Por Redação, com agências de notícias – de Lisboa e Rio de Janeiro:
Presidente de honra da Federação Internacional de Futebol Associado (Fifa), João Havelange, de 99 anos, recebeu alta hospitalar neste sábado, no início da tarde, segundo boletim médico do Hospital Samaritano, onde ele estava internado, em Botafogo, Zona Sul do Rio. Havelange foi internado, na véspera, com problemas pulmonares.
Havelange dirigiu a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e foi o sétimo presidente da Fifa, onde permaneceu por 24 anos, de 1974 a 1998. Em 30 de abril de 2013, ele renunciou ao cargo de presidente de honra da Fifa em decorrência de acusações de corrupção na entidade.
Corrupção
Havelange está, definitivamente, envolvido no escândalo, segundo o o jornalista britânico Andrew Jennings, que acompanha os desdobramentos dos fatos. Em seu extenso trabalho de investigação sobre os bastidores da entidade está a base dos processos abertos pela justiça dos Estados Unidos e da Suíça. Em Paris, onde promoveu, no início da semana, a edição francesa do livro The Dirty Game (Jogo Sujo, em tradução literal), o repórter escocês citou o “esquema mafioso” implantado na Fifa, segundo ele, pelo brasileiro João Havelange.
O escândalo envolvendo a Fifa e os processos judiciais em curso são como uma recompensa ao trabalho de Andrew Jennings, que nas últimas décadas se dedicou a coletar informações e documentos que comprovam a corrupção na instituição responsável pelo futebol mundial. Apesar das várias denúncias já feitas em outras publicações, o jornalista tem consciência dos motivos que levaram as investigações a avançarem só recentemente.
— Os suíços deveriam ter feito mais investigações antes. Se eles só fazem agora é porque o FBI entrou no circuito. Mas as autoridades suíças demoraram para investigar esse escândalo — diz Jennings, em referência às ações do Ministério Público da Suíça e ao trabalho da policial federal norte-americana, que resultaram em ações na justiça.
Em Jogo Sujo, Jennings volta às origens de um esquema de corrupção que ganhou forma a partir da década de 1970.
— Até 1974, a FIFA era comandada por um grupo de europeus, talvez estúpidos, mas que não eram corruptos. E eles gostavam de futebol — garante o jornalista.
Amigo do bicheiro
O caminho tortuoso tomado pela entidade teve origem em negócios com a família proprietária da marca Adidas, e se acelerou com a chegada ao comando da Fifa de João Havelange, chamado por ele de “o brasileiro aventureiro”.
— Ele não precisava se associar a criminosos, gângsters poderosos e temíveis. Não precisava, mas decidiu fazê-lo — afirmou o jornalista, que no início de seu livro descreve as conexões de Havelange com o ex-bicheiro carioca Castor de Andrade, seu “mentor na escola do crime”.