Segundo o especialista, a política monetária brasileira, com juros na estratosfera “estrangula a economia”, que poderia aquecer com medidas “contracíclicas”
Por Redação, com agências internacionais – de Davos, Suíça
Para o economista Joseph Stiglitz, prêmio Nobel e um dos mais conceituados analistas econômicos da atualidade, a política de juros altos como solução para alta inflacionária, como determinam os principais operadores do mercado financeiro, está “desacreditada” na maior parte do mundo e tem o agravante de estrangular economias em desenvolvimento, como a do Brasil. Stiglitz falou a jornalistas, durante o Fórum Econômico Mundial. Segundo avaliação de Stglitz, pouca gente no mundo, atualmente, ainda adota a política de juros altos para combater a inflação.
— Esse modelo que diz que, se a inflação está alta, você sobe os juros é uma teoria que foi desacreditada. (Para aplicar a melhor solução) é preciso saber qual é a fonte da inflação — afirmou o economista ao diário conservador paulistano O Estado de S. Paulo.
Stiglitz acrescentou que, se o aumento de preços se deve ao aquecimento da economia, os juros podem ser uma opção porque isso freia a demanda.
— Mas se for um impulso dos custos, você tem de ser cuidadoso. Nesse caso, a alta dos juros reduz a inflação matando a economia — disse.
Juros estrangulam
Segundo o especialista, a política monetária brasileira “estrangula a economia”, que poderia aquecer com medidas “contracíclicas”, a que incentiva o mercado interno por meio de concessão de crédito, por exemplo.
A medida que ele sugere é básica:
— Quando a economia desacelera, as receitas tributárias caem e ocorrem déficits. Se a economia for estimulada, a receita sobe. Dessa forma, a política monetária pode ajustar a política fiscal.
Ainda segundo afirmou, a demanda em todo o mundo está fraca, muito em razão das desigualdades sociais.
— As pessoas no topo não gastam tanto quanto as pessoas na base. Então, à medida que a desigualdade cresce, a demanda se enfraquece — afirmou.
Ainda na entrevista, Stiglitz criticou a forma como a política se mistura com economia no Brasil.
— Sempre que ocorrem escândalos da magnitude do que acontece agora no Brasil, a economia é jogada para baixo. Isso cria uma espécie de paralisia — lacrou.