Se não bastasse fugir dos ardis da oposição, a presidenta Dilma ainda precisará andar com cuidado por entre as manifestações dos movimentos sociais
Por Redação – de Brasília
A presidenta Dilma Rousseff viajou para Porto Alegre, nesta quinta-feira, onde passará a noite de Ano Novo com a família. Ainda não há previsão de retorno a Brasília. Na capital gaúcha, moram a filha da presidenta, Paula, que está grávida do segundo filho, e o neto Gabriel, de quatro anos. Dilma passou a manhã no Palácio da Alvorada e aproveitou para andar de bicicleta nos arredores, durante cerca de uma hora. O exercício faz parte do programa de dieta que mantém o físico da persidenta em forma, há cerca de seis meses.

Dilma também cancelou uma agenda de trabalho na manhã desta quinta, no Palácio do Planalto, com seu assessor especial Giles Azevedo. Neste ano, a presidenta não irá comemorar a virada do ano na praia da Base Naval de Aratu, na Bahia, onde costuma passar alguns dias de férias no início de cada ano. O motivo do breve retorno é o duplo desafio que a base governista no Congresso, articulada pessoalmente pela presidente, vai enfrentar logo no início de 2016.
Além do processo de impeachment, Dilma precisará emplacar um conjunto arrojado de propostas do Executivo – as mudanças, que ainda não foram oficializadas, envolvem as áreas trabalhista e previdenciária. Aprovar um “pacote” de medidas do governo federal ainda sob o fantasma do impedimento, porém, não será tarefa simples.
Seus aliados preveem que o lançamento de uma “agenda nova”, costurada já sob o comando de Nelson Barbosa na Fazenda, poderá ajudar o governo federal a apagar, de vez, a chama do impeachment na Casa. Mas os adversários não dão sinal de trégua e já se engajaram em obter as assinaturas necessárias para votar em regime de urgência o projeto de resolução da bancada do DEM que autoriza a inscrição de candidatos avulsos – sem necessidade do aval do líder do partido–para as cadeiras da comissão especial responsável por formular um parecer sobre o impeachment.
Apoio a Dilma
Se não bastasse fugir dos ardis da oposição, a presidenta Dilma precisará andar com cuidado por entre as manifestações dos movimentos sociais, que exigem o fim da reforma conservadora, iniciada logo após as eleições, na contramão das promessas de campanha. Dilma conta, porém, com a unanimidade da esquerda contra os desmandos do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para seguir adiante com os pontos cruciais das reformas que precisa implantar, na tentativa de equilibrar as contas do governo.
— A posição do Eduardo Cunha é chantagista, imoral e golpista. Advoga a defesa de uma agenda conservadora e repressiva que desrespeita o resultado das urnas. É um atentado à democracia — avalia Adilson Araújo, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).
Para Carina Vitral, presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), a democracia não pode estar na mira de uma chantagem e rebateu a justificativa divulgada pelo deputado que afirmou, nas redes, ter atendido a voz das ruas.
— A voz das ruas não está pedindo este impeachment furado. As ruas estão lutando contra ele, como as mulheres em todo Brasil pelos direitos reprodutivos. As ruas estão contra o fechamento das escolas aqui em São Paulo. O Cunha não representa a voz das ruas — ressaltou Carina.
Para alívio da presidenta, a UNE vai às ruas contra o impeachment e pelo ‘Fora Cunha’, segundo Carina.