Assim, após um par de dias de comentários "abertos", vamos fechar os tópicos "escabrosos".
Claro que a ideia na base das perguntas era outra, e por isso evitei intervir nas discussões. Porque nem sempre o que parece é.
O assunto com mais participação foi "homossexualidade". Se tivéssemos que julgar com base no número dos comentários, a conclusão seria que a homossexualidade (31 comentários) é mais importante problema da nossa sociedade. Curioso, não é?
Em segundo lugar a droga (26), depois o aborto (12) e por último o álcool (5 comentários).
Pessoalmente estava à espera deste último resultado, tal como muitos entre os Leitores, imagino.; mas não estava à espera de que os comentários acerca do álcool fossem tão poucos. Há pessoas que ficam doidas só ao ler a palavra "droga", para depois ignorar (ou quase) o problema do alcoolismo. Curioso, outra vez.
O problema é na nossa sociedade o álcool não é visto como um verdadeiro problema. Assumir bebidas alcoólicas é considerado normal, em alguns casos quase um dever social. O que é falso: alguma vez viram um gato com uma lata de cerveja?
E a droga? Uhi, a droga, meus amigos, isso sim que é um flagelo...
No mundo há cerca de 140 milhões de pessoas dependente do álcool, contra 13.5 milhões que consomem habitualmente derivados do ópio (entre os quais 9.2 milhões consomem heroína).
A cada ano, só no Reino Unido, 20.000.000.000 de Libras desaparecem por causa de problemas relacionados com o abuso de álcool.
As estimativas falam duma média entre 1 e 6% do Pib gastos nas consequências do álcool.
Em 2006 (últimos dados encontrados), em Italia, houve 517 mortos de overdose contra 24.000 por abuso de bebidas alcoólicas. E a Italia nem é País de "bêbedos": neste aspecto Portugal é pior e o Brasil está ligeiramente atrás de Italia.
Perante estes dados, a homossexualidade e, a seguir, a droga são os maiores problemas da nossa sociedade. Muito curioso. Mas normal: mais uma vez, estamos perante um condicionamento mediático que impede a visão das reais dimensões dos problemas.
Algumas notas de carácter mais geral.
Levante a mão quem mudou de ideia após ter lido os comentários.
Ninguém? Normal.
Em muitos casos os comentários não são uma fonte de discussão mas uma maneira para defender, com dentes e unhas, as própria ideias. No geral, temos a convicção de que as nossas teorias estão certas, isso enquanto os outros pouco ou nada percebem.
Falta a predisposição necessária para discutir as ideias.
Claro que nessas condições não é possível falar de debate mas de autênticos confrontos escritos.
E os motivos que mais despertam as paixões são as convicções religiosas e/ou políticas.
Uma pessoa que defende o aborto deve ser de Esquerda. Uma pessoa contra o aborto deve ser um católico. Em muitos casos são este preconceitos que acabam por destruir uma possível troca de ideias.
E que sejam meros preconceitos não há dúvidas: eu, por exemplo, não posso definir-me "de esquerda" mas mesmo assim sou a favor do aborto. Da mesma forma, não posso definir-me uma católico mas tenho fortes dúvidas (para não dizer que não gosto mesmo) acerca do casamento gay.
Politica e religião são dois elementos que inviabilizam uma sã troca de opiniões: este é uma conclusão que deveria fazer reflectir. Verdadeiras gaiolas mentais, individuam logo no interlocutor que não concorda um "inimigo". Cujo ataque deve ser contrastado, até com insultos, também num blog "tranquilo" como este.
Isso permite que nos comentários apareçam também ideias pessoais apresentadas como dados reais. Dito em bom Português: mentiras ou, para ser um pouco mais delicado, "exageros".
Importante depois é o facto da maioria dos Leitores terem ignorado as perguntas menos teóricas e mais práticas:
Claro que a ideia na base das perguntas era outra, e por isso evitei intervir nas discussões. Porque nem sempre o que parece é.
Os dados
O assunto com mais participação foi "homossexualidade". Se tivéssemos que julgar com base no número dos comentários, a conclusão seria que a homossexualidade (31 comentários) é mais importante problema da nossa sociedade. Curioso, não é?
Em segundo lugar a droga (26), depois o aborto (12) e por último o álcool (5 comentários).
