A Terra, como a água, é cada vez mais rara na China.
Apenas 11% da terra é arável e migração do campo para a cidade (um fenómeno de enormes proporções) tornou a terra ao redor das cidades cada vez mais escassa e valiosa.
Pela primeira vez na sua longa história, a China é agora um País urbanizado, onde a população que vive no campo é agora menor, ainda que ligeiramente, do que a total, e o Chineses são muitos: 1.336.718.015 segundo os dados do ano passado. Não parece porque são baixinhos, mas são muitos mesmo.
Assim, uma civilização milenar já mudou claramente estrutura. No entanto, continuam a existir importantes problemas económicos em aberto relacionados com as duas culturas: basicamente os problemas ligados ao cultivo e aqueles relativos às cidades.
O primeiro foi parcialmente resolvido com o land grabbing, a aquisição de terrenos em Países estrangeiros (principalmente na África). No entanto, isso não é suficiente e são precisas medidas mais radicais. Por isso, Pequim deu o aval a operações que parecem bizarras, mas revelam a urgência da intervenção.
O Governo aprovou em Agosto o nivelamento de 700 entre montanhas e colinas nos arredores de Lanzhou. O objectivo é construir uma nova cidade, um apêndice da cidade que já existe e tem 3,6 milhões de habitantes.
Será o primeiro exemplo de "zona de desenvolvimento estadual" construída no interior do País, pois as outras ficam ao longo das costas: a mais importante é Pudong, numa margem do rio em Xangai.
A população total de Xangai é de 5.044.430 habitantes, dos quais 2.1 milhões residem Pudong e são imigrantes oriundos de outras províncias chinesas.
Voltando ao plano para eliminar as montanhas, o responsável do projecto será Yan Jiehe, entre os homens mais ricos da China, presidente de uma das mais poderosas empresas do sector imobiliário, a China Pacific Construction Group. Evidentemente o projecto dele deve ter sido bem estudado antes da sua aprovação, porque as dúvidas que gera são razoáveis.
Lanzhou, de facto, é uma cidade com um problema crónico: a falta de água. Construída nas margens do Huang Ho (o Rio Amarelo), é a capital de Gansu, a província chinesa que fica entre as regiões áridas e desérticas onde corre o rio.
Achatar as montanhas significa comprometer o precário equilíbrio geológico que até hoje era baseado numa prudente exploração dos poucos recursos hídricos disponíveis. Além disso, o projecto paga os recentes fracassos das tentativas parecidas: inteiras aglomerações urbanas no norte da China foram construídas e depois transformadas em cidades fantasmas, com escritórios e casas abandonadas que não conseguiram atrair novos clientes. Também a China paga as incertezas do sistema imobiliário.
Talvez ainda mais excêntrica parece a tentativa de recuperar terras removendo os cemitérios. É o que acontece na província de Henan, onde o governo está a implementar uma medida que abre as pequenas colinas de terra onde os corpos estão enterrados. O objectivo é sempre o mesmo: obter terras cultiváveis.
É esperada uma feroz resistência, porque no campo o hábito de enterrar os familiares não foi quase atingida pelas directrizes governamentais que impõem a cremação, como na cidade.
A oposição está dividida (sempre que seja possível falar de oposição na China), e a discussão alcançou o nível académico: um professor tem sugerido a remoção do corpo de Mao Ze Dong do Mausoléu da Praça Tiananmen. Obviamente uma provocação. Mas é verdade que o Grande Leader, o fundador da República Popular, tinha pedido para ser cremado, embora depois prevaleceu a retórica de celebração.
Nada pára os Chineses: nem as montanhas, nem os mortos.
Ipse dixit.
Fonte: Bimbo Alieno, Wikipedia (versão inglesa)
Apenas 11% da terra é arável e migração do campo para a cidade (um fenómeno de enormes proporções) tornou a terra ao redor das cidades cada vez mais escassa e valiosa.
Pela primeira vez na sua longa história, a China é agora um País urbanizado, onde a população que vive no campo é agora menor, ainda que ligeiramente, do que a total, e o Chineses são muitos: 1.336.718.015 segundo os dados do ano passado. Não parece porque são baixinhos, mas são muitos mesmo.
Assim, uma civilização milenar já mudou claramente estrutura. No entanto, continuam a existir importantes problemas económicos em aberto relacionados com as duas culturas: basicamente os problemas ligados ao cultivo e aqueles relativos às cidades.
O primeiro foi parcialmente resolvido com o land grabbing, a aquisição de terrenos em Países estrangeiros (principalmente na África). No entanto, isso não é suficiente e são precisas medidas mais radicais. Por isso, Pequim deu o aval a operações que parecem bizarras, mas revelam a urgência da intervenção.
O Governo aprovou em Agosto o nivelamento de 700 entre montanhas e colinas nos arredores de Lanzhou. O objectivo é construir uma nova cidade, um apêndice da cidade que já existe e tem 3,6 milhões de habitantes.
Será o primeiro exemplo de "zona de desenvolvimento estadual" construída no interior do País, pois as outras ficam ao longo das costas: a mais importante é Pudong, numa margem do rio em Xangai.
A população total de Xangai é de 5.044.430 habitantes, dos quais 2.1 milhões residem Pudong e são imigrantes oriundos de outras províncias chinesas.
Pudong |
Lanzhou, de facto, é uma cidade com um problema crónico: a falta de água. Construída nas margens do Huang Ho (o Rio Amarelo), é a capital de Gansu, a província chinesa que fica entre as regiões áridas e desérticas onde corre o rio.
Achatar as montanhas significa comprometer o precário equilíbrio geológico que até hoje era baseado numa prudente exploração dos poucos recursos hídricos disponíveis. Além disso, o projecto paga os recentes fracassos das tentativas parecidas: inteiras aglomerações urbanas no norte da China foram construídas e depois transformadas em cidades fantasmas, com escritórios e casas abandonadas que não conseguiram atrair novos clientes. Também a China paga as incertezas do sistema imobiliário.
Talvez ainda mais excêntrica parece a tentativa de recuperar terras removendo os cemitérios. É o que acontece na província de Henan, onde o governo está a implementar uma medida que abre as pequenas colinas de terra onde os corpos estão enterrados. O objectivo é sempre o mesmo: obter terras cultiváveis.
É esperada uma feroz resistência, porque no campo o hábito de enterrar os familiares não foi quase atingida pelas directrizes governamentais que impõem a cremação, como na cidade.
A oposição está dividida (sempre que seja possível falar de oposição na China), e a discussão alcançou o nível académico: um professor tem sugerido a remoção do corpo de Mao Ze Dong do Mausoléu da Praça Tiananmen. Obviamente uma provocação. Mas é verdade que o Grande Leader, o fundador da República Popular, tinha pedido para ser cremado, embora depois prevaleceu a retórica de celebração.
Nada pára os Chineses: nem as montanhas, nem os mortos.
Ipse dixit.
Fonte: Bimbo Alieno, Wikipedia (versão inglesa)
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