O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, parece mesmo decidido a levar o país para uma linha de direita radical, conhecida aqui como alt-right (direita alternativa). (Com esta coluna, o jornalista Antonio Tozzy volta a escrever para o Direto da Redação. Tozzi foi um dos primeiros escolhidos por Eliakim Araújo para integrar a primeira equipe do Direto da Redação. Nota do Editor)
Por Antonio Tozzi, de Miami, EUA:

Trump escolheu três representantes da extrema-direita para seu governo
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, parece mesmo decidido a levar o país para uma linha de direita radical, conhecida aqui como alt-right (direita alternativa). Esta postura tem provocado fortes reações de grupos contrários à esta radicalização, que estão fazendo protestos nas principais cidades americanas.
Nesta sexta-feira (18), eles escolheu três subordinados extramente controversos. Para Secretaria de Justiça, Trump confirmou Jeff Sessions, senador por Alabama, um dos parlamentares mais anti-imigrantes do país. O homem que será responsável pela salvaguarda das leis de direitos civis nos Estados Unidos foi rejeitado para o cargo de juiz federal em 1986 pelo Comitê Judiciário do Congresso Nacional, na época, como agora, controlado pelo Partido Republicano, ao qual é filiado, em virtude de seus comentários e ações de cunho racista.
Ele se referiu ao NAACP (entidade de luta dos afro-americanos) e à Conferência de Liderança Cristã Sulista como entidades não americanas e de inspiração comunista e foi acusado pelo procurador afro-americano Thomas H. Figures de defender a Ku Klux Klan, organização que prega a supremacia branca no país às custas de violência contra outras etnias.
General Michael T. Flynn foi indicado para ser o Conselheiro de Segurança Nacional. Estridente, acusa o Islamismo como uma ameaça existencial para o mundo e citou a fé muçulmana como “um câncer” e uma ideologia política, não uma religião. Assim, prenuncia-se que ele deve entrar em choque com os xeques sauditas, tradicionais aliados dos EUA, e aproximar-se de Vladimir Putin, o dirigente russo com inspiração de ditador. Vai ser o caos.
Por fim, Mike Pompeo, eleito para o Congresso em 2010 com financiamento do Grupo Koch, baseado em Wichita, Kansas. Ele criticou a decisão de Barack Obama em fechar prisões obscuras da C.I.A. e exigir que todos interrogadores seguissem rigorosamente as leis antitortura, usando apenas as técnicas de interrogação aprovadas pelo Manual de Campo do Exército.
Em 2014, acusou Obama de recusar-se “a levar a sério a guerra contra o terrorismo radical islâmico”. Depois do painel sobre Benghazi não ter encontrado nenhuma evidência de o governo Obama ou a então secretária de Estado Hillary Clinton terem feito algo errado, Pompeo e outro membro republicano do comitê, deputado Jim Jordan de Ohio, disseram estar convencidos de que houve um acobertamento, e acrescentaram um adendo de 48 páginas que incluía uma crítica feroz ao governo e à Hillary Clinton. Pois é, este sujeito será o novo diretor geral da C.I.A.
O único consolo é que eles vão passar de estilingues a vidraças e sofrerão no Senado as mesmas acusações feitas por eles quando estavam na oposição.
Antonio Tozzi – Foi repórter do Jornal da Tarde e do Estado de São Paulo. Vive nos EUA desde 1996, onde foi editor na CBS Telenoticias Brasil e no canal de esportes PSN. Atualmente é editor da revista Latin Trade e do jornal AcheilUSA.
Direto da Redação é um fórum de debates editado pelo jornalista Rui Martins.
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