O ato, convocado pelo Movimento Passe Livre, foi contra o aumento das tarifas de ônibus, metrô e trem
Por Redação, com ABr – de São Paulo:
O protesto de um grupo de aproximadamente 40 pessoas, segundo a Polícia Militar (PM), terminou pouco depois das 8h desta quarta-feira no Largo da Batata, Zona Oeste da capital paulista. O ato, convocado pelo Movimento Passe Livre, foi contra o aumento das tarifas de ônibus, metrô e trem, que passaram de R$ 3,50 para R$ 3,80 no último sábado.
Os manifestantes inciaram a caminhada às 6h40 pela Avenida Vital Brasil, no Butantã, e ocupavam, por volta das 8h, a Avenida Rebouças, cruzamento com a Faria Lima, no sentido Centro da cidade, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). A PM acompanhou a manifestação, que seguiu pacífica até o encerramento.
Detidas após protesto
Duas pessoas detidas na manifestação de terça em São Paulo, portando artefatos explosivos, continuam presas, informou a Secretaria Estadual da Segurança Pública (SSP). Mais 11 pessoas foram encaminhadas ontem à delegacia e liberadas em seguida. Os detidos poderão receber pena de três a seis anos de prisão de acordo com o Estatuto do Desarmamento.
De acordo com o movimento Passe Livre, pelo menos 20 manifestantes sofreram ferimentos provocados por estilhaços de bombas e balas de borracha e precisaram ser encaminhados aos hospitais da região. Vários jornalistas também sofreram ferimentos, entre eles o fotógrafo Felipe Larozza, que machucou o braço.
Em nota, a SSP informou que “foi necessária a intervenção da Polícia Militar no protesto, pois os manifestantes forçaram com violência o cordão de isolamento”. Segundo a secretaria, eles teriam se negado a seguir pelo trajeto determinado pela PM, a Rua da Consolação, e queriam seguir por “vias que não estavam preparadas para a manifestação naquele momento”.
– A Rua da Consolação estava liberada para o protesto até a Praça da República. Não era possível a alteração do trajeto, pois as linhas de ônibus e o trânsito foram reorganizados para se adequar à manifestação. Os organizadores se negaram a comunicar previamente o trajeto à PM, conforme prevê a Constituição, o que impediu a organização de fazer outro percurso – diz a nota.
PMSP dispersa protesto
A manifestação contra o aumento das tarifas do transporte público coletivo de São Paulo foi dispersada pela Polícia Militar (PM) por volta das 19h30 de terça-feira, mesmo antes de começar a se deslocar em passeata.
Desde as 17h, os manifestantes se concentravam na Praça do Ciclista, localizada na Avenida Paulista. Eles pretendiam seguir até o Largo da Batata, na Zona Oeste, passando pelas avenidas Rebouças e Faria Lima. No entanto, o policiamento autorizou a manifestação a ser feita apenas em direção ao Centro, passando pela Rua da Consolação até a Praça da República. De acordo com o comando da PM, não haveria negociação com os manifestantes para alteração do percurso definido pela corporação.
Por volta das 19h30, parte dos manifestantes tentou driblar o forte policiamento para seguir em direção ao Largo da Batata, correndo no sentido da Avenida Rebouças, momento em que a polícia começou a disparar bombas de gás lacrimogêneo, de efeito moral, e a bater com cassetetes nos manifestantes.
A polícia passou a disparar também contra a multidão que permanecia na Praça do Ciclista, o que gerou correria. Os ativistas ficaram encurralados, tendo de um lado policiais da Tropa de Choque disparando bombas e, de outro, um cordão de policiais que impedia a saída dos manifestantes da praça. A polícia chegou a atirar uma bomba na sacada de um apartamento na Avenida Paulista.
Assim como aconteceu na última manifestação, sexta-feira passada, após a ação da polícia, parte dos manifestantes passou a atirar objetos nos policiais, a destruir lixeiras e incendiar objetos na rua.
A ação da polícia de tentar definir o percurso que a manifestação deveria seguir não é comum nas manifestações do Movimento Passe Livre (MPL). Geralmente, os manifestantes fazem uma assembleia e definem o caminho a ser percorrido pela passeata. O percurso então é informado aos policiais, que passam a seguir os manifestantes na caminhada. No entanto, na manifestação de terça-feira, a polícia definiu uma única opção para que os ativistas fizessem o protesto: pela rua da Consolação, com destino à Praça da República.
O professor Pablo Ortellado, da Universidade de São Paulo (USP), que estava na manifestação e estuda os protestos de rua em São Paulo nos últimos anos, disse que esse tipo de ação da polícia foi usado em meados de 2014. “A polícia definir o caminho da manifestação ocorria nos protestos contra a organização da Copa do Mundo no Brasil”, lembrou Ortellado.