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Cientistas políticos avaliam governo Dilma e futuro de Lula

9 de Janeiro de 2016, 19:50 , por Política – Jornal Correio do Brasil - | No one following this article yet.
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O máximo que Barbosa promete de imediato é moderar algo o ajuste fiscal, o que equivale a atenuar alguns milímetros o garrote no pescoço da vítima

Por Redação – do Rio de Janeiro e São Paulo

Cientista político e ex-porta-voz da Presidência da República, no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, André Singer afirmou, neste sábado, que a estratégia do governo da presidente Dilma Rousseff para sair da crise econômica e política “praticamente sela a derrota do lulismo em 2018”.

Ao lado de Lula, Dilma fez seu primeiro comício nesta campanha em Minas Gerais
Ao lado de Lula, Dilma cristalizou sua vitória nas eleições, mas atiudes após eleita deixa dúvidas

“Pelo desenho enunciado, não haveria tempo de recuperação eleitoral. Na prática, o que Dilma está propondo, tanto ao capital quanto à oposição, é que a deixem concluir o mandato em troca de passar o bastão a outro bloco daqui três anos”, afirma Singer em artigo publicado no diário conservador paulistano Folha de S. Paulo.”A opção minimalista representa o desastre. O PT levará uma tunda nas eleições municipais e Dilma, mesmo se escapar do impeachment, continuará acossada por pressões golpistas. Por isso, Lula e o PT cobram outra postura imediata”, afirma.

Para Singer, ao afirmar que o PT se lambuzou no “financiamento privado”, o ministro Jaques Wagner responde à pressão partidária com uma chamada à responsabilidade de cada um. “Afinal, a crise econômica é também resultado parcial da Operação Lava Jato. O recado é: todos erramos e teremos que pagar o preço juntos, não há salvação individual”, afirma.

Singer aborda também a pouca margem de manobra do ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, diante do quadro de aumento do desemprego e a contração da demanda. “O máximo que Barbosa promete de imediato é moderar algo o ajuste fiscal, o que equivale a atenuar alguns milímetros o garrote no pescoço da vítima. Saúde, educação, Estados e prefeituras continuarão à míngua, mas não fecharão as portas”.

Medo e esperança

Ainda neste sábado, outro cientista político — Emir Sader — afirma, também no texto de um artigo publicado na internet, que “há quem diga que o Brasil está dividido entre quem tem medo do Lula e que tem esperança nele. Pode ser exagerado, mas expressa certamente algo da realidade, do imaginário e das expectativas do país”.

“Ele pode estar com fotos na primeira página dos jornais, revistas ou sites. Ou nem ser citado dias inteiros. Mas o seu espectro cruza toda a história brasileira, há varias décadas. Desde que conseguiu, sob sua liderança, romper a espinha dorsal do ‘milagre’ da ditadura, e o santo desse ‘milagre’: o arrocho salarial.
Mais tarde, candidato a presidente, deu o primeiro grande susto nas elites tradicionais, ao passar para o segundo turno contra o Collor. O fracasso deste de novo fez subir o temor, até que veio o alivio, com as vitórias do FHC.

“Mas o fracasso também de FHC recolocou o medo e a esperança na ordem do dia. Não adiantou o pânico que quis se criar – a debandada de empresários, o ‘risco Lula’, a disparada do dólar -, Lula ganhou e aí o espectro se fez carne. Alguém passou a presidir o país colocando em prática tudo o que as elites diziam que era impossível: crescimento com distribuição de renda e controle da inflação, recuperar o papel ativo do Estado, resgatar a auto estima dos brasileiros, projetar uma imagem altamente positiva do Brasil no mundo.

Emir Sader acrescenta que “era demais para a elite tradicional e seu arauto mais conotado: FHC. A grande maioria dos brasileiros, pobres no país mais desigual do continente mais desigual do mundo, graças às politicas das elites tradicionais, passou a acreditar em si mesma e no país, a sentir que seu destino não era sofrer desprovida de todos os direitos fundamentais. E encontrou um dirigente no qual confiar.

“Desde então, a direita reserva toda sua artilharia contra Lula. Não importa que o PT e o governo estejam fragilizados, que não haja nenhuma prova das acusações contra o Lula, o que importa para a direita é acumular suspeitas para tentar construir rejeições ao Lula. Já terminaram com a reeleição – como já tinham feito uma vez -, contra o Lula, diminuíram o tempo de campanha, pelo pânico do Lula falando para todo o país.

“Diante da crise atual e das dificuldades do governo superá-la – especialmente a econômica, que afeta a grande maioria da população –, o medo e a esperança só aumentam. O medo, porque sabem que o Lula é o único dirigente político com credibilidade, com apoio popular e que pode apresentar os resultados do seu governo, para poder construir um bloco de forças e um projeto de resgate democrático da crise. E a esperança, pela mesma razão, do lado de quem foi beneficiário, teve sua vida mudada pelo governo Lula e confia nele”, acrescentou.

“Por tudo isso, é muito medo de um lado e muita esperança do outro”, conclui Sader.


Fonte: http://www.correiodobrasil.com.br/cientistas-politicos-avaliam-governo-dilma-e-futuro-de-lula/

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