massacre com 56 mortos como ‘acidente pavoroso’ apareceu primeiro em Jornal Correio do Brasil.