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À procura de Pai Natal - Parte III

26 de Dezembro de 2013, 22:11 , por Desconhecido - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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E continuemos na nossa procura com a última parte do artigo dedicado ao Pai Natal.

Vimos que, estranhamente, Pai Natal e São Nicolau aparecem em todos os aspectos como personagens diferentes: Pai Natal tem uma longa barba branca, está vestido com peles e é muito forte, quase obeso. Cada iconografia clássica retrata St. Nicholas como bastante alto, magro, com barba branca curta e bem vestido, com trajes clericais.

Em suma: são duas pessoas diferentes e ponto final.
W. S. Walsh, The Story of Santa Klaus:
Se pode haver alguma semelhança do ponto de vista etimológico, devemos dizer que Santa Klaus e São Nicolau são completamente diferentes em todos os outros aspectos.
Estranheza que se torna menos surpreendente quando descobrirmos que em certas culturas Pai Natal não é o bispo São Nicolau, mas o seu ajudante escuro.
T. Van Renterghem , When Santa Was a Shaman:
Em alguns jogos muito antigos de crianças na Alemanha, São Nicolau é o próprio ajudante das Trevas, um demónio que quer punir as crianças, mas que é interrompido pela intervenção de Cristo.[...]
Black Pete era o "avô" do nosso Pai Natal. Conhecido na Holanda como Zwarte Piet, esta versão alemã do século XVIII ainda se parece muito aos seus precursores presentes na cultura xamânica com chifres, vestidos de peles, assustadores e muito menos gentis com as crianças. Embora, na verdade, ele seja o escuro ajudante de São Nicolau, em muitas culturas as duas figuras foram unificadas. Esta figura muitas vezes tem o nome de Nikolass ou Klaus, mas tem a aparência do ajudante das Trevas.
De facto, o cartoonista Thomas Nast, que é creditado como o autor da primeira representação de Pai Natal (ver a primeira parte do artigo), não usou como modelo o ícone do bispo São Nicolau, mas a figura do seu companheiro, o maligno Pelznickle.
G. e P. Del Re, The Christmas Almanack:
A primeira aparição do demónio do Natal, Knecht Rupprecht, aconteceu num jogo para crianças em 1668, e em 1680 foi condenado pela Igreja Católica Romana como uma blasfémia. Nas primeiras comunidades holandesas da Pensilvânia era conhecido como Belsnickel. Outros nomes dados para a mesma personagem eram Pelznickle, Furry Nicholas e Ru-Klas, ou seja, Nicolau O Bruto. Lendo esses nomes, não é difícil imaginar como não fosse apenas considerado um companheiro de São Nicolau, mas um alter-ego.
T. Van Renterghem , When Santa Was a Shaman:
Quando Thomas Nast foi encarregado de desenhar a personagem de Pai Natal, sem ter idéia de como ele fosse, pensou em retratar o peludo troll que tinha conhecido na Baviera, quando era criança. Um ícone muito diferente daquele do Sinterklaas holandês, tradicionalmente retratado como um bispo católico. Em vez de São Nicolau, Nast deliberadamente desenhou o seu ajudante, Black Peter (nome que na gíria medieval holandesa indica o diabo).
Aliás, parece que São Nicolau não gostasse da ideia de mergulhar pelas chaminés: era sempre o seu peludo ajudante, o escuro, que costumava executar a parte suja do trabalho. E uma das razões pelas quais a personagem foi chamada de Escuro ou Black Peter, é precisamente porque ficava geralmente coberto pela fuligem. Era ele que carregava os sacos e distribuía as recompensas ou as punições para as crianças.

Wikipedia versão inglesa:
Às crianças [na Holanda] é dito que Black Peter entra na casa pela chaminé, um factor que motiva o rosto preto. Ele deixa um feixe de varas ou um pequeno saco contendo sal em vez de doces quando a criança é "má".
Note-se que Black Peter, Pelze-Nicol, Knecht Rupprecht e todos os outros companheiros de São Nicolau sempre foram abertamente identificados como o diabo.
G. e P. Del Re, The Christmas Almanack:
Para os holandeses da Idade Média, Black Peter era apenas um dos muitos nomes do diabo. Reza a lenda que em algum lugar ao longo do caminho, tinha sido subjugado por São Nicolau e forçado a servi-lo.
T. Van Renterghem , When Santa Was a Shaman:
Enfim, parece que em algumas partes da Europa, a Igreja pretendeu identificar São Nicolau com o seu servo, cativo, acorrentado, o Ajudante Escuro, Satanás, o símbolo de todo o mal. [...] O mito conta que, na véspera de 6 de Dezembro, o céu é atravessado por um cavalo branco montado por um velho barbudo, de cabelos brancos, envolto num manto, e acompanhado pelo seu escravo, o Escuro Ajudante. Tal relutante servo tem a tarefa de distribuir os presentes para as pessoas boas, mas prefere muito mais a ameaçá-las com a sua vara e, com um aceno do seu chefe, alegremente arrastar os pecadores para um lugar de sofrimento eterno.

