O paciente terá o sangue coletado como num exame de sangue tradicional, não sendo necessário ficar em jejum
Por Redação, com ABr – de São Paulo:
A rede pública municipal de saúde começou nesta segunda-feira a fazer testes rápidos, os resultados ficam prontos em 20 minutos, para a detecção de quatro sorotipos de dengue. O exame ficará disponível nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) da capital paulista até a primeira quinzena de março, período do pico de transmissão da doença.
A vantagem da técnica é a identificação da doença ainda na fase inicial da transmissão. Antes, o resultado do teste só ficava pronto em uma semana. O paciente terá o sangue coletado como num exame de sangue tradicional, não sendo necessário ficar em jejum. O teste poder ser feito por pessoas de todas as idades e não há contraindicação.
Para confirmar o diagnóstico, o paciente pode ter de passar pelos exames Elisa IGM e NS1, também disponíveis da rede pública, mas que demoram uma semana para ficar prontos.
A partir deste mês, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) determinou que os planos de saúde passem também a cobrir os testes rápidos para detectar dengue e febre chikungunya. É possível obter ainda um diagnóstico presumido do vírus zika. Segundo a ANS, o exame para detecção da dengue tem cobertura obrigatória.
Teste único
O Ministério da Saúde começará a distribuir no fim de fevereiro as primeiras 50 mil unidades do Kit NAT Discriminatório para dengue, zika e chikungunya, que permitirão o diagnóstico simultâneo das três doenças com maior agilidade. Outra qualidade é a redução do custo de aplicação do teste.
– O teste que vamos distribuir vai dizer de maneira objetiva dentro de duas horas qual é a enfermidade que a pessoa está acometida. É importantíssima a informação para as gestantes – destacou o ministro da Saúde, Marcelo Castro, durante a apresentação do kit na última sexta-feira, na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
O vice-diretor de Desenvolvimento Tecnológico e Prototipagem do Instituto Carlos Chagas (ICC/Fiocruz-Paraná), Marco Aurélio Krieger informou que o teste no formato que foi produzido é único no mundo. “Não existe nenhum teste disponível, que faça esta avaliação discriminatória neste formato”, contou.
Os kits serão encaminhados a 18 dos 27 laboratórios centrais (Lacen) do Ministério da Saúde, localizados em cada Estado do país, que conforme o ministro, estão equipados para receber os 50 mil testes, produzidos pela Fiocruz, no Rio de Janeiro.
Outros três laboratórios estão sendo preparados para receber os testes. A previsão é que até o fim do ano sejam distribuídos 500 mil kits. “A produção dos testes vai ser distribuída continuamente para fazer o diagnóstico. A prioridade para a diferenciação diagnóstica vai ser para as gestantes”, revelou.
De acordo com Marcelo Castro, atualmente, o problema número 1 do Brasil é a microcefalia. “O Brasil tinha, em média, de 2.000 para cá, segundo estatísticas, 150 casos de microcefalia por ano. De outubro para dezembro do ano passado tivemos 3.500 casos aproximadamente. Então é um caso gravíssimo de saúde pública, poucas vezes vivido na história de nosso país”, indicou.
Diante da situação, o ministro defendeu que não podem faltar recursos para combater a doença. Ele informou que este ano estão garantidos R$ 500 milhões para ações específicas relacionadas à microcefalia. “Nós temos a palavra e o compromisso da presidenta Dilma, de maneira explícita, de que não faltarão recursos para o combate à microcefalia no Brasil”, disse.
O ministro Marcelo Castro informou que estão confirmadas três mortes por chikungunya, duas na Bahia e uma em Sergipe, todas em pessoas idosas. Castro disse que as três doenças que serão diagnosticadas com os testes são graves e estão matando.
– Qualquer das três doenças tem que ser tratada com a devida gravidade, os casos mais graves tem que ser internados, têm que ser tratados os sintomas, porque a gente não tem o remédio para tratar dengue, não temos o remédio para tratar a chikungunya, não temos o remédio para tratar a zika – disse, acrescentando que, por isso, ele acredita que é preciso tomar todas as providências clínicas para combater os sintomas”, apontou.
O presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, informou que se os testes fossem produzidos por laboratórios privados e com aplicações para cada tipo das três doenças custariam entre R$ 900 e mais de R$ 2 mil.
– Na escala que estamos fazendo esse teste vai sair com um custo entre US$18 a US$20. Então, só é possível colocar isso em escala de saúde pública, vai ser feito nos Lacens e nas áreas de referências e para estudos, ele se torna factível como instrumento de saúde pública – analisou.