Pessoalmente estava à espera deste último resultado, tal como muitos entre os Leitores, imagino.; mas não estava à espera de que os comentários acerca do álcool fossem tão poucos. Há pessoas que ficam doidas só ao ler a palavra "droga", para depois ignorar (ou quase) o problema do alcoolismo. Curioso, outra vez.
O problema é na nossa sociedade o álcool não é visto como um verdadeiro problema. Assumir bebidas alcoólicas é considerado normal, em alguns casos quase um dever social. O que é falso: alguma vez viram um gato com uma lata de cerveja?
E a droga? Uhi, a droga, meus amigos, isso sim que é um flagelo...
No mundo há cerca de 140 milhões de pessoas dependente do álcool, contra 13.5 milhões que consomem habitualmente derivados do ópio (entre os quais 9.2 milhões consomem heroína).
A cada ano, só no Reino Unido, 20.000.000.000 de Libras desaparecem por causa de problemas relacionados com o abuso de álcool.
As estimativas falam duma média entre 1 e 6% do Pib gastos nas consequências do álcool.
Em 2006 (últimos dados encontrados), em Italia, houve 517 mortos de overdose contra 24.000 por abuso de bebidas alcoólicas. E a Italia nem é País de "bêbedos": neste aspecto Portugal é pior e o Brasil está ligeiramente atrás de Italia.
Perante estes dados, a homossexualidade e, a seguir, a droga são os maiores problemas da nossa sociedade. Muito curioso. Mas normal: mais uma vez, estamos perante um condicionamento mediático que impede a visão das reais dimensões dos problemas.
Algumas notas
Algumas notas de carácter mais geral.
Levante a mão quem mudou de ideia após ter lido os comentários.
Ninguém? Normal.
Em muitos casos os comentários não são uma fonte de discussão mas uma maneira para defender, com dentes e unhas, as própria ideias. No geral, temos a convicção de que as nossas teorias estão certas, isso enquanto os outros pouco ou nada percebem.
Falta a predisposição necessária para discutir as ideias.
Claro que nessas condições não é possível falar de debate mas de autênticos confrontos escritos.
E os motivos que mais despertam as paixões são as convicções religiosas e/ou políticas.
Uma pessoa que defende o aborto deve ser de Esquerda. Uma pessoa contra o aborto deve ser um católico. Em muitos casos são este preconceitos que acabam por destruir uma possível troca de ideias.
E que sejam meros preconceitos não há dúvidas: eu, por exemplo, não posso definir-me "de esquerda" mas mesmo assim sou a favor do aborto. Da mesma forma, não posso definir-me uma católico mas tenho fortes dúvidas (para não dizer que não gosto mesmo) acerca do casamento gay.
Politica e religião são dois elementos que inviabilizam uma sã troca de opiniões: este é uma conclusão que deveria fazer reflectir. Verdadeiras gaiolas mentais, individuam logo no interlocutor que não concorda um "inimigo". Cujo ataque deve ser contrastado, até com insultos, também num blog "tranquilo" como este.
Isso permite que nos comentários apareçam também ideias pessoais apresentadas como dados reais. Dito em bom Português: mentiras ou, para ser um pouco mais delicado, "exageros".
Importante depois é o facto da maioria dos Leitores terem ignorado as perguntas menos teóricas e mais práticas:
- Se o Leitor tivesse um filho/a toxicodependente, qual seria a sua atitude? Quais as medidas práticas?
- Se o Leitor tivesse um filho/a alcoólico/a, qual seria a sua atitude? Quais as medidas práticas?
Só uma pessoa respondeu à pergunta:
Como afirmado anteriormente, se a intenção não for discutir mas unicamente defender as próprias posições, então não vale a pena falar da prática: ninguém está à procura de soluções.
Além disso, sabemos que é muito simples falar de coisas que não temos de enfrentar, pelo que a nossa atitude quando eventualmente envolvidos em primeira pessoa nem é uma opção para ser considerada.
Por isso (no geral): grandes discursos morais mas poucas indicações práticas.
E a propósito do blog?
Reporto um dos últimos comentários:
Mas eu sabia não ser esta a verdade: via os dados do blog, havia várias centenas de visitas contra uma dezena de comentários, por isso sabia existir uma maioria silenciosa, talvez com ideias diversas, que simplesmente evitava exprimir-se. O que era preciso era encontrar uns assuntos suficientemente "fortes" que pudessem funcionar como estimulo. E estes assuntos não são a economia ou a geopolítica, é preciso muito mais.