Ajudante? Oh! Oh! Oh!

Como vimos, a moderna figura de Pai Natal suprimiu definitivamente o obscuro ajudante, ficando apenas
o bondoso velhote vestido com as cores da Coca Cola.. Mas nos séculos passados, a identificação entre "São Nicolau" (por assim dizer) e o seu "servo" maligno era muito forte. Até o ponto de sobrepor-se.

Em inglês, o diminutivo de Nicolau é "Nick".
E "Nick" é também um dos muitos nomes utilizados para indicar o diabo.

L.A. Shepard, Encyclopedia of Occultism and Parapsychology:
Old Nick é um bem conhecido apelido da língua inglesa para o Diabo. É provável que derive do holandês Nikken, isto é, o diabo.
W.. W. Skeat, Concise Dictionary of English Etymology:
Nick, o diabo.
Oxford English Dictionary:
Além de Satanás, o diabo também é chamado de Belzebu, Lúcifer ( ... ) e no vernáculo inglês Old Nick.
P. Siefker, Santa Claus, Last of the Wild Men: The Origins and Evolution of Saint Nicholas:
Nick é um dos nomes mais comuns do diabo em alemão, onde Satanás é chamado de Old Nick.
Isso não deixa de ser singular e complica ainda mais o quadro geral: não apenas "São Nicolau" é acompanhado por um ajudante que é a representação do Mal, mas até o nome do mesmo santo está ligado à figura de Satanás.

E que dizer de "Oh! Oh! Oh!"?
Os jogos medievais tiveram uma forte influência na criação da personagem de Pai Natal, e um bom exemplo é a exclamação "Oh! Oh! Oh!", associada à chegada de Santa Claus. Na verdade, esta exclamação é um remake e tem origens muito antigas.

No antigo jogo de tabuleiro Milagre Play, a entrada em cena da peluda personagem mascarada (o Diabo) é anunciada apenas desta forma: "Oh! Oh! Oh!". E Milagre Play não é uma excepção. A tripla exclamação foi inventada durante a Idade Média e segue o sucesso de um famoso jogo inglês chamado Bomelio.

Eis um excerto das regras do jogo, como relatadas no livro de R. Dodsley, Select Collection of Old English Plays, vol. VI. (disponível no Projecto Gutenberg como Ebook):
Quem chegou ? Suplico-te, espírito imundo, volta para o inferno! Oh! Oh! Oh! O diabo, o diabo! Vem, vem, vem em cima de mim

O verdadeiro Pai Natal

Pode parecer esquisito, mas a verdade é que não faltam livros acerca das origens de Pai Natal. O que faz sentido: Pai Natal não é apenas um conto para crianças, associado a uma das mais importantes festividades do Cristianismo.

E o velhote de barba branca é a encarnação de tradições antiquíssimas, em alguns casos ancestrais, até anteriores ao nascimento de Cristo.

Segundo alguns é até mais do que isso.
O verdadeiro precursor do moderno Pai Natal não é outro senão o mitológico Escuro Ajudante, vaga reminiscência do antigo espírito xamânico Herne / Pan.
E Pan é um dos nomes infernais de Satanás.

Pai Natal a encarnação do diabo?
Não propriamente. Mas até aqui recolhemos vários indícios que apontam para uma solução não menos interessante.

São Nicolau nada tem a ver com Pai Natal: o alegado bispo representa mais uma tentativa da religião cristã de apropriar-se de usos e costumes preexistentes. A mesma data escolhida para a recorrência e o outro símbolo natalício (a árvore) são mutuados directamente das tradições nórdicas (o abeto era a árvore sagrada de Thor).

Mas as antigas memórias não foram apagadas imediatamente e permaneceram ao longo de vários séculos. E testemunham a verdadeira natureza de Pai Natal: o alter ego de Satanás.

Não a mesma pessoa, mas o irmão.
Ambos com a mesma origem comum. Superficialmente as duas figuras se opõem, mas compartilham os mesmos genes, ao ponto de poder ler em cada uma delas a outra.

