Por Redação, com ABr – de Brasília:
O presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), decidiu suspender a sessão marcada para apreciar vetos presidenciais, que estava marcada para as 11h30 desta qaurta-feira. Segundo Renan, a decisão foi tomada por “falta de clima” para votações depois da prisão do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), líder do governo.

– Vou conversar com os líderes e suspender a sessão – disse Renan ao chegar ao gabinete onde algumas lideranças partidárias já o aguardavam para rodadas de conversas que serão, segundo ele, mantidas durante todo o dia.
Renan acrescentou que ainda não há data para uma nova sessão conjunta, em que entre, outras matérias, deve ser votada a proposta orçamentária para 2016.
Sobre o rito do processo que vai decidir sobre a manutenção ou não da prisão do parlamentar, o presidente do Senado lembrou que a situação é inédita e disse que o Supremo Tribunal Federal (STF) tem 24 horas para enviar os autos para a Casa. Segundo ele, não há prazo definido em lei para que os senadores decidam sobre a manutenção ou não da prisão do petista.
– Precisamos conhecer as informações e o caráter da prisão: se houve flagrante ou se não houve flagrante. O que na verdade ensejou mesmo a prisão, se as provas são legais, mas esta decisão não será tomada por mim. Será tomada pela maioria do Senado Federal – disse Renan.
Nas gravações citadas pelo ministro Teori Zavascki, que é o relator dos casos da Operação Lava Jato no STF, o senador Delcídio menciona o nome de Renan e do vice-presidente da República, Michel Temer, como pessoas que poderiam interferir em decisões da Corte.
– Não acompanhei nenhum detalhe. Se há uma coisa que precisa ser preservada, nas circunstâncias que nós vivemos no Brasil, é a separação dos Poderes. Não vejo, sinceramente, a possibilidade de poder haver influência de um Poder sobre outro. Da mesma forma que vejo a necessidade de garantirmos a Constituição no que se refere às garantias individuais – afirmou Renan.
A assessoria de Temer informou que o vice-presidente jamais discutiu esse assunto com o líder do governo. Na Câmara, partidos de oposição marcaram para o início da tarde uma reunião para discutir os impactos da prisão no Legislativo.
– Não dá para seguir normalmente – avaliou o deputado Mendonça Filho (PE), líder do DEM.
Para ele, a decisão de suspender a sessão do Congresso é “a mais acertada”.
– Esta situação mostra que esta crise não tem fim. Quanto mais se puxa, mais tem fio desencapado. É uma trama que faz inveja a roteiristas de Hollywood – classificou ao mencionar a parte das investigações reveladas pelo ministro Teori Zavascki que apontam que Delcídio orientava o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, em uma rota de fuga do país.
Na defesa do governo, o líder do PT na Casa, senador Humberto Costa (PE), disse que nada aponta o envolvimento ou participação do Palácio do Planalto e defendeu que a situação não contamine os trabalhos do Congresso Nacional, “por mais graves que sejam os fatos”.
Para o senador Aécio Neves (PSDB-MG), tudo que diz respeito à Lava Jato está “umbilicalmente ligado ao governo”.
– Questões como essa impactam obviamente o Executivo – acrescentou Aécio.
A bancada do PSDB tem reunião na tarde de hoje para definir uma posição sobre o caso. O tucano antecipou que a tendência entre os senadores do partido é acompanhar a decisão do STF e se posicionar pela manutenção da prisão de Delcídio.