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Cautela e planejamento nos gastos extras de fim de ano, dizem economistas

29 de Novembro de 2015, 10:13 , por Jornal Correio do Brasil » Negócios Arquivo | Jornal Correio do Brasil - | No one following this article yet.
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Por Redação, com ABr – de Brasília:

As despesas extras de fim de ano se aproximam e as perspectivas são de que a economia ainda não terá se recuperado em 2016. Por isso, os brasileiros devem ter atenção para não exagerar nos gastos e começar o ano com recursos equilibrados. Segundo economistas, para não extrapolar o orçamento, a recomendação é a velha fórmula de colocar as contas na ponta do lápis e planejar.

A economista-chefe do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC-Brasil), Marcela Kawauti, explica que um erro comum na época de festas é calcular apenas as despesas com o lazer.

gastos extras
Economistas sugerem dividir as despesas entre obrigatórias (contas de luz, água, mercado) e variáveis

– Tem que tomar muito cuidado com isso. Tem viagem, presente, ceia, roupa, só que janeiro também tem muitos gastos. Na hora de fazer planos para o 13º e o salário desses dois meses, tem que levar em consideração tudo, não só os gastos do Natal, Ano Novo e férias – diz, lembrando que despesas como material escolar, seguro do carro, IPTU e IPVA costumam se concentrar no início do ano.

Ela destaca que a maioria das pessoas não tem o hábito de fazer o planejamento financeiro.

– As pessoas gastam muito tempo ganhando dinheiro. Mas muita gente não gasta nem uma hora por semana olhando seu planejamento – comenta.

Para quem está endividado, a recomendação da economista é usar a renda extra do fim de ano para quitar as obrigações.

– Em primeiro lugar, essa pessoa deve fazer tudo para pagar. Seja com o 13°, cortando algum gasto ou vendendo algum bem. Em segundo, precisa fazer uma análise boa da sua vida financeira, revisar seus hábitos – afirma.

Os que terminaram 2015 sem dívidas podem comemorar mais tranquilos, mas, segundo Marcela, não estão livres da necessidade de rever hábitos, ainda mais levando-se em conta a crise econômica.

– Tem gente que fez tudo direitinho, não tem dívidas. É o zero a zero. Mas a gente não considera que gastar tudo que ganha é viver dentro do seu padrão. O ideal seria que todo mundo fizesse uma reserva financeira. Vale aproveitar o fim do ano, esse momento de renovação, e começar a poupar. O ano de 2016 também vai ser de conjuntura difícil. Sempre pode haver um imprevisto – alerta.

Planejamento

A vendedora Laís Augusto, 26 anos, afirma que o mais difícil no planejamento de seus gastos são as compras por impulso.

– Eu até tento planejar, mas não consigo. Quando sobra dinheiro e aparece alguma coisa que quero comprar, compro, mesmo sem necessidade. Se tem alguma urgência, preciso recorrer à minha mãe ou à minha sogra para pegar dinheiro emprestado – relata.

A vendedora conta que não consegue guardar dinheiro e vive no limite do endividamento. A auxiliar de cozinha Sami Caroline, 22 anos, é mais organizada. Ela diz que planeja seu orçamento minuciosamente.

– Anoto tudo que preciso gastar no início do mês e só gasto com isso em mãos. Também pesquiso bem antes de comprar as coisas. Isso faz com que eu consiga economizar um pouco no fim do mês. Uma coisa que faço é jamais comprar para pagar depois. Compro tudo à vista. É melhor juntar um dinheirinho e comprar pouca coisa do que se endividar – acredita.

No caso da estudante Michele Marques, 38 anos, o planejamento mensal até acontece, mas os preços em alta têm atrapalhado o cumprimento.

– Eu planejo, vejo o que é mais importante, pesquiso os preços, mas não dá para cumprir. Sempre aparece alguma coisa que precisa comprar e a gente deixa de adquirir outras, porque o dinheiro é curto. Principalmente os itens alimentícios estão cada vez mais caros – reclama.

Este ano, para não gastar além das possibilidades, a família dela fará uma comemoração de Natal simples.

– Estamos planejando um Natal bem mais apertado, sem tanto luxo e com pouca coisa, só mesmo para lembrar a data – informou.

Adaptação

O economista Gilberto Braga, professor de Finanças da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas Ibmec, dá dicas para quem tem dificuldade em planejar o orçamento ou decidir que gastos cortar. Segundo ele, o acompanhamento das despesas deve ser adaptado às características de cada pessoa.

– Tem gente que anota centavo a centavo e tem gente que faz um registro mais global. O ideal é que, cada um com sua característica, as pessoas saibam no que estão usando o seu dinheiro – comenta.

Segundo o economista, o orçamento mensal deve conter as entradas e saídas de dinheiro. No caso das saídas, ele sugere dividir as despesas entre obrigatórias e variáveis. Nos gastos obrigatórios entram aluguel, supermercado, água e luz, por exemplo. Nas despesas opcionais, podem ser elencadas saídas à noite ou compra de presente de aniversário. A divisão ajuda a visualizar onde é possível cortar gastos, explica Braga. A família pode começar a mudar de hábitos para economizar na luz, caso a conta esteja pesando, ou trocar uma saída à noite por um programa com amigos em casa.

Gilberto Braga também recomenda que a forma de registro do orçamento seja acessível.

– Hoje há programas sofisticados que podem ser comprados, baixados gratuitamente, mas não são amigáveis no sentido de estimular uma pessoa comum a usar. O ideal é que se anote em um papel, agenda, caderno de notas, qualquer coisa que seja de fácil manipulação e esteja sempre com a pessoa – diz.

Por fim, ele também recomenda se resguardar em face ao momento econômico complicado.

– O ano de 2016 vai ser difícil. Enquanto houver essa crise simbiótica, política e econômica, será difícil o país reverter o quadro e voltar a crescer. O ideal é ir fazendo uma reserva – afirma.

De acordo com Braga, a poupança deve corresponder a, no mínimo, três meses do gasto mensal, para que a família possa lidar com imprevistos, tais como perda de emprego. A economista Marcela Kawauti, do SPC Brasil, defende uma reserva maior, equivalente a seis meses dos gastos mensais.


Fonte: http://www.correiodobrasil.com.br/cautela-e-planejamento-nos-gastos-extras-de-fim-de-ano-dizem-economistas/

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