De última hora, juiz suspende banimento do aplicativo chinês, considerado uma ameaça por Trump. Para que continue operando no mercado norte-americano, empresa tem que ser vendida para conglomerado dos EUA.
Por Redação, com DW – de Washington
A decisão de um juiz na noite de domingo impediu de última hora que o TikTok, popular aplicativo de vídeos curtos para celular, fosse banido dos Estados Unidos.
Tiktok afirma ter 100 milhões de usuários nos EUAO app, propriedade de uma empresa chinesa, é considerado uma ameaça à segurança nacional pelo governo Donald Trump e está no centro de uma disputa entre EUA e China.
O governo Trump queria que, a partir da 0h desta segunda-feira, novos downloads do aplicativo fossem proibidos em território norte-americano e que, a partir de 12 de novembro, o acesso ao app fosse completamente cessado.
A decisão do juiz de Washington se aplica somente ao ultimato deste 27 de setembro, o que significa que usuários poderão continuar a usar o aplicativo normalmente. As datas haviam sido fixadas pelo Departamento de Comércio norte-americano há alguma semanas.
Trump havia dado um ultimato até meados de setembro para que norte-americanos parassem de fazer negócios com a ByteDance, dona do aplicativo. Isso, na prática, forçou a venda do TikTok a uma empresa dos EUA.
Ao que tudo indica, o aplicativo será comprado pela Walmart e a Oracle. O acordo entre as duas empresas e a ByteDance permitiria que o TikTok continue operando nos EUA.
A ByteDance disse que seu acordo com a Oracle e o Walmart envolveria a criação de uma empresa norte-americana autônoma e não permitiria transferência de tecnologia. A Oracle poderia, inclusive, inspecionar o código-fonte do TikTok nos EUA. Uma confirmação oficial do acordo ainda está pendente.
O TikTok, de propriedade da empresa ByteDance Ltd., sediada em Pequim, tornou-se famoso por seus vídeos curtos, muito populares entre adolescentes e como canal de marketing para celebridades. A empresa afirma ter 100 milhões de usuários nos EUA e centenas de milhões em todo o mundo. Os executivos da ByteDance avaliaram o TikTok em mais de US$ 50 bilhões.
Os serviços chineses
O governo dos EUA expressa com frequência preocupação com os serviços chineses de mídia social e alega que eles poderiam fornecer informações pessoais de usuários norte-americanos às autoridades chinesas.
No entanto, o governo norte-americano não forneceu nenhuma evidência de que este seja o caso do aplicativo TikTok. Em vez disso, apontou para a capacidade do Partido Comunista de forçar empresas chinesas a cooperar. De acordo com uma lei chinesa introduzida em 2017, as empresas têm a obrigação de apoiar e cooperar com o trabalho de inteligência do país.
Órgãos reguladores dos EUA mencionaram preocupações de segurança semelhantes no ano passado, quando o proprietário chinês do aplicativo Grindr foi obrigado a vendê-lo.
O TikTok comunicou que não atenderia a nenhum pedido de compartilhamento de dados de usuários com as autoridades chinesas.
Venda forçada do TikTok
O Ministério do Exterior da China manifestou clara oposição à venda forçada do TikTok por considerar que violaria os princípios da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Pequim vê a venda do TikTok como mais um capítulo da guerra comercial com Washington, que tenta conter o crescente poderio tecnológico do gigante asiático, com restrições impostas, por exemplo, à empresa de telecomunicações Huawei e à popular rede social WeChat, do conglomerado digital Tencent.