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Algo estranho

9 de Abril de 2013, 21:00 , por Desconhecido - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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Acontece algo de esquisito. Ou talvez não.

Ezra Pound disse uma vez (mas não tinha sido o primeiro) que "os políticos são os garçons dos banqueiros". A opinião pública muitas vezes pensa o mesmo: não há dúvida de que a lobby bancária internacional tem um enorme poder. Nem é o caso de fazer exemplos.

Em vez disso, vamos observar algo...como dizer? Inquietante.
Óbvio, nada que o Leitor possa encontrar nos media, nem naqueles especializados em assuntos financeiros: até nem é algo que a internet alternativa trate, com grande surpresa. Mas é algo importante.

A questão é simples: o sistema bancário internacional parece perder força, em favor da política tecnocrática. Uma inversão de marcha no quadro histórico. Ezra Pound fica de cabeça para baixo.
Uma interpretação errada? Pode ser. Então vamos ver os sintomas.

Tudo começa com o "resgates" dos sistemas bancários da América do Norte e da Europa por parte dos respectivos governos, devido ao desastre começado em 2007 e ainda não acabado.
Até aqui tudo bem: os políticos são de facto os garçons dos banqueiros e utilizam o dinheiro público para salvar instituições privadas.

Passo em frente, Outubro de 2011: a Troika (Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu) compromete-se a pagar um rio de dinheiro para o resgate da Grécia, pedindo em troca uma política de austeridade mortal em Atenas. Mas aqui há o primeiro sinal: a Troika também obriga os investidores internacionais (incluindo os bancos) a assumir prejuízos. De facto, estes são obrigados a abdicar até 80% do dinheiro emprestado (e que forma a imensa dívida pública grega).

Esta operação tem um nome, PSI Hair-Cut. O que isso significa? Isso significa que as autoridades europeias forçam o sector privado (Private Sector) a envolver-se (Involvement) com enormes perdas nos investimentos no resgate de um Estado.

Na altura poucos realçam a importância desta manobra: pela primeira vez o sector financeiro privado é obrigado a sofrer perdas. Mas como é possível isso? Não eram eles que dominavam o mundo? Como é possível que agora os políticos europeus obriguem este tubarões dispostos a cortar as pernas da mãe em troca de 10 Dólares a perder biliões?

Seria simples imaginar uma reunião num luxuoso apartamento de Manhattan, ao crepúsculo, onde 10 homens com anéis de ouro e charutos de 1.500 dólares decretam o assassinato de Mario Draghi (governador da BCE). Mas não. Tudo acontece com uma operação suave; e Mario Draghi ainda está vivo e em boa saúde (por acaso, esta é uma das nossas desgraças, mas este é outro discurso).
Por seu lado, a Troika proclama que "Esta será a primeira e última vez". Ok, jogaram com o fogo, mas se for a última vez...

Novo passo em frente, até Março de 2013, Chipre está prestes a saltar para o ar; pelo menos, esta é a versão que é vendida, as coisas estão um pouco diferentes, mas não interessa agora. Interessa o que a Troika faz: PSI Hair-Cut, de novo. Outro golpe para o sector privado, golpe que diz mais ou menos isso: "Desculpem, agora quem tiver mais de 100.000 Euros na conta fica com 70mil, talvez 40mil. Assim vamos salvar a ilha. Talvez. Ou talvez não. Mas não interessa, Chipre é pequena e depois é a intenção que conta".

Agora, é preciso observar algumas coisas:
  • a operação é um assalto, apenas disfarçado: a Troika entra nos bancos e fica com o dinheiro dos cidadãos. Paciência.
  • os maiores depósitos no Chipre pertencem ao oligarcas russos. Com certeza no meio haverá alguns cipreste ou ciprino ou cipriota com o dinheiro poupado para comprar uma casa (azar dele), mas na maioria dos casos falamos de russos.
Oligarcas e empreendedores russos. Tubarões que cortam as pernas da mãe em troca de 15 Dólares.

Seria simples imaginar uma reunião numa dacia, no meio da neve, onde 10 homens cercado por guarda-costas checheno decretam o assassinato de Christine Lagarde (FMI). Mas não. Tudo acontece com uma operação suave; e Chrisitne Lagarde está viva e em boa saúde (por acaso, esta é outra das nossas desgraças, mas este é outro discurso). Como isso é possível?

Outra observação crucial. Estes resgates de Países em detrimento do sector privado passam por uma rede de tratados enchidos de direito internacional, por isso passam a fazer parte do corpo jurídico, estabelecem um antecedente legal. O que significa isso? Isso significa o seguinte: a elite política tecnocrática determinou que, para o futuro, o capital privado na posse do sistema bancário pode ser livremente expropriado fins políticos.

