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O culto à única verdade

25 de Dezembro de 2015, 11:37 , por Jornal Correio do Brasil » Política Arquivo | Jornal Correio do Brasil - | No one following this article yet.
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Processo iniciado logo depois da Segunda Guerra e fruto lastimável da “guerra fria”, foram desenvolvidas técnicas de marketing político que souberam como fazer uso do medo de pensar livremente

Por Maria Fernanda Arruda – do Rio de Janeiro:

Como a liberdade incomoda à quase totalidade dos seres humanos, cultua-se o mito da verdade única e indiscutível: o dogma. Tivemos durante o século XX o dogma da autoridade, aquela que unifica e despersonaliza a todos os cidadãos, unidos e atados àquilo que lhes é imposto: símbolo disso, o Fascio. E todos nós, que sejamos pequenos e anônimos galhos, os que fazem o fascio, os fascistas.

Maria Fernanda Arruda
Maria Fernanda Arruda

Processo iniciado logo depois da Segunda Guerra e fruto lastimável da “guerra fria”, foram desenvolvidas técnicas de marketing político que souberam como fazer uso do medo de pensar livremente, estimulando o sentimento de insegurança, a ser solucionado com a submissão à “verdade” pronta, que a autoridade fornece, permitindo o conforto que a unanimidade de opiniões permite. Millor Fernandes afirmava que “o livre pensar é só pensar”. Com isso, ele se tornou um dos mais expressivos antifascistas em plagas botocudas. Segundo meu pai, ele lançava semanalmente, no velho Pif-Paf de O Cruzeiro, o desafio.

Mas, a ele se opôs toda a grande imprensa, pondo-se como autoridade falante em nome da liberdade e defesa dos bons costumes ameaçados por um único homem e seu partido político. O sentimento de medo, medo de perda das safadezas de um mundo de privilégios e de exclusão social, levou as manifestações lastimáveis levadas às ruas e tem produzido cada vez mais a agressividade, tão própria dos camisas-negras de Mussolini, e que chegará brevemente a extremos de violência, se não contida e mantida a permissividade dos dias-de-hoje.

Temos a banda da banda de cá e a banda da banda de lá. A violência da banda de lá será suficiente para estimular a resposta belicosa da banda de cá. Não apenas isso. Ela também, e a seu modo, vem se submetendo à autoridade de um grande Líder. Lula tornou-se o símbolo da bondade perfeita, lúcida e adorável. Não comporta críticas, pois que nos traz aquilo que o Brasil, depois de cinco séculos, não havia ainda experimentado. E a idolatria multiplica os ídolos e os santifica: Jose Dirceu é o protótipo do santo-mártir. Os dogmas são anunciados e pobres dos espíritos impuros que os contradigam.

Não se pode criticar o governo de Dilma Rousseff, seu comprometimento com esquemas de alianças políticas eticamente lastimáveis. Todos sentem os odores de águas podres, mas sempre se identificam como provenientes do lago que fica do lado de lá. Do lado de cá, nossas águas não estão menos apodrecidas. Entretanto, deve-se aceitar o mal menor, sem críticas: “o que você queria, o PSDB no governo?”

verdade
Millor Fernandes afirmava que “o livre pensar é só pensar”

Tempos de intransigência e de apego aos dogmas. Pensar tornou-se perigoso e, logo mais, não se fazendo reação e essa indigência mental, será mortal.

O símbolo da autoridade fascista. Era transportada pelos litores no Império Romano. Pelos camisas-negras no fascismo de Mussolini. Está implícito nas falas e reuniões dos homens brancos do PSDB.

Maria Fernanda Arruda é escritora, midiativista e colunista do Correio do Brasil, sempre às sextas-feiras.


Fonte: http://www.correiodobrasil.com.br/o-culto-a-unica-verdade/

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