A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas escolheu Spotlight, filme da Open Road Films que conta a história de uma reportagem do jornal norte-americano Boston Globe
Por Redação, com Reuters – de Los Angeles:
Spotlight, filme que mostra uma investigação jornalística sobre abusos sexuais na Igreja Católica, conquistou o Oscar de melhor filme do ano na cerimônia de domingo, em uma noite apimentada por piadas contundentes do apresentador Chris Rock sobre a polêmica racial causada pela ausência de indicados negros, que dominou a indústria cinematográfica nas últimas semanas.
Em uma premiação na qual nenhum filme em particular roubou os holofotes, o mexicano Alejandro Iñárritu ficou com o Oscar de melhor diretor por O Regresso, tornando-se o primeiro cineasta em mais de 60 anos a vencer duas estatuetas em anos consecutivos, ele também foi o vencedor da categoria em 2015 com Birdman.
O Regresso chegou à cerimônia em Los Angeles com 12 indicações, e era um dos quatro que se acreditava ter mais chances de ser escolhido como melhor do ano depois de sair vencedor do Globo de Ouro e do britânico Bafta.
A ambiciosa produção da 20th Century Fox, filmada em temperaturas abaixo de zero, também rendeu o primeiro Oscar para seu protagonista, Leonardo DiCaprio, que foi aplaudido de pé pela nata de Hollywood.
– Eu não encaro esta noite com leviandade – disse DiCaprio, aproveitando a ocasião de seu discurso para cobrar ações de combate às mudanças climáticas.
Mesmo assim, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas escolheu Spotlight, filme da Open Road Films que conta a história de uma reportagem do jornal norte-americano Boston Globe, vencedora do prêmio Pulitzer de 2003, sobre os abusos sexuais de crianças cometidos por padres católicos, como melhor filme, que ainda foi contemplado na categoria de melhor roteiro original.
– Este filme deu uma voz aos sobreviventes, e este Oscar amplifica esta voz, o que esperamos se tornar um coro que irá ressoar até o Vaticano – disse o produtor Michael Sugar.
Brie Larson, estrela ascendente de 26 anos, ficou com a estatueta de melhor atriz por sua atuação em O Quarto de Jack, sobre uma mãe que passa anos sequestrada com o filho, o que aumentou a coleção de estatuetas que ela já vinha conquistando em outras premiações.
Cutucadas de Hollywood
Os temas raciais e as farpas sobre a ausência de negros nas indicações aos prêmios de atuação pelo segundo ano seguido foi um assunto recorrente no evento, apelidado de “prêmios escolha dos brancos” por Rock, comediante negro sem papas na língua.
Ele questionou a razão de o inconformismo com a falta de diversidade na indústria ter firmado raízes este ano, e não nos anos 1950 ou 1960, dizendo que os negros norte-americanos tinham “coisas reais sobre as quais protestar na época”.
– Estávamos muito ocupados sendo estuprados e linchados para nos preocuparmos com quem ganhou o prêmio de melhor fotografia – acrescentou Rock. Em um trecho pré-gravado, ele visitou a vizinhança de Compton, em Los Angeles, o coração da cena musical do hip-hop, e perguntou a alguns moradores se haviam visto ou ouvido falar dos filmes indicados ao Oscar. Nenhum deles disse que sim.
Entre as surpresas, o ator britânico Mark Rylance derrotou o suposto favorito Sylvester Stallone, indicado por Creed, e ficou com o prêmio de melhor ator coadjuvante por seu papel em Ponte dos Espiões.
A canção-tema de 007 Contra Spectre, do cantor britânico Sam Smith, conquistou o troféu de melhor canção, derrotando Til It Happens to You, de Lady Gaga, que trata da conscientização sobre as agressões sexuais.
A atriz sueca Alicia Vikander recebeu o Oscar de melhor atriz coadjuvante pelo filme A Garota Dinamarquesa, e o documentário Amy, sobre a falecida e problemática cantora britânica Amy Winehouse, também saiu premiado.
Mad Max: Estrada da Fúria, da Warner Bros, foi o maior vencedor da noite, ficando com seis Oscars, mas todos em categorias técnicas, como figurino, maquiagem e edição.