"Políticos"? Sim, políticos. Porque se é verdade que a Troika (lembramos: FMI, UE e BCE) actuam para salvar a Zona NEuro, é também verdade que o resgate de Chipre tem pesada motivações políticas (atingir a Rússia).
Isto tem uma outra consequência de fabuloso alcance. A partir deste momento, os investidores internacionais sabem que os bancos não podem mais ser considerados como um porto seguro. Portanto, no mundo desmorona a confiança no sistema bancário.
"Coisa pouca", como diria alguém.

Agora, algumas considerações. Os bancos são o que são, e esta frase subentende todas as coisas más que o Leitor consegue imaginar. Mas é verdade outra coisa também: no nosso sistema, o acutal sistema, os bancos são essenciais. Além do facto que os bancos, como instituições e se devidamente regulamentados (sem juros, por exemplo), são essenciais para qualquer sistema económico moderno e até podem desenvolver funções socialmente úteis.

"Socialmente úteis"??? Isso mesmo. Um exemplo: o Repo. O que é isso? Uma Repo é uma operação em que um banco vende para particulares títulos de Estado de curto prazo para conseguir fundos, com a promessa de voltar a adquirir os mesmos títulos no curtíssimo prazo. As razões? Simples: Para conseguir fundos de forma muito rápida e, então, utiliza-los para empréstimos aos cidadãos e empresas, por exemplo, ou, no caso dos fundo de reforma, para que o Estado consiga ter o dinheiro necessário para poder pagar as reformas.
Acham pouco?

Mas se o sistema bancário perder a confiança dos credores privados, salta também o Repo, entre as outras coisas. Pensamos no sistema do crédito: se um investidor está consciente do novo estado de perigo que envolve os bancos, nomeadamente os Hair Cuts, por qual razão deveria pôr o dinheiro dele numa conta, com o risco de perder 40 ou até 70%? É verdade que os bancos criam dinheiro a partir do nada, mas mesmo assim precisam (e de que forma) dos depósitos e dos investidores. Porque sem investidores, sem depósito, o banco não consegue "jogar" na Finança, então não há empréstimo para comprar a casa. É o colapso do sistema.

É por esta queda da confiança que nos Estados Unidos os Primary Dealers (os bancos que participam nos Leilões do Tesouro dos EUA para a aquisição dos Títulos de Estado) são cada vez mais numerosos do que os compradores privados.

Outra coisa. Chipre, outra vez. O PSI Hair Cut parece ter sido decidido para afetar os depósitos privados com mais de 100.000 Euros. Mas cuidado: como já lembrado, nem todos os que têm 100.000 Euros no banco são milionários. Não é preciso muito para um agricultor vender dois celeiros e depositar na conta mais de 100.000 Euros. Mas este agricultor cai na mesma rede do oligarca. Portanto, este PSI Hair Cut é uma forma de tributação sobre os cidadãos as empresas para salvar o País.

Este é o dinheiro que é de facto destruído para acabar nas contas electrónicas do Tesouro, mas isso significa que é dinheiro que não será gasto pelo sector privado, portanto não criará vendas ou lucros. Por isso, haverá menos trabalho, mais desemprego, a sociedade ficará empobrecida.
Péssimo.

Mario Draghi e Christine Lagarde
Muito bem , voltamos ao tema principal. Como é possível que dois tecnocratas, criaturas do sistema bancário como são Mario Draghi e Christine Lagarde, filhos da Finança especulativa, hoje atirem um pontapé deste tamanho contra os bancos? Algo muito, muito sério, tocante, que é suspeito.

Pegamos no simpático Mario Draghi.
Presidente do Banco Central Europeu, é membro da lobby bancária mais poderosa do mundo, o Grupo dos Trinta, aquele que convenceu os governos a liberalizar os Derivados, com as consequência que ainda pagamos hoje (crise de 2007). E sempre foi homem da Goldman Sachs, o maior banco de investimentos do mundo.

E Christine Lagarde?
Presidente do Fundo Monetário Internacional, foi governadora do European Bank for Reconstruction and Development (Banco Europeu da Reconstrução e Desenvolvimento), depois do European Investment Bank, do Inter-American Development Bank (Banco Interamericano de Desenvolvimento), e também trabalhou no gigante de seguros ING.

A Comissão Europeia está cheia de lobbies bancárias poderosas, como a (European Banking Federation) Federação Bancária Europeia ou o já citado Grupo dos Trinta, e é facto conhecido que estes têm audiência directa com o simpático Durão Barroso (presidente nunca eleito da nunca eleita Comissão Europeia).

Então: como é possível que dois indivíduos assim e que uma Comissão como aquela decida infligir ao sistema bancário um golpe como aquele?

Fonte: http://feedproxy.google.com/~r/InformaoIncorrecta/~3/4TWiIsjza2Y/algo-estranho.html

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