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Tragédia de Brumadinho: uma série de maus exemplos

enero 31, 2019 18:14 , por Correio do Brasil - | No one following this article yet.
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Seria possível chegar a um dos dois grandes aeroportos de BH em poucas horas. A capital mineira fica a 40 minutos de carro de Brumadinho.

 

Por Alfredo Herkenhoff – do Rio de Janeiro

Quando o barro ferrífero da maximização dos lucros desceu era pouco mais de meio-dia de sexta-feira passada.

Militares de Israel posam para foto ao pousar no Brasil para missão de resgate em BrumadinhoMilitares de Israel posam para foto ao pousar no Brasil para missão de resgate em Brumadinho

Todo mundo logo avisou ao chefe da Vale que havia centenas de soterrados no restaurante cheio para o almoço e havia muita gente também ali na sede administrativa da empresa, atingida em segundos pela tsunami ambiental. O cara nomeado por Aecio Neves sabia um minuto depois da desgraceira que havia centenas de mortos. E escondeu este número.

Bombeiros entraram valorosamente em ação. Policiais e voluntários se puseram a procurar corpos e sobreviventes. Gratidão a todos para sempre…

Brumadinho

Mas parece que foi um crime adicional a direção da Vale não telefonar para Hamilton Mourão e dizer: “As Forças Armadas precisam usar todas as suas aeronaves – das Três Armas – para uma situação de guerra, de desastre; levar agora, às pressas, soldados e bombeiros de todas os Estados, principalmente daqueles com mais experiência em catástrofes, como Santa Catarina daqueles dias de Blumenau, e Rio com aqueles deslizamentos de morros e a mega tromba d’água de Friburgo” etc.

Seria possível chegar a um dos dois grandes aeroportos de BH em poucas horas. A capital mineira fica a 40 minutos de carro de Brumadinho, esta pequena cidade fica a uns cinco minutinhos de helicópteros partindo de Belo Horizonte…

Mas nada. A notícia da barragem foi dentro do possível abafada e ainda ajudou a abafar o escândalo da dinastia Bolsonaro com Queiroz e as milícias.

Sincronia

Os bombeiros de Minas e os poucos de outros Estados foram espetaculares, mas ficaram sobrecarregados. Há muitas cenas em que estavam extenuados e atolados na lama quase movediça.

Por causa da política, da má política, o Brasil não usou prontamente todos os recursos militares e humanos de que dispunha para entrar em operação ainda na tarde de sexta-feira. Faltou sincronia. Talvez tenha faltado ética. Talvez tenha havido excesso de política.

O avião de Israel com cento e tantos soldados só aterrissou em BH no fim do domingo, mais de 50 horas depois do rompimento da barragem. Os israelenses só começaram a operar na lama na segunda-feira, quase 72 horas depois do desastre. Mas antes, muitas fotos da tropa diante do Boeing de Israel recém-aterrissado.

Cartão postal

Que não saiba a mão esquerda o que faz a direita. A Biblia, o Corão e o Talmud devem coincidir, milenarmente, contra o marketing da ajuda ou caridade… A foto dos 130 militares diante do aparelho mais parecia foto de comemoração, foto de marketing, quase futebolística de país campeão. Veja na foto aí que há soldados sentados e até deitados na pista do aeroporto.

Cartão postal, souvenir de uma viagem aos trópicos? Israel é terra seca, não há ambiente propício para geração de expertise em operação de lama de enchentes como as de Friburgo, Rio e Blumenau.

A propaganda de que os militares israelenses seriam mais eficientes do que os brasileiros na lama arrebentou com a imagem do Exército Brasileiro.

Desídia

Foi um erro, houve falha, talvez desídia. Talvez haja coisa pior nessa ajuda com marketing e com ausência de uma presença mais avassaladora das Forças Armadas. Sim, que toda ajuda é bem-vinda. E agradeçamos aos israelenses que conheceram a lama pela primeira vez. Aliás, há uma cena em que um soldado israelense atolado é socorrido por bombeiros mineiros.

Talvez haja coisa pior nesse angu encaroçado porque o governador Wilson Witzel e um dos garotos de Jair estiveram em Israel neste mês de janeiro para negociar compra de equipamentos de controle de multidões.

E a barragem com rachaduras – duas pessoas falaram disso – se arreganhou repentinamente no almoço de uma sexta-feira sem sirene, dias depois de os sauditas anunciarem que não mais comprariam carnes brasileiras por causa do lero lero da dinastia Bolsonaro falando em Jerusalém como capital. E os sauditas e a Liga Árabe também se irritaram com aquela viagem a Israel de Wilson com um dos três filhos do capitão reformado.

Humanidade

By the way, salvo engano, Jair era tenente quando dançou por indisciplina. Naquele tempo, quando um militar era reformado ganhava uma promoção automática na patente.

Talvez o general Mourão tenha falhado em não atropelar o tenente-capitão e acionar todos os recursos humanos espetaculares das Três Forças. Talvez, se fizesse isso, seria visto pela família dinástica como um virtual vice homem-forte de fato. Um dia saberemos…

Os israelenses estão decolando hoje, agora, de volta para casa. Acho que não há aeroporto em Jerusalém. Mas como o país é pequeno, tem mais ou menos a metade da área do Estado do Espirito Santo ou do Estado do Rio, os valorosos militares judeus devem aterrissar no aeroporto Ben Gurion, que fica no meio do caminho entre a capital Tel Aviv e Jerusalém.

Damares

E encerro com uma guinada: Jerusalém devia ser a sede da ONU e capital de um lado de Israel e do outro lado, a capital do Estado Palestino. Um mundo assim pacificado e tolerante seria vantajoso para toda a humanidade, na linha do hindu Mahatma Gandhi: Toda religião merece respeito desde que respeite todas as demais.

Mas Bolsonaro e seus 01, 02, 03, Olavo e seus ministro Ernesto e o olavateiro da Colômbia não querem. Eles só aceitam duas religiões: a de Israel e a de neo pentecostais brasileiros: Yes, nós temos bananas, Damares pra dar e vender.

Alfredo Herkenhoff é jornalista.


Origen: https://www.correiodobrasil.com.br/tragedia-brumadinho-serie-maus-exemplos/

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