Por Redação, com Reuters – de Zurique:
A associação que representa os maiores clubes do futebol da Europa (ECA) reagiu com insatisfação, nesta sexta-feira, às reformas propostas pela Fifa, dizendo que só levarão a uma maior frustração entre as partes envolvidas no esporte.
A ECA, que representa mais de 200 clubes, incluindo grandes nomes como Real Madrid, Barcelona e Bayern de Munique, disse que seus membros “não estão preparados para serem mais ignorados”.
A Fifa está no meio de uma crise, com investigações criminais sobre o esporte. O presidente da organização, Joseph Blatter, está entre os dirigentes suspensos pelo comitê de ética da Fifa.
A Fifa anunciou um pacote de reformas na quinta-feira que inclui limites de mandatos para membros. Uma sugestão do aumento de 32 para 40 seleções na Copa do Mundo foi colocada em pausa.
– A ECA estava certa em acreditar que um processo de reforma feito de dentro é incapaz de entregar um modelo de governaça sustentável, que esteja adequado ao século 21 – informou a ECA em comunicado.
Quase todos os principais jogadores do mundo estão em clubes europeus e competições internacionais da Fifa dependem de acordo com ela, que autoriza, ou não, a liberação de jogadores em determinadas datas para jogos das seleções.
Extradição de ex-presidente
O governo dos Estados Unidos fez um pedido formal a Honduras de extradição do ex-presidente do país Rafael Callejas por ligações suspeitas com o escândalo de corrupção na Fifa, disse o governo hondurenho na quinta-feira.
As autoridades informaram em um breve comunicado que tinham recebido o pedido de extradição de Callejas, incluído na quinta-feira em uma acusação dos EUA sobre suposto esquema de vários milhões de dólares de suborno em contratos de direitos de transmissão de torneios de futebol.
Entre os indiciados pelos Estados Unidos também estão os brasileiros Marco Polo Del Nero, que pediu afastamento da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), e o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira.
O governo de Honduras irá congelar contas bancárias pertencentes a Callejas, bem como as do hondurenho Alfredo Hawit, presidente em exercício da Concacaf, na sequência de um pedido nesse sentido do Departamento de Justiça dos EUA.
A Concacaf é a confederação de futebol que inclui países da América do Norte, América Central e Caribe.
A prisão de Hawit foi anunciado no início na quinta-feira, em Zurique. Além dele, também foi preso o presidente da Confederação Sul-Americana
Callejas, que mais tarde serviu como chefe da federação de futebol de Honduras, disse em entrevista coletiva que não tem nenhuma responsabilidade por qualquer das acusações.
Pacote de reformas
O comitê executivo da Fifa aprovou um pacote de reformas na quinta-feira destinadas a reabilitar a entidade máxima do futebol mundial atingida por escândalos, com propostas de verificações de integridade e limites de mandato para altos dirigentes.
As propostas, que também aumentariam a representação das mulheres, serão apresentadas em fevereiro ao Congresso da Fifa, que tem o poder de alterar os seus estatutos.
Ao mesmo tempo, o comitê executivo, atualmente dirigido por um presidente interino devido à suspensão de Joseph Blatter, adiou decisão sobre uma proposta controversa de expandir a Copa do Mundo de 32 para 40 equipes.
Ironicamente, o anúncio destinado a ajudar na transparência da Fifa foi ofuscado pelas prisões dos integrantes do comitê executivo Alfredo Hawit e Juan Angel Napout num hotel de luxo em Zurique, onde eles estavam hospedados, e a notícia de que autoridades dos Estados Unidos vão indiciar mais dirigentes.
O presidente interino Issa Hayatou disse que o trabalho da comissão seguiria adiante como planejado, com dois dirigentes a menos na mesa.
– Os eventos ressaltaram a necessidade de estabelecer um programa completo de reformas para a Fifa hoje – disse ele a repórteres. “Estas recomendações marcam o início de uma mudança de cultura na Fifa. Um grande passo foi dado.”
Segundo as propostas, o presidente da Fifa e altos dirigentes ficariam restritos a três mandatos de quatro anos cada, e submetidos a verificações de integridade antes de tomar posse.
Um limite de idade de 74 anos, que tinha sido proposto em um plano original de oito pontos pelo chefe do comitê de auditoria e conformidade Domenico Scala, não foi incluído.
– Desistimos dos limites de idade, porque por definição é arbitrária – disse o chefe do Comitê de Reforma da Fifa, François Carrard, que acompanhou o plano original de Scala.
Um Conselho da Fifa formado por 36 pessoas substituiria o comitê executivo de 25 membros e definiria a “orientação estratégica global”, enquanto um secretariado geral supervisionaria as “ações operacionais e comerciais necessárias para executar eficazmente essa estratégia”.