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Paris já não é uma festa?

14 de Janeiro de 2016, 15:00 , por Jornal Correio do Brasil - | No one following this article yet.
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Por Maria Lúcia Dahl, do Rio de Janeiro:

Colunista lamenta o clima de atentados em Paris
Colunista lamenta o clima de atentados criado em Paris no ano passado

Muito estranho terem acontecido esses atentados islâmicos em Paris.

Pra nós, brasileiros, Paris sempre foi uma festa que nos esperava sem data e sem hora, quando queríamos nos divertir. Na véspera mesmo do atentado sinistro no Bataclan, fui jantar com uma amiga que me disse que o Rio estava tão chato, que ela estava pensando seriamente em viajar pra lá.

Passei um tempo em Paris nos anos 60, onde conheci todo o Cinema Novo e a Nouvelle Vague, dublei o filme “L´homme de Rio” junto com o Belmondo e ainda fui ver os Beatles se apresentando no Olympia. Um amigo os tinha visto em Londres e me disse que eram absolutamente imperdíveis. Convidei algumas pessoas e alguns não quiseram ir porque nunca tinham ouvido falar da banda e até hoje se arrependem por terem perdido aquela oportunidade única.

Sentávamos perto de Simone de Beauvoir e do Sartre no Bar Deux Magots, tudo com a maior liberdade, como se fossem pessoas normais, enquanto tomávamos vinho e ouvíamos suas conversas, naturalmente, comentando algumas coisas em português, entre nós.

Passeávamos pelo Champs Elysées à qualquer hora que queríamos, víamos peças, shows, filmes e exposições, depois de visitarmos museus, igrejas, palácios , olhar a arquitetura deslumbrante dos lugares,ao ar livre, voltando de madrugada pra casa depois de longos papos, sem nunca ouvirmos falar de algum roubo ou assalto que tivesse acontecido com alguém, apesar dos franceses, às vezes serem muito mal humorados, como um motorista de táxi que botou a mim e meus amigos pra fora do carro, abrindo a porta e gritando: “Sortez! Vous parler une langue insuportable!” O que nos fez saltar rapidamente e acabar tendo um acesso de riso, como sempre terminavam os nossos papos.

Depois morei um tempo em Paris na época da ditadura e me juntei com vários exilados que comemoravam , alegremente, sua liberdade na Cidade Luz.

O que aconteceu com o mundo? Voltou à época Antes de Cristo, onde todo o tempo se matava pelo Poder ou Religião, o que está acontecendo exatamente agora, de novo?

Quem se atreve a ir até o aeroporto, como fazíamos apenas há semanas atrás, e desembarcar em qualquer país da Europa? Pra onde vamos?

Só nos resta encarar esta situação absolutamente absurda que estamos vivendo no Brasil e rezar muito pro país tomar vergonha na cara e encontrar um objetivo sincero, lutando por ele, verdadeiramente pra ajudar os outros, sem pensar somente em dinheiro e nos meios de consegui-lo de qualquer forma, matando o povo de fome e fazendo-o passar por todas as necessidades, trocando-as, alegremente, por inacreditáveis contas (negadas, por eles), na Suiça?

Maria Lúcia Dahl , atriz, escritora e roteirista. Participou de mais de 50 filmes entre os quais – Macunaima, Menino de Engenho, Gente Fina é outra Coisa – 29 peças teatrais destacando-se- Se Correr o Bicho pega se ficar o bicho come – Trair e coçar é só começar- O Avarento. Na televisão trabalhou na Rede Globo em cerca de 29 novelas entre as quais – Dancing Days – Anos Dourados – Gabriela e recentemente em – Aquele Beijo. Como cronista escreveu durante 26 anos no Jornal do Brasil e algum tempo no Estado de São Paulo. Escreveu 5 livros sendo 2 de crônicas – O Quebra Cabeça e a Bailarina Agradece-, um romance, Alem da arrebentação, a biografia de Antonio Bivar e a sua autobiografia,- Quem não ouve o seu papai um dia balança e cai. Como redatora escreveu para o Chico Anisio Show.Como roteirista fez recentemente o filme – Vendo ou Alugo – vencedor de mais de 20 premios em festivais no Brasil.

Direto da Redação, editado pelo jornalista Rui Martins.


Fonte: http://www.correiodobrasil.com.br/paris-ja-nao-e-uma-festa-2/

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