Comitê de Ética anuncia que o presidente da federação e o chefe da Uefa estão afastados de qualquer atividade relacionada ao futebol por oito anos
Por Redação, com agências internacionais – de Zurique/Londres:
O Comitê de Ética da Fifa anunciou nesta segunda-feira que o presidente da federação, Joseph Blatter, e o presidente da Uefa, Michel Platini, estão afastados de qualquer atividade relacionada ao futebol por oito anos. A decisão entra em vigor imediatamente.
Os dois já haviam sido suspensos por 90 dias em outubro, no âmbito de uma investigação sobre um pagamento de 2 milhões de francos suíços a Platini pela Fifa, ordenado por Blatter em 2011. O dinheiro seria referente a serviços de consultoria prestados por Platini a Blatter durante 1999 e 2002. Ambos negam irregularidades e já anunciaram que vão recorrer de qualquer punição.
Os dirigentes também foram multados: Blatter em 50 mil francos suíços e Platini, em 80 mil francos suíços.
A decisão do Comitê de Ética praticamente sepulta as esperanças de Platini de concorrer à sucessão de Blatter na eleição de 26 de fevereiro.
Segundo o Comitê de Ética, “nem na sua declaração escrita nem na sua audiência” Blatter conseguiu demonstrar “outra base legal” que justificasse o pagamento. Assim, as “alusões a um acordo verbal foram rejeitadas por não serem convincentes”.
O comitê entendeu que Blatter “não mostrou uma atitude ética, não cumpriu as regras e regulamentos da Fifa e evidenciou abuso de poder”, comportamentos que violam o artigo 13 do código de ética da federação, relativo a regras de conduta.
O organismo considera que, com o pagamento a Platini, o presidente violou o artigo 20 do código, relativo à oferta e recebimento de presentes e outros benefícios, e o artigo 19, que se refere a conflitos de interesses.
– Ao não colocar em primeiro lugar os interesses da Fifa, e não se abstendo de atitudes contrárias a esses interesses, Blatter violou os seus deveres de lealdade ao organismo – indica o comunicado.
Em relação a Platini, o comitê afirmou não ter encontrado provas de que o presidente da Uefa tenha recebido a verba a troco de trabalhos executados, o que viola o artigo 21 do código, relativo a subornos e corrupção.
O documento acrescenta que a conduta de Platini, que lidera a Uefa desde 2007, viola os artigos referentes a recebimento de presentes, conflito de interesses, lealdade e regras de conduta.
Lutar contra suspensão
O líder afastado da Fifa, Joseph Blatter, vai apelar contra a suspensão por oito anos do futebol imposta pelo Comitê de Ética da entidade nesta segunda-feira, disse a repórteres.
– Irei lutar por mim e irei lutar pela Fifa – disse Blatter, acrescentando que iria levar suas alegações ao órgão de recursos da Fifa, ao painel esportivo de arbitragem, sediado em Lausanne, ou tomar ações legais sob a lei suíça caso necessário.
Culpa previamente
O presidente suspenso da Uefa, Michel Platini, acusou o comitê de ética da Fifa de lhe negar uma audiência justa nas alegações de corrupção contra ele e disse que foi condenado previamente.
Platini se recusou a comparecer a uma reunião do comitê de ética na última sexta-feira e emitiu um comunicado que foi lido pelo seu advogado e enviado à imprensa no sábado.
– Decidi não aparecer para apresentar minhas explicações em pessoa. Por uma única razão: eu já fui julgado, eu já fui condenado – disse o ex-meia francês e chefe do futebol europeu.
Platini era o favorito para substituir Joseph Blatter na presidência da Fifa, mas também entrou na mira do escândalo de corrupção pelo qual passa o esporte em que dezenas de ex-dirigentes e executivos de marketing foram indiciados por autoridades dos Estados Unidos.
Ele ainda não está nesta lista, mas a Fifa o investiga ao lado de Blatter, que também está suspenso, por uma transferência de cerc ade 2 milhões de dólares da Fifa para Platini em 2011. Ambos alegam que foi um pagamento legítimo por um trabalho que o francês havia realizado.
No comunicado lido por seu advogado, Platini disse que uma série de comentários de oficiais da Fifa, inclusive declarações anônimas para a imprensa, deixou claro que o comitê de ética já determinou sua culpa.
– Não tenho mais confiança nos corpos disciplinares da Fifa. Eles mostraram suas tendências, seus preconceitos, suas inabilidades para respeitar o sigilo, a presunção de inocência e os direitos de defesa – disse.