A ordem presidencial foi ampliada logo após o cancelamento do encontro entre os presidentes da Rússia e da França, François Hollande, no início da semana
Por Redação, com agências internacionais – de Londres e Moscou
Cresce a apreensão global diante dos riscos de uma guerra, de grandes proporções, diante da crise entre Moscou e Washington. Na noite passada, um site de notícias russo publicou a notícia. Putin teria chamado de volta para a Rússia os ocupantes de altos cargos no governo, juntamente com suas famílias. Ex-presidente russo, Mikhail Gorbachev também alertou, nesta quinta-feira, para o agravamento da tensão entre as potências nucleares.
O ombudsman russo para questões relativas às crianças, Pavel Astakhov, teria sido demitido porque não quis levar a família de volta a Moscou
A notícia foi publicada, em primeira mão, no site russo Znak.com, citando “políticos de alta patente”. A jornalista Yekaterina Vinokurova, que assina a matéria, em cirílico, informa que as famílias destes altos funcionários receberam um aviso informal do presidente Putin. Determinou que todos retornassem ao país. O quanto antes.
— Importante notar que não há qualquer instrução formal e por escrito para os funcionários russos, pois tais restrições são ilegais. Trata-se mais de uma “recomendação”. Soube de três casos de pessoas, cujas famílias vivem no exterior, que se recusaram a cumprir a medida. Há, ainda, rumores de que o descumprimento desta determinação (do governo russo) teria levado o presidente a demitir Pavel Astakhov. Trata-se do polêmico ombudsman para os direitos das crianças. Seus filhos vivem em Londres. Depois de publicado o meu artigo, outros veículos da imprensa russa pautaram o assunto — disse Vinokurova, à reportagem do Correio do Brasil, por telefone.
Rússia em alerta
A ordem presidencial já existia, segundo o Znack.com. Mas foi ampliada logo após o cancelamento do encontro entre os presidentes Putin e François Hollande, no início da semana. Ainda de acordo com o site, além dos altos dignatários, diretores, administradores de empresas, advogados e demais empregados de relevância imediata, nas grandes empresas estatais, devem voltar para casa, com suas famílias.
“Mesmo os jovens e crianças, em idade escolar, devem deixar os estudos imediatamente, e acompanhar os pais de volta para casa”, afirma o diário britânico Daily Mail, que também repercutiu a notícia. Aqueles que não cumprirem a ordem, segundo comunicação do Kremlin, “arriscam suas chances de promoção na carreira”, acrescenta o Mail.
Ponto perigoso
Ainda esta semana, Moscou enviou grupamentos do exército, armados com lançadores de mísseis nucleares, à fronteira com a Polônia. Reforçaram, assim, a linha divisória entre a Europa e a Rússia. O aumento nas tensões entre o Kremlin e o Ocidente deve-se, em parte, ao conflito na Síria. Putin apoia o presidente sírio Bashar Al-Assad contra insurgentes organizados no Exército Livre da Síria. Eles são apoiados pela França, a Grã-Bretanha e os EUA. Os norte-americanos também sustentam a Frente Islâmica de Libertação da Síria. Esta facção reúne militantes islâmicos ‘moderados’, segundo os classifica o vice-presidente dos EUA, Joe Biden.
Na manhã desta quinta-feira, o ex-presidente russo Mikhail Gorbachev também alertou, segundo a mídia local, para o crescente risco de uma guerra nas fronteiras entre a Rússia, a Ucrânia e a Polônia. Segundo Gorbachev, um dos últimos dirigentes do Partido Comunista da União Soviética, “o mundo está em um ponto perigoso devido à elevação das tensões entre a Rússia e os EUA”.
Nenhuma autoridade russa, procurada pela reportagem do CdB, confirmou ou negou a notícia publicada no site russo.
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