Por isso não fico espantado com os resultados. Além de acções puramente de distúrbio (nem todos os Anónimos são realmente anónimos, sei disso), há Leitores que nunca aqui tinham aparecido; e são Leitores com ideias diversas das anteriores.
Por isso ficam as perguntas: o que acontecerá quando, daqui a alguns meses, este blog deixar de ser algo puramente "teórico" (e retórico) para passar até algo mais prático? Haverá apenas insultos ou poderá ser encontrada uma maior participação, com ideias? Será uma luta dominada pela fé religiosa e política ou haverá uma participação transparente?
Eu sou optimista, e não costuma ser o caso (prefiro "realista"): há pessoas aqui que conseguem ir além das ordens da igreja ou do partido. E há experiências passadas, aqui e em outros blogues, no mesmo sentido. É um excelente sinal.
Ah...para concluir, e como simples curiosidade, eis as minhas ideias acerca dos assuntos apresentados:
Aborto: permitido
Droga: liberalização (com desintoxicação obrigatória nos casos de dependência)
Álcool: desintoxicação obrigatória nos casos de dependência
Homossexualidade: não é um problema social. Possível casamento entre homossexuais (e mesmo assim fico com dúvidas), nada de adopção de filhos.
Mais uma vez: obrigado a todos pela participação!
Ipse dixit.
- Se a filha do Leitor escolhesse o aborto como solução, não no caso de violação, qual seria a atitude do Leitor? O que faria do ponto de vista prático?
Como afirmado anteriormente, se a intenção não for discutir mas unicamente defender as próprias posições, então não vale a pena falar da prática: ninguém está à procura de soluções.
Além disso, sabemos que é muito simples falar de coisas que não temos de enfrentar, pelo que a nossa atitude quando eventualmente envolvidos em primeira pessoa nem é uma opção para ser considerada.
Por isso (no geral): grandes discursos morais mas poucas indicações práticas.
E a propósito do blog?
Reporto um dos últimos comentários:
Meu deus o II ta cheio de far rights! Não pensava que estes perambulavam por aqui.Lololol, caro Tony, fico muito satisfeito com este resultado. Não por causa dos alegados "far right", mas porque ao longo dos últimos meses (muitos meses) tinha assistido ao surgimento duma tendência particular: os comentadores eram sempre os mesmos, todos orientados numa determinada direcção.
Mas eu sabia não ser esta a verdade: via os dados do blog, havia várias centenas de visitas contra uma dezena de comentários, por isso sabia existir uma maioria silenciosa, talvez com ideias diversas, que simplesmente evitava exprimir-se. O que era preciso era encontrar uns assuntos suficientemente "fortes" que pudessem funcionar como estimulo. E estes assuntos não são a economia ou a geopolítica, é preciso muito mais.
Por isso não fico espantado com os resultados. Além de acções puramente de distúrbio (nem todos os Anónimos são realmente anónimos, sei disso), há Leitores que nunca aqui tinham aparecido; e são Leitores com ideias diversas das anteriores.
Por isso ficam as perguntas: o que acontecerá quando, daqui a alguns meses, este blog deixar de ser algo puramente "teórico" (e retórico) para passar até algo mais prático? Haverá apenas insultos ou poderá ser encontrada uma maior participação, com ideias? Será uma luta dominada pela fé religiosa e política ou haverá uma participação transparente?
Eu sou optimista, e não costuma ser o caso (prefiro "realista"): há pessoas aqui que conseguem ir além das ordens da igreja ou do partido. E há experiências passadas, aqui e em outros blogues, no mesmo sentido. É um excelente sinal.
Ah...para concluir, e como simples curiosidade, eis as minhas ideias acerca dos assuntos apresentados:
Aborto: permitido
Droga: liberalização (com desintoxicação obrigatória nos casos de dependência)
Álcool: desintoxicação obrigatória nos casos de dependência
Homossexualidade: não é um problema social. Possível casamento entre homossexuais (e mesmo assim fico com dúvidas), nada de adopção de filhos.
Mais uma vez: obrigado a todos pela participação!
Ipse dixit.
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