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Temer desembarca na Noruega sob críticas e agenda esvaziada

22 de Junho de 2017, 12:53 , por Jornal Correio do Brasil - | No one following this article yet.
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Apenas 20 noruegueses estiveram presentes ao encontro de Temer em Oslo, onde fica até sexta-feira.

 

Por Redação, com agências internacionais – de Oslo e São Paulo

 

A primeira parada desta quinta-feira, em Oslo, consolidou o saldo negativo do giro que o presidente de facto, Michel Temer, encerra nas próximas horas pela Rússia e a Noruega. Temer desembarcou sob uma saraivada de críticas do governo norueguês pelo salto no desmatamento da Amazônia. O peemedebista desembarcou às 12h40 locais (7h40 no horário de Brasília) para uma estada de 48 horas ao país escandinavo.

Presidente de facto, Michel Temer, foi recepcionado pela embaixadora da Noruega no Brasil, Aud Marit Wiig, em sua chegada a Oslo

Presidente de facto, Michel Temer, foi recepcionado pela embaixadora da Noruega no Brasil, Aud Marit Wiig, em sua chegada a Oslo

Logo após o desembarque, ainda pela manhã, Temer encontrou-se com representantes de algumas das principais empresas norueguesas, entre elas a estatal petroleira Statoil que, recentemente, comprou por US$ 2,5 bilhões a participação de 66% da Petrobras no bloco de Carcará, no pré-sal.

No encontro com empresários noruegueses, Temer fez um discurso no qual garantiu que seu governo será mantido até o ano que vem. E, nesse meio tempo, continuará “avançando na agenda de reformas”. Ele repetiu que adota um sistema de presidencialismo semi-parlamentarista, num recado para o Congresso, responsável pela aprovação das medidas econômicas.

Plateia reduzida

Na volta ao Brasil, o suspeito investigado no Supremo Tribunal Federal (STF), ao lado do ex-assessor, o hoje presidiário Rodrigo Rocha Loures, enfrentará um pedido da Corte Suprema ao Congresso para que possa ser processado. Ambos são acusados de formação de quadrilha, corrupção e obstrução da Justiça, entre outros crimes.

— Faço um presidencialismo semiparlamentarista e conto com o apoio do Congresso para reformas inadiáveis que estamos fazendo e, sem cujo apoio, não conseguiríamos levar adiante essas reformas — disse Temer. Ele assegurou aos investidores noruegueses que encontrarão “um Brasil de fundamentos sólidos e oportunidades de investimentos muito seguras”.

A plateia, em Oslo, era formada por 20 noruegueses, entre autoridades, representantes de associações e empresários, incluindo o vice-presidente executivo de desenvolvimento e produção internacional da estatal petrolífera Statoil, Lars Christian Bacher, e representantes e CEO’s de outras companhias, como a mineradora Hydro; a Aker Solutions, Kongsberg Maritime e SIEM Industries, que também atuam no ramo de petróleo e gás; Knutsen OAS Shipping, DOF, Vard, da área de transporte marítimo, e a Statkraft, do setor de energia.

Questão ambiental

Nas horas que antecederam a chegada do mandatário, empossado após a queda da presidenta deposta Dilma Rousseff (PT) há pouco mais de um ano, fervilharam as críticas do governo norueguês quanto à política ambiental brasileira. Oslo é o principal financiador estrangeiro de projetos na Amazônia e já doou R$ 2,77 bilhões desde 2009.

Em carta ao governo, o ministro do Clima e Meio Ambiente, Vidar Helgesen, demonstrou preocupação com propostas em trâmite no Congresso como a implantação de regras mais frouxas de licenciamento ambiental. A medida reduz, ainda, a proteção de unidades de conservação; além do corte no orçamento para fiscalização contra o desmatamento.

Aos poucos empresários presentes ao encontro, Temer disse que levava “uma mensagem de confiança”. E que seu governo está melhorando o ambiente de negócios no Brasil.

— O Brasil, digo sem medo de errar, está deixando para trás uma severa crise de sua historia. Temos levando adiante reformas que não se viam há muito tempo no país — diz ele.

Temer reúne-se, nesta sexta-feira, com o Rei Harald V, com a primeira-ministra, Erna Solberg, e com o presidente do Parlamento, Olemic Thommessen.

Em queda

Tanto as autoridades norueguesas quanto da Rússia, de onde Temer saiu nesta manhã, avaliam como terminal a situação política do representante brasileiro. Temer e o presidente russo, Vladimir Putin, assinaram uma declaração conjunta na qual os dois países manifestam posições e agendas de interesse comum relativas à política internacional.

Segundo o ex-vice-presidente, os acordos facilitarão o comércio e os reinvestimentos, além de aprofundar o diálogo político. No jargão diplomático, porém, trata-se de apenas uma agenda “para enxugar gelo”. De baixíssimo impacto na realidade dos dois países.

Para o diplomata brasileiro Samuel Pinheiro Guimarães, ouvido por Eduardo Maretti, repórter da revista Rede Brasil Atual, a visita de Temer à Rússia deve ser encarada sob dois pontos de vista. O primeiro é a tentativa de o governante brasileiro mostrar “normalidade ao público interno”, onde menos de 5% da população aprova sua gestão.

Cautela

Após reunião no Kremlin, Brasil e Rússia assinaram uma declaração conjunta de cooperação no combate ao terrorismo. E deram declarações vagas de amizade e boas relações. Para Guimarães, não se podia esperar de Putin uma postura diferente.

— Eles sabem da possibilidade de o governo mudar em breve. Todavia, os países procuram não interferir na situação de outros países para manter uma certa normalidade nas relações. O Brasil em si é um país importante, inclusive para a Rússia, como parceiro comercial — disse.

O diplomata, ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos no fim do segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva e alto-representante-geral do Mercosul entre 2011 e 2012, ressalta que a cautela de Putin tem menos a ver com o atual mandatário brasileiro do que com o próprio Brasil.

Venezuela

Em oposição ao posicionamento diplomática de Putin em relação a Temer, Guimarães critica severamente a posição do próprio Brasil contra a Venezuela. Trata-se do exemplo contrário aos mais básicos princípios da diplomacia internacional.

— Temos uma posição, no caso da Venezuela, muito equivocada. Tudo para procurar se alinhar com a política exterior americana. Procura-se derrubar o governo da Venezuela. Não temos nada a ver com isso. Estamos manchando a imagem do Brasil com um país que respeita os outros — afirmou.

O Brasil e outros países, atuais aliados ideológicos, entre os quais México, Colômbia e Argentina, sob a influência dos Estados Unidos, tentam encontrar um meio de condenar o país de Nicolás Maduro no âmbito da 47ª  Assembleia da Organização dos Estados Americanos (OEA), esta semana, em Cancún. Esses países vêm defendendo a suspensão da convocação de uma Assembleia Constituinte na Venezuela.

A iniciativa do México, que propôs declaração de condenação da Venezuela, foi derrotada na sessão de terça-feira na OEA. Precisava de 23 votos, mas teve apenas 20.

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Fonte: http://www.correiodobrasil.com.br/temer-desembarca-noruega-criticas-agenda-esvaziada/

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