Zika deixou de ser um virus emergente exigindo tratamento urgente, para se tornar agora num virus colocado num plano de pesquisas regionalizado e a longo prazo, mas sem ser subestimada sua gravidade.
Por Rui Martins, de Genebra:

O mosquito vetor do virus Zika
A Organização Mundial da Saúde, OMS, suspendeu o estado de urgência mundial de saúde pública no qual fora colocada a questão do virus Zika, depois de sua emergência principalmente no Brasil e outros países latinoamericanos.
Isso não significa que o combate ao virus transmitido pelo mosquito Aesdes Aepyti e causador de microcefalia será abandonado.
Sua gravidade não será subestimada mas se integrará dentro de um plano de pesquisas regionalizado e a longo prazo, utilizando-se todos os tipos de manifestações até agora coletados que mostram diferenças de reações dos infectados, como se observa nos países latinoamericanos.
O comunicado da Organização Mundial de Saúde suspende a situação de emergência, descretada em fevereiro. Entretanto, “o vírus Zika continua sendo um problema muito importante, embora tenha deixado de ser uma emergência de saúde pública em nível mundial”, declarou o dr.David Heymann, dirigente do Comitê de Emergências da OMS sobre o Zika.
As palavras emergência e urgência provocaram algumas confusões nas traduções do comunicado da Organização Mundial da Saúde, porém em saúde pública situação de emergência e situação de urgência não são sinônimas. No caso do Zika, houve uma situação emergente à qual se seguiu um tratamento de urgência.
A decisão de não mais se considerar o virus do Zika situação de emergência de saúde pública mundial, como tinha sido declarada em fevereiro, foi tomada durante a quinta reunião do Comitê de Emergências, realizada neste fim-de-semana.
“Como as primeiras pesquisas demonstraram o vínculo entre o vírus Zika e a microcefalia, o Comitê de Emergências considerou que é necessário se criar um mecanismo técnico estável a longo prazo para organizar uma resposta global”, publicou o comunicado da Organização Mundial da Saúde.
Entretanto, o Comitê de Emergências considera que o vírus Zika continua sendo um desafio persistente e importante em termos de saúde pública, que necessita um tratamento intenso, mas deixa de ser uma emergência como ela é definida segundo as normas internacionais de saúde.
“Nós não minimizamos a importância deste vírus”, disse Peter Salama, diretor-executivo do Programa de Emergências de Saúde da OMS, diante da possibilidade de alguns interpretarem haver um menor interesse da OMS pela questão.
“Ao contrário, a OMS ao decidir adotar um programa de trabalho de maior duração contra o Zika, quer significar uma resposta da OMS de maneira sustentável”, acrescentou.
Rui Martins, correspondente em Genebra e editor do Direto da Redação.
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