Em vigor desde a madrugada do último dia 24, o acordo negociado pelo Qatar, com apoio do Egito e dos Estados Unidos, permitiu até o momento a libertação de 50 reféns que estavam sob poder do Hamas na Faixa de Gaza e de 150 palestinos presos em Israel.
Por Redação, com CartaCapital – de Gaza
A trégua entre Israel e Hamas foi prorrogada nesta terça-feira para permitir a libertação de mais reféns israelenses e detentos palestinos, assim como a entrada de ajuda adicional na Faixa de Gaza, onde a situação humanitária é considerada “catastrófica”.

Nesta terça-feira, durante o quinto dia consecutivo sem combates, o Hamas libertará 10 reféns israelenses em troca de 30 prisioneiros palestinos, informou à agência francesa de notícia AFP uma fonte próxima ao movimento islamista palestino.
– Houve uma troca de listas de nomes, sem a apresentação de objeções – declarou a fonte. “Alguns trabalhadores estrangeiros em Gaza também serão liberados”, acrescentou.
A imprensa israelense já havia informado que o governo do país recebera uma lista com os nomes dos 10 reféns.
Em vigor desde a madrugada do último dia 24, o acordo negociado pelo Qatar, com apoio do Egito e dos Estados Unidos, permitiu até o momento a libertação de 50 reféns que estavam sob poder do Hamas na Faixa de Gaza e de 150 palestinos presos em Israel.
Reféns
Além disso, outros 19 reféns, em sua maioria trabalhadores estrangeiros em Israel, foram libertados pelo Hamas à margem do acordo que, a princípio, teria duração de quatro dias, até a madrugada desta terça-feira.
Poucas horas antes do fim do prazo, Estados Unidos e Catar anunciaram a extensão da trégua por mais dois dias, até a quinta-feira às 7H00 de Gaza (2H00 de Brasília). No prazo adicional devem ser libertados quase 20 reféns e 60 presos palestinos.
“As partes palestina e israelense alcançaram um acordo para prolongar a pausa humanitária em Gaza por mais dois dias”, anunciou em um comunicado o porta-voz da diplomacia do Qatar, Majed al Ansari.
Durante a noite de segunda-feira, 11 reféns israelenses foram libertados na Faixa de Gaza, incluindo seis de famílias argentinas: uma mãe e as duas filhas adolescentes e a mulher de um argentino que permanece sequestrado e suas duas filhas gêmeas de três anos.
O Ministério das Relações Exteriores da Argentina, que identificou pelo menos 21 cidadãos desaparecidos ou sequestrados no ataque de 7 de outubro do Hamas, comemorou a libertação do grupo, mas pediu “a libertação imediata e incondicional de todos os reféns”.
“Alegria indescritível”
Pouco depois, Israel libertou 33 palestinos de suas prisões, incluindo Mohamed Abu al Humus, que abraçou a mãe ao retornar para casa em Jerusalém Oriental.
– Não posso descrever o que sinto. É uma alegria indescritível – declarou aos correspondentes da AFP.
Em Beitunia, na Cisjordânia ocupada, a recepção aos presos liberados terminou em confrontos com as forças de segurança de Israel. Um jovem palestino morreu ao ser atingido por tiros, informou o Ministério da Saúde palestino.
Antes da extensão da trégua, o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, aprovou a inclusão de “50 prisioneiros” na lista de pessoas que podem ser liberadas, entre elas Ahed Tamimi, uma jovem que virou símbolo da causa palestina.
Os mediadores trabalham para prolongar a trégua além das 48 horas adicionais. O secretário de Estado americano, Antony Blinken, viajará no fim de semana para Israel e Cisjordânia ocupada para reuniões com Netanyahu e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas.
Pressão da sociedade civil
Apesar da pressão da sociedade civil para conseguir o retorno de mais reféns, tanto o Exército como o governo de Israel reiteraram nos últimos dias que pretendem retomar os combates para “eliminar” o Hamas.
O governo de Netanyahu solicitou ao Parlamento um orçamento “de guerra” de 30,3 bilhões de shekels (US$ 8 bilhões, R$ 39 bilhões).
Israel iniciou a ofensiva contra a Faixa de Gaza após o ataque do Hamas em 7 de outubro, quando 1,2 mil pessoas foram assassinadas por combatentes islamistas e outras 240 foram sequestradas, segundo as autoridades israelenses. Entre os mortos estão mais de 300 militares ou integrantes das forças de segurança.
Em Gaza, alvo de bombardeios incessantes e de uma ofensiva terrestre desde 27 de outubro, a operação israelense deixou 14.854 mortos, incluindo 6.150 menores de idade, segundo o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas.
“Catastrófica”
A extensão da trégua deve permitir a entrada de mais caminhões com ajuda para a Faixa de Gaza, cercada e devastada por sete semanas de ofensiva israelense.
– A situação humanitária em Gaza continua sendo catastrófica e o território precisa da entrada urgente de ajuda adicional de forma fluida, previsível e contínua para aliviar o sofrimento insuportável dos palestinos em Gaza – afirmou o emissário da ONU para o Oriente Médio, Tor Wennesland.
Mais de metade das residências do território foi danificada ou destruída pela guerra, que provocou o deslocamento de 1,7 milhão dos 2,4 milhões de habitantes, segundo a ONU.
A trégua ofereceu um alívio aos moradores de Gaza, mas a situação humanitária continua “perigosa” e as necessidades “sem precedentes”, afirmou a Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA).
– Sofremos porque não temos comida, água, não nos trazem nenhuma ajuda – lamentou Fouad Hara, um palestino pai de cinco filhos, deslocado pelos combates na Cidade de Gaza para o sul do território.