Por Sheila Sacks, do Rio de Janeiro:

Estudo desenvolvido por um pesquisador do “Institute for the Study of Labour” (IZA), uma organização sediada em Bonn, na Alemanha, que reúne mais de 1.500 economistas de 50 países, apontou evidências de que a demasiada cobertura dada pela mídia a atos terroristas não inibe esse tipo de violência, ao contrário, provoca novas ações semelhantes. O autor da pesquisa é Michael Jetter, professor da Faculdade de Economia e Finanças da Universidade EAFIT, em Medellín, na Colômbia, que analisou mais de 60 mil ataques terroristas entre 1970 e 2012, tendo como base as notícias publicadas no “New York Times”.
Jetter observa que em 1998 foram listados pelo ”The Global Terrorism Database” (GTD) 1.395 ataques, tendo esse número aumentado até chegar ao recorde de 8.441 em 2012. Segundo o economista, os terroristas precisam da cobertura da mídia para espalhar a sua mensagem, criar um ambiente de medo e recrutar seguidores. “Entretanto, até agora não sabíamos se a cobertura da mídia incentivava de forma ativa esses ataques”, pondera. De acordo com a análise de Jetter, uma notícia do “New York Times” focalizando um ataque terrorista em determinado país aumentou em 11% a 15% o número de ataques que se seguiram nesse país após a publicação da matéria.
Sobre os graus de dimensão da cobertura da mídia aos diferentes tipos de atividades terroristas, Jetter avalia que as missões suicidas recebem uma atenção maior dos meios de comunicação o que explicaria a sua crescente popularidade entre os grupos terroristas. Quanto à possibilidade de se limitar a cobertura sensacionalista sobre ataques terroristas visando um possível declínio dessas ações, o pesquisador opina em outro sentido: o de repensar o comportamento da mídia que até agora tem servido como uma plataforma livre para os terroristas.
O artigo sobre o tema foi publicado no jornal britânico “The Guardian” e leva a assinatura do brilhante jornalista Jamie Doward (“The Observer”), que este ano lançou seu primeiro livro, “Toxic”, um thriller criminal que mistura sistema financeiro, lavagem de dinheiro, célula terrorista, agentes de inteligência, conspiração global e perigo nuclear.
http://www.theguardian.com/media/2015/aug/01/media-coverage-terrorism-further-violence
Sheila Sacks, jornalista formada pela PUC-RJ sempre trabalhou em assessoria de imprensa.Tem artigos publicados nos sites Observatório da Imprensa e Rio Total. Desde 2009 mantém o blog “Viajantes do tempo”.
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