Apocalipse 01:14
A sua barba e o seu cabelo eram densos como lã, brancos como a neve.
Isaías 63:1-2
Porque você está vestido de vermelho, e as vossas vestes são como safras manchadas com vinho?
Apocalipse 19:11
E ele está vestido com um manto tinto de sangue, e o seu nome é Palavra de Deus
Estes passos falam de Cristo.
E também este, em Marco 10:13-14
Mas Jesus, visto isso, indignou-se e disse-lhes: Deixai as crianças virem a mim, e não as impeçais, porque deles é o reino de Deus.
Mas não este, em Lucas 4:5.8
E o diabo, levando-o no topo duma montanha, mostrou-lhe todos os reinos do mundo
E disse -lhe: todo esse poder te darei, e a sua glória ( ... )
Portanto, se tu me adorares, tudo isso será teu.
A quem pedimos os presentes de Natal?
Mateus, 7:7
Pedi e recebereis.
E qual o trabalho de Pai Natal? Hidráulico, engenheiro, arrumador de carros? Nada disso, é um carpinteiro.
Marco, 06:03
Não é este o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, José, Judas e Simão?
Como sabemos, Pai Natal passeia nos céus para entregar os seus presentes. Em algumas versões mais antigas, todavia, utilizava um cavalo branco e não uma carruagem puxada por renas.
Deuteronômio 33:26:
Não há ninguém como a Deus de Jeshurun, que cavalga sobre os céus em tua ajuda.
E, como nossa surpresa, o Deus de Jeshurun é Satanás.
Nem podemos esquecer os ajudantes de Pai Natal.
Apocalipse, 12:9
O grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo e Satanás, que engana todo o mundo: ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele.
Aqui há outra interessante coincidência, já que Pai Natal usa alguns ajudantes chamados elfos. Mas o que é um elfo? R. E. Guiley em The Encyclopedia of Witches and Witchcraft ("Enciclopédia das Bruxas e das Bruxarias"):
Uma série de seres sobrenaturais e espíritos que existem entre a terra e o céu . Os Elfos são equivalentes aos anjos caídos. Quando Deus expulsou Lúcifer do céu, os anjos leais a Lúcifer foram lançados com ele.
E, para acabar, falta só o Norte, onde mora Santa Claus.
Ezequiel 08:14
Então ele me levou à entrada da porta da casa do Eterno, que ficava para o norte
Assim, sabemos que segundo Ezequiel a casa de Deus ficava em direcção norte. E onde queria estabelecer a sua residência Lúcifer antes de ser expulso do Paraíso?
Isaías 14:12-14
Como é que caíste do céu, ó Lúcifer, filho da alva! Como é que você está no chão, para enfraquecer as nações.
Porque tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, eu exaltarei o meu trono acima das estrelas de Deus: Eu sentarei também sobre o monte da Congregação, nos lados do norte.
Paradoxalmente, estes trechos bíblicos mostram que efectivamente há algo de cristão na figura de Pai Natal, mas não na forma ingénua apresentada pela Igreja de Roma com São Nicolau; não entendem demonstrar que a Bíblia fala de Pai Natal, longe disso: mas que na criação da figura de Santa Claus não foram esquecidos elementos ligados à religião. E a razão é simples: hoje reduzido à boneco do consumismo, antigamente Pai Natal (ou melhor, os seus predecessores) era algo bem maior: a união de dois potentíssimos arquétipos que representam o Bem e o Mal, o Negativo e o Positivo.

Ambos podem ser facilmente encontrados na figura do velho barbudo.
Se a versão moderna vê em Santa Claus a representação do Bem (o Natal, a festa, a família, as prendas...), a Teosofia vê nele a melhor das mistificações operadas por Satanás.

É só escolher.
A mim Pai Natal este ano entregou:
  • uma gripe (obrigado Santa, vou tomar nota)
  • um avaria no carro (a gripe não era suficiente, não?)
Assim, poderia tranquilamente afirmar que Pai Natal não passa dum velho sádico.
Mas também:
  • um cachecol e uma chávena da União Zoofíla
  • um macaco para limpar o ecrã (um boneco, não um macaco verdadeiro entendo...)
  • mais umas outras coisinhas simpáticas.
Pelo que continua a dúvida: é bom ou mau?


Ipse dixit.

Relacionados: 
À procura de Pai Natal - Parte I
À procura de Pai Natal - Parte II

Fontes da terceira parte:
C. Cumbey, The Hidden Dangers of the Rainbow, pág. 138
Texe Marrs, Dark Secrets of New Age
G. Riplinger, New Age Versions
P. Siefker, Santa Claus, Last of the Wild Men: The Origins and Evolution of Saint Nicholas, McFarland & Company, Inc., 1997, pág. 69
R. E. Guiley, The Encyclopedia of Witches and Witchcraft, pág. 115
R. Dodsley, Select Collection of Old English Plays, vol. VI., Projecto Gutenberg.

Nota final:
O artigo de base é uma síntese traduzida e modificada duma pesquisa alucinada do Dr. T. Watkins, publicada no site Dial-the-Truth Ministries.
"Alucinada" porque o Dr. Watkins interpreta a lenda de Pai Natal como uma diabólica obra de Satanás cuja intenção é perverter todas as crianças inocentes.

Na verdade, a figura de Pai Natal é mais complexa, como vimos, e existem outras pesquisas, mais sérias e sem um cariz fanático-religioso, que foram amplamente citadas no artigo.

A melhor neste sentido é provavelmente aquela da escritora P. Siefker, condensada na obra Santa Claus, Last of the Wild Men: The Origins and Evolution of Saint Nicholas (edições McFarland & Company, Inc., 1997).

Infelizmente a versão online, só está disponível em língua inglesa.
   

Fonte: http://feedproxy.google.com/~r/InformaoIncorrecta/~3/NJ_Dv-hQ5iY/a-procura-de-pai-natal-parte-iii